Equipe da cidade retirada moradores das ruas

O frio é o pior inimigo dos moradores de rua. Ele invade silenciosa e sorrateiramente, como uma lagartixa, a noite daqueles cujo lar é apenas uma “cama de pedra”. Não raro, os desabrigados buscam no álcool e nas drogas refúgio contra o frio. Mas poucos sabem que os entorpecentes, ao invés de ajudar, tornam-se atalhos para a morte. Com a imunidade baixa, entorpecidos pelas drogas e sem proteção às baixas temperaturas, o organismo deles fica à mercê das intempéries, o que pode levá-los a morrer de frio.

Esse é um dos desafios que a Prefeitura de São José dos Campos vai enfrentar nas próximas semanas. As equipes de abordagem social tentam tirar os sem-teto das ruas, especialmente nos dias mais frios, e levá-los para o abrigo municipal. A principal arma é o convencimento. “A resistência é muito grande. É o nosso principal desafio”, diz Marcos Valdir Silva, diretor de Proteção Social Especial da Secretaria de Desenvolvimento Social.

São José tem hoje 424 pessoas em situação de rua, sendo 90% do sexo masculino. A maioria é dependente de álcool, cocaína ou crack. Do total da população, 84 dormem nas ruas. São os mais vulneráveis aos problemas causados pelo frio. As drogas tiraram Daniel dos Santos, 35 anos, de dentro de casa. Ele trocou a mulher e uma filha de 7 anos pela cocaína e pelo crack. “Agora, elas não me aceitam de volta”, diz.

Ele mora nas ruas, em São José, desde 2009. Passa o tempo recolhendo materiais recicláveis para comprar crack. A droga, segundo ele, lhe dá “paz”, embora seja passageira. Quando tem dinheiro, fuma até 20 cigarros por dia. Santos ocupa um dos apartamentos das torres inacabadas da falida construtora Argon, na orla do Banhado, no centro da cidade. Ali, escreve uma espécie de diário em um caderno decrépito e foge da violência e do frio. “Perdi a esperança”, afirma.

Na praça Francisco Escobar, no Monte Castelo, na região central de São José, o paulistano Sérgio Alves de Almeida, 36 anos, cinco deles nas ruas da cidade, construiu uma barraca com papelão para afugentar o frio. Maconha, crack e álcool também fazem parte do “cardápio”. “Eles ajudam a aquecer”, diz o desabrigado. Nas “camas de pedra”, nenhum pesadelo é pior do que a própria realidade.

Voluntários do “Sopão – Amigos da Rua” saem todas as terças-feiras, entre 19h e 22h, para servir pratos de sopa aos moradores de rua de São José. São cerca de 100 refeições. O grupo começou em 1995. Para o piloto e fundador, Joel Faermann, 48 anos, a sopa é para aqueles que estão às margens da sociedade. “Eles estão em um suicídio lento”, diz ele.

O Vale

Combate de Alcóol e volante é campanha de PMs

A Polícia Militar ampliou as ações de combate à embriaguez ao volante em São José dos Campos durante a Semana Nacional do Trânsito, que começou anteontem e vai até o próximo dia 24. De hoje até o domingo, a PM estará em pontos estratégicos da cidade para prevenir acidentes causados por motoristas alcoolizados. Um dos locais onde a ação irá ocorrer é a Vila Ema, região com grande concentração de bares.

No primeiro semestre deste ano, 3.000 motoristas foram abordados pelos policiais com o etilômetros que medem o grau alcoólico da pessoa. O índice de constatação de embriaguez ao volante é pequeno: de um a dois flagrantes por mês nas regiões controladas pelo 1º Batalhão (central, norte e oeste). A orientação da PM para essas pessoas é simples: se beber, transfira o veículo para um amigo que não fez o uso de álcool ou acione um táxi.

Desde o começo da Semana do Trânsito, a Polícia Militar de São José também está realizando gratuitamente exames de pressão arterial de glicemia nos motoristas. Hoje, uma viatura da PM estará na avenida Olivo Gomes, próxima ao Parque da Cidade, em Santana, na zona norte da cidade.

Desde o início da campanha, os policiais fizeram abordagens nas avenidas Cassiano Ricardo e Anchieta. O oferecimento de exames foi uma escolha da PM joseense dentro de um conjunto de medidas anunciadas na última terça pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Em algumas regiões do Estado, policiais militares fardados irão abordar frequentadores de bares, a fim de alertar para os riscos de dirigir após beber.  “Aqui em São José esse tipo de abordagem é nas ruas, com a operação Direção Segura. Por isso, resolvemos ampliar as ações com o oferecimento de exames”, disse o capitão da PM, Sadi Stamborowski, do 1º Batalhão de São José.

Dez bares da Vila Ema foram visitados ontem à noite por voluntários do Núcleo de Educação para o Trânsito, da Secretaria dos Transportes. Os educadores apresentaram esquetes (pequenas encenações de teatro) para conscientizar os frequentadores dos estabelecimentos sobre os perigos de dirigir após beber. A ação fez parte da programação da Semana do Trânsito em São José. Hoje, será a vez dos pais receberem orientações, em maternidades, de como utilizar corretamente as cadeirinhas e assentos de elevação nos carros.

O Vale

Blitze à paisana contra vende de álcool a menores

Fiscais à paisana vão reforçar as blitze da Vigilância Sanitária e do Procon sobre a lei estadual que pune estabelecimentos que permitem o consumo de bebidas alcoólicas por menores de idade.

A medida passou a ser empregada ontem com o intuito de evitar que menores se livrem da bebida ao ver os fiscais, que costumam usar coletes de identificação.

A lei começou a vigorar no último sábado (19/11) e pune com até R$ 87 mil os comércios onde menores forem flagrados consumindo álcool. Em caso de reincidência, o local pode ser fechado.

No primeiro final de semana de fiscalização, 65 estabelecimentos foram multados no Estado por desrespeitar a legislação. Na região, apenas uma casa noturna, em Taubaté, foi punida quando uma menor de 16 anos foi flagrada bebendo.

Em São José, 25 agentes, sendo 19 da Vigilância Sanitária e seis do Procon, com o apoio da Polícia Militar percorreram bares e restaurantes em busca de irregularidades. Os agentes tiveram o suporte da Polícia Militar.

“Vimos que as pessoas estavam bastante cientes. Além de fiscalizar, aproveitávamos para orientar. Os comerciantes já sabiam de suas responsabilidades”, diz Angela Silva Appendino, coordenadora da Vigilância Sanitária de São José ao jornal O Vale.

Segundo Angela, os fiscais chegarão ao bar sem os coletes da fiscalização para evitar que os menores joguem a bebida fora ao ver os agentes.

Além de não permitir o consumo de menores, os bares também têm outras responsabilidades como manter bebidas alcoólicas separadas de refrigerantes, sucos e águas.

Uma placa com as restrições impostas pela nova lei também deve ser colocada em um local visível.

A fiscalização em bares continua sendo feita 24 horas por dia. O trabalho é intensificado durante os finais de semana.

A Vigilância Sanitária e o Procon também apuram denúncias que podem ser feitas pelo telefone 0800-771-3541.

Fonte: O Vale