A direção da General Motors admitiu ontem pela primeira vez que o complexo industrial de São José pode fechar caso não haja acordo na reunião de amanhã que vai discutir o futuro de 1.598 funcionários considerados excedentes.
A declaração foi dada pelo diretor de assuntos institucionais da empresa, Luiz Moan, em audiência pública na Câmara para debater o futuro da empresa na cidade. Segundo Moan, com o fechamento do MVA, onde hoje é produzido somente o Classic, as outras sete fábricas que integram a planta da cidade e que empregam mais 6.000 pessoas serão fechadas gradativamente por falta de produtos e novos investimentos.
“A coisa é mais séria do que vocês pensam. O risco não é fechar o MVA e sim o risco de fechar o complexo”, afirmou. Moan também deixou claro os números que envolvem a montadora. De acordo com ele, a empresa admitiu mais do que demitiu no Brasil do período de 2008 até 2012. Em janeiro de 2008, eram cerca de 21 mil funcionários e, até junho de 2012, cerca de 23 mil.
Em São Caetano do Sul, planta para onde foram os investimentos em 2008 que seriam para São José, em quatro anos, o número subiu de 9.598 para 11.678. Na contramão, São José perdeu 1.572 funcionários no mesmo período, de 9.128 para 7.549. “Há poucos anos tínhamos 13 mil empregados e é exatamente o período que não conseguimos acordo com o sindicato. Então, nós precisamos reverter essa tendência. Se salvarmos o MVA, salvamos o complexo todo”, disse ele.
Segundo Moan, a planta da cidade perdeu a produção do Cruze, Spin e Cobalt e a oportunidade de produzir o Ônix, além da expansão da fábrica de motores e estampados. “A GM perdeu a vontade em investir aqui (São José)”, disse o diretor da montadora.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, na época, houve acordo para a produção da S10 e a nova Blazer. Para a entidade, o momento é de lutar pelo emprego e pressionar o governo federal a criar medida que evite demissões na empresa.
“Nós não somos loucos de recusar investimento, mas queremos garantia da estabilidade do emprego”, disse Antônio Ferreira de Barros, o ‘Macapá’, presidente do sindicato. A reunião de ontem contou também com a presença de representantes da Prefeitura de São José, vereadores, CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté.
Procurada por O VALE, a prefeitura, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que a postura do governo é de intermediar o diálogo apostando em um acordo positivo. Na quarta e última reunião para tratar do assunto, amanhã, GM e sindicato se reúnem às 10h no Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) em São José. Do encontro sairá a decisão final de acordo ou não.
A montadora se comprometeu na última quarta-feira a avaliar a proposta do sindicato, entre elas, redução do piso salarial de R$ 3.100 para R$ 1.840 para novos funcionários. Além disso, a GM vai apresentar uma contraproposta. “Eu trabalho com a hipótese de que na segunda-feira os operários aprovem o acordo feito no sábado”, disse Moan. Já o sindicato anunciou greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira se não houver acordo.
O Vale
Publicado em: 25/01/2013