Funcionários da Embraer ameaçam greves na cidade

Funcionários da Embraer ameaçam entrar em greve a partir de hoje em São José em função do impasse nas negociações entre o Sindicato dos Metalúrgicos e a empresa sobre o reajuste salarial da categoria neste ano. Pela quarta vez não houve acordo em uma reunião realizada ontem em São Paulo entre o sindicato e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que representa legalmente a empresa e o setor aeronáutico da região.

O encontro teve início às 14h e, após quase seis horas de negociação, o resultado ainda não havia sido anunciado até as 20h de ontem. O grupo faz assembleia hoje às 5h30 (entrada do 1º turno), às 7h (administrativo) e às 15h (2º turno) em frente ao portão da fábrica. Na reunião, os sindicalistas vão submeter aos trabalhadores a possibilidade de cruzar os braços.

O impasse se arrasta desde agosto. A categoria reivindica reajuste salarial de 4,58% de inflação, 2,5% de aumento real e a ampliação das cláusulas sociais da Convenção Coletiva como adicional noturno e licença-maternidade.

Já a empresa ofereceu 4,58% de inflação, 1,5% de aumento real e a manutenção das cláusulas sociais da última Convenção Coletiva. A oferta foi rejeitada pelos trabalhadores em assembleia. “A empresa só tem lucro. Uma fábrica que anuncia quase 35% de lucro não pode ser tão intransigente. Todas as outras fábricas já entraram em um acordo e fecharam a campanha salarial. Só falta a Embraer”, disse o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José, Hebert Claros.

Para ele, o trabalhador é o maior prejudicado. “Estamos lutando pelo bem do operário. Assim, nesse impasse todo, o maior prejudicado é, sem dúvida, o funcionário.” A Embraer tem cerca de 12 mil funcionários na planta de São José. Ainda de acordo com a categoria, não há previsão de novas reuniões com a empresa.

Em nota, a Embraer informou que não houve acordo entre as partes com relação à seguinte proposta apresentada pela Fiesp, como a manutenção da data-base em setembro, reposição integral da inflação do período (novembro de 2011 a agosto de 2012) de 4,58% a ser aplicado nas empresas com mais de 35 empregados, reajuste salarial a título de aumento real de 1,5% no período considerado (10 meses) e a manutenção das cláusulas sociais da última Convenção Coletiva

Ainda segundo a fabricante, como em 2011 a data-base era novembro, o período de apuração do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) compreende 10 meses (novembro de 2011 a agosto de 2012). Considerado um período de 12 meses, o aumento real de 1,5% oferecido equivale a 1,8%.

A nota também diz que esgotadas as possibilidades de avanço nas negociações num segmento que passa por dificuldades por depender de exportações, diante do esforço já feito pelo setor patronal, a Fiesp continua aberta a ir à mesa, “embora não se vislumbre perspectivas de novas propostas no que se refere a maiores aumentos reais”. A Embraer ainda afirma que, por liberalidade, já antecipou a todos seus funcionários, no mês de setembro, o aumento de 4,58% relativo ao INPC integral.

O Vale

Publicado em: 30/10/2012