Ao mesmo tempo que realiza uma pesquisa para saber a opinião de usuários sobre possíveis melhorias na Eco (Estação de Conexão de Ônibus), do bairro Campos de São José, na zona leste, o governo Carlinhos de Almeida (PT) já tem um projeto elaborado para readequação do local.
A planta está afixada em uma parede atrás do balcão onde os passageiros são convidados a responder a um questionário. O projeto foi finalizado no último dia 18 e apresenta uma estação totalmente remodelada, com banheiros, rampas de acesso, cobertura no espaço de embarque e desembarque, e até quiosque, academia ao ar livre e playground.
Os próprios fiscais responsáveis pela aplicação da pesquisa convidavam os passageiros a conhecer o novo desenho do local. A assessoria da Secretaria de Transportes informou que o projeto não é definitivo e está sujeito a mudanças a partir do que a população indicar na pesquisa.
A pesquisa, que termina hoje, acontece desde anteontem, das 6h às 19h. A ideia é ouvir boa parte das 5.000 pessoas que utilizam o local diariamente e apresentar o resultado do estudo na próxima semana. O levantamento tem 20 questões, sendo sete delas com foco no perfil do usuário, com perguntas sobre idade, sexo, escolaridade, qual linha está aguardando, como chegou até o ponto, como costuma pagar a passagem e qual o motivo da viagem.
Na sequência, os usuários devem apontar ps pontos positivos e negativos do local e opinar sobre alguns aspectos, como qualidade geral, cumprimento de horários e lotação dos ônibus, segurança, conforto, entre outras observações. O caldeireiro Mauro Leonardo da Silva, 41 anos, mostrou desconfiança quanto ao objetivo da pesquisa. “Se o projeto está pronto, pra quê ouvir a gente?”, disse.
A Eco foi criada em maio de 2010 na gestão do PSDB com o objetivo de levar uma maior oferta de ônibus para a região. A promessa era implantar 13 pontos, mas apenas um saiu do papel. A maioria dos usuários não aprova o modelo. Eles alegam que o ponto piorou a situação, já que agora eles precisam de dois ônibus para ir até o centro, sendo que antes era necessário apenas um.
“Já teve vez que o ônibus estava chegando comigo e o outro que eu ia pegar saindo, e o próximo demorou 40 minutos”, disse a manicure Eliana Santos Vieira, 37 anos. O secretário de Transportes, Wagner Baleiro, disse que a planta apresentada no local da pesquisa não é definitiva. “O projeto não está pronto, ele é uma adequação do que já existia ano passado, vamos fazer as modificações que a população apontar.”
Balieiro disse que esteve ontem na Eco ouvindo os usuários. Dependendo do resultado da pesquisa, ele admite, inclusive, extinguir a estação. “Temos uma ideia do que fazer se as pessoas apoiarem a estação, vamos pensar o que fazer se o resultado ficar equilibrado e numa alternativa se for para ela não ficar.”
Criador da Eco do Campos São José, o ex-secretário de Transportes, Anderson Ferreira, acusou a prefeitura de ter se apoderado do seu projeto de reformulação no local. “A readequação era um projeto nosso para o fim do ano passado, que só não foi feito pela troca de gestão”, disse ele há um mês a O VALE. Na ocasião, Ferreira chegou a ironizar a decisão da atual gestão petista em manter a estação. “Isto me causa muita estranheza, porque o PT sempre disse que iria acabar com a Eco”, afirmou.
O atual secretário de Transportes, Wagner Balieiro, que ontem admitiu a possibilidade de extinguir a estação, disse que a insatisfação da população com a Eco é gerada pelo não cumprimento dos horários dos ônibus o que ele diz que vai buscar mudar. Ele também disse que o PSDB não cumpriu o que prometeu. “O Cury Eduardo Cury, ex-prefeito disse que ia fazer uma audiência pública sobre a ECO, o que não foi feito.”
O Vale
Publicado em: 22/02/2013