Município virou coautor de ação de despejo movida pelo MP contra a Águia do Vale; prefeito disse desconhecer processo.
Max Ramon*
Editor de Política
O prefeito Carlinhos Almeida (PT) disse ontem que é favorável a um acordo amigável com o São José Esporte Clube para a retomada do complexo do Teatrão, na Vila Industrial.
Ele admitiu até a possibilidade de a Águia do Vale continuar com uma parte do poliesportivo, que tem 64 mil metros quadrados.
“A situação do Teatrão é a seguinte: nós achamos que tem que haver um entendimento da prefeitura com o clube para que essa área retorne ao município. Não precisa ser a área toda. É possível, e eu acho que essa seria uma boa alternativa”, afirmou o prefeito.
“Nós temos toda abertura para conversar.”
O Teatrão foi construído pela prefeitura e cedido em 1981 ao São José por tempo indeterminado.
Desde o início da década passada, o imóvel, que serve de sede social para o clube, está praticamente abandonado, em precário estado de conservação.
Em maio de 2012, o MP ingressou com ação na Justiça pedindo que o complexo seja reincorporado ao patrimônio do município, em razão do “efetivo prejuízo ao interesse coletivo”.
Apoio.
Ontem, O VALE revelou que a prefeitura manifestou apoio à ação de despejo em novembro do ano passado, no final do governo Eduardo Cury (PSDB), e reivindicou a posse do Teatrão.
Na ocasião, o município pediu ainda à Justiça que fosse transformado em coautor da ação. Esse último pedido foi aceito há menos de duas semanas, no dia 24 de outubro.
O VALE apurou que a possibilidade de devolução parcial do complexo chegou a ser discutida pelo clube com o Ministério Público, como forma de por fim ao processo. Pelo acordo, a prefeitura ficaria com 70% do Teatrão e o São José, com os outros 30%. A proposta, no entanto, nunca chegou a ser formalizada na ação.
Na época, a Águia era presidida pelo vereador Robertinho da Padaria (PPS), aliado do prefeito na Câmara. Ele foi substituído no comando do clube em setembro pelo empresário Benevides Ferneda, o Geleia, candidato de oposição.
Surpresa.
Inicialmente, Carlinhos disse desconhecer o apoio do município à ação de despejo movida pelo MP contra o São José.
A administração municipal negociava havia pelo menos quatro anos com o clube a retomada do poliesportivo da Vila Industrial, se propondo a garantir uma compensação ao São José –que poderia ser até a construção de um novo centro de treinamento.
“A informação que meu jurídico passou é que a última movimentação da prefeitura no processo ocorreu em novembro do ano passado”, afirmou Carlinhos.
O petista não estabeleceu um prazo para discutir a questão com o São José, nem antecipou em que condições poderia ocorrer a retomada parcial do complexo do Teatrão.
O ex-prefeito Eduardo Cury foi procurado para comentar o assunto, não foi localizado pela reportagem.
Geleia terá reunião com governo
O novo presidente do São José, Benevides Ferneda, o Geleia, será recebido na próxima sexta-feira pelo secretário de Esportes João Bosco da Silva para tratar da relação entre o governo e o clube. O cartola, porém, disse que ainda aguarda um convite do prefeito.
“Ele [Carlinhos] não me deu nenhum telefonema até hoje. Ele não me recebe, não sei o porquê, mas respeito. É um direito dele”, afirmou.
Geleia disse que a possibilidade de devolução parcial chegou a ser tratada superficialmente em reuniões do Conselho Deliberativo do São José no início do ano, ainda durante a gestão de seu antecessor, Robertinho da Padaria.
“De concreto, não teve nada. Precisamos ver o que é bom para os dois lados. De minha parte, estou disposto a conversar. Sou um cara de diálogo”, disse o presidente.
Transição.
A reviravolta no caso do Teatrão ocorre em um momento de transição no São José. Geleia assumiu a presidência do clube no dia 16 de setembro depois de vencer uma eleição acirrada, decidida por apenas dois votos.
Fonte:O Vale