Camelódromo do centro foi construído em área particular

O polêmico camelódromo da praça João Mendes (Praça do Sapo), no centro de São José dos Campos, criado pelo ex-prefeito tucano Eduardo Cury, foi construído em área particular. O Centro Popular de Compra foi inaugurado em maio do ano passado, mas o decreto de desapropriação de dois terrenos ocupados pelo camelódromo somente foi editado por Cury no dia 28 de dezembro de 2012, três dias antes de deixar o cargo. A área desapropriada já foi avaliada pelo governo do prefeito Carlinhos Almeida (PT), mas o valor da desapropriação não foi pago. Para criar o espaço, a prefeitura encampou áreas de propriedade de Veridiano Tavares Filho. Segundo o decreto de desapropriação, uma área mede 87,12 metros quadrados e a outra, 29,35 metros quadrados, no total de 106,47 metros quadrados. Em nota, o governo informou que os imóveis foram avaliados, mas não foram pagos. Segundo o governo, há uma discussão na Justiça se a área seria pública ou uma antiga servidão de passagem. Procurado, o proprietário do terreno não se manifestou.

A prefeitura também responde ação movida pela família Dória, que reivindica a posse de uma área de cerca de 40 metros quadrados que teria sido “ocupada pelo município para o camelódromo”. Ruy Dória Filho relatou a O VALE que o terreno foi ocupado sem o seu aval. “No governo passado, chegamos a conversar com a prefeitura, mas não houve acordo”, disse. Segundo Ruy Dória, o camelódromo passou a obstruir o acesso a outras áreas de sua propriedade. Ele relatou que a prefeitura obteve uma liminar que garante a posse da área ao município. “Vamos aguardar o julgamento da ação”, disse Dória. A Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos informou que o município defende essa área como sendo pública, uma antiga servidão. “Não há decisão da Justiça”, informa nota da secretaria.

Marina de Fátima de Oliveira, ex-secretária de Defesa do Cidadão no governo Cury disse ontem que, no caso dos terrenos desapropriados, foi “feito um acordo com o proprietário”. Ela gerenciou a criação do camelódromo no centro da cidade. “Conversamos com o proprietário. Ele deu aval verbal para utilizar os terrenos até a formalização da desapropriação, que ficou para o setor jurídico”, afirmou. Com relação à área de Ruy Dória, Marina afirmou que não houve “invasão” porque somente foi ocupada área pública onde existia uma rua”. O camelódromo do Sapo possui 42 boxes. Camelôs que trabalham no espaço reclamam que o projeto fracassou e querem sair do local.

Comerciantes, pedestres e motoristas que circulam pela Praça do Sapo (Praça João Mendes), centro de São José, estão incomodados com a falta de iluminação no local. A praça, que fica próxima ao calçadão da rua 7 de Setembro, está com todos os pontos de luz apagados. A escuridão só não é total porque as luzes dos postes da Bandeirante, instalados nas ruas em volta do local, estão funcionando. “É ruim para o comércio porque fica difícil visualizar o que acontece lá fora. Quando é dia de pagamento a gente sempre corre risco”, disse Thaís Cristina de Siqueira, gerente de uma loja em frente à praça. “É perigoso deixar assim tudo escuro. É perigoso para mulheres que passam indo para casa, e para estudantes da escola que fica logo na rua detrás, que têm de passar pela praça à noite”, disse o agente de limpeza pública Antônio Rodrigues dos Santos, de 50 anos.

“Dá medo de passar aqui porque não se sabe o que pode acontecer”, disse a estudante Ariane Ramos, de 17 anos. A SSM (Secretaria de Serviços Municipais) informou que faz rondas pela cidade para checar lâmpadas apagas e que enviou, ontem à tarde, uma equipe para vistoriar o local a fim de providenciar a retomada da iluminação. A SSM acrescentou que é comum que roubem cabos para comercializa-los e que estourem lâmpadas para dificultar a visão, motivos pelos quais uma área pública pode ficar sem luz.

Defensoria entra com ação para achar solução do Camelódromo

A Defensoria Pública Estadual em São José dos Campos planeja acionar a Justiça com o objetivo de encontrar uma solução para a situação do camelódromo da praça João Mendes (Sapo), que possui 42 boxes, e viver praticamente vazio. O defensor público estadual, Jairo Salvador, disse ontem, após se reunir com um grupo de informais que trabalham no local, que vai ingressar no Judiciário com uma ação civil pública para obrigar a prefeitura a garantir meios para a subsistência dos camelôs ou então que encontre alternativa para que possam trabalhar em outro local. “O Poder Público removeu os camelôs das ruas, beneficiou a mobilidade urbana com a liberação do espaço público, o comércio formal, mas deixou de executar todo o planejamento feito para esse programa, já que os informações saíram prejudicados”, disse.

O defensor pontuou que, os mais prejudicados são os que trabalham com alimentação, já que o movimento no camelódromo é pequeno e não garante renda suficiente para os informais. “Vamos inclusive solicitar a colaboração da Defensoria Pública Estadual da cidade de São Paulo, que move uma ação semelhante para a ação que vamos propor”, afirmou. Segundo o defensor, a negociação é o melhor caminho, mas, ele não está satisfeito com as informações que recebeu da prefeitura a respeito do camelódromo do Sapo. Para os informações, o apoio da Defensoria pode ser fundamental para encontrar uma solução para o espaço. “É um caminho, o que não pode continuar é essa situação. Nem licença a prefeitura emitiu para nós”, disse Celso Lemes, um dos informais do camelódromo. “Queremos uma solução. Hoje, não conseguimos vender nada aqui, porque não tem público. Só no sábado é que há algum movimento”, afirmou Miriam Dias de Carvalho, que trabalha com alimentação no camelódromo.

O secretário municipal de Defesa do Cidadão, José Luís Nunes, ratificou o que já havia declarado meses atrás aos ambulantes. “Este ano, não temos condições de fazer obras no local por dificuldades financeiras da pasta”, frisou. O secretário pontuou ainda que, qualquer alternativa que seja estudada, terá que ser para o espaço. “O município investiu muito aqui e não tem sentido mudar os informais para outro local”, declarou. Sobre o posicionamento da Defensoria Pública, José Luís disse que vai aguardar, mas destacou que está aberto ao diálogo. O camelódromo da praça João Mendes completou um ano em maio deste ano.

Comerciantes temem volta dos camelôs para ruas

A direção da ACI (Associação Comercial e Industrial), de São José dos Campos, planeja promover debate sobre a situação dos camelódro-mos da cidade. O presidente da entidade, Felipe Cury, afirmou que há preocupação do comércio com a possibilidade de os ambulantes voltarem a ocupar ruas e praças do centro.

“Não podemos retroceder. Por isso, estamos colocando a ACI à disposição para debater a situação e buscar soluções para ajudar os ambulantes, especialmente para os do camelódromo da praça João Mendes, que enfrentam sérias dificuldades” declarou o dirigente. Na avaliação de Felipe Cury, o governo do prefeito Carlinhos Almeida (PT) precisa dar atenção para o grupo. “Não é admissível pensar na volta dos informais para as ruas”, frisou.

A decisão da direção da ACI partiu após a reportagem publicada por O VALE no domingo último, que mostrou a real situação dos dois Centros de Compras Populares, da praça João Mendes (Sapo), e da Rodoviária Velha. Os dois espaços estão em funcionamento há quase 10 meses.

A situação mais crítica é a do camelódromo da praça João Mendes. Dos 42 boxes, 28 estão fechados e muitos ambulantes já abandonaram o espaço, que praticamente não atrai público. Na Rodoviária Velha, que abriga 90 informais, as queixas são da iluminação precária, sistema de câmeras de monitoramento que não funciona, piso inadequado e do banheiro que, segundo os comerciantes locais exala mal cheiro para os boxes vizinhos.

Felipe relatou que pretende, nos próximos dias, propor ao governo municipal uma reunião na sede da entidade. “Vamos convidar o secretário de Defesa do Cidadão, José Luís Nunes, representantes dos camelôs e de outras entidades para avaliar o assunto. É preciso fazer alguma coisa”, salientou Felipe. A ACI e o Sindicato do Comércio Varejista apoiaram a criação dos camelódromos, plano elaborado e executado na administração do ex-prefeito Eduardo Cury (PSDB).

Camelôs consultados ontem por O VALE apoiaram a iniciativa da ACI. “É uma medida interessante. Se formos convidados, iremos”, disse Joelson Vieira, que trabalha no Centro de Compras Popular da João Mendes. O presidente da ADI (Associação de Economia Informal), Antonio Gonçalves Batista, o Tonico Pipoqueiro, afirmou que a reunião pode ser positiva, “se não houver conotação política”.

O Vale

Publicado em: 15/02/2013

Camelódromo acumula problemas na cidade

Solução encontrada pelo governo do ex-prefeito Eduardo Cury (PSDB) para a remoção dos ambulantes das ruas e praças do centro de São José dos Campos, o projeto dos camelódromos fracassou e se transformou em dor de cabeça para o governo do prefeito Carlinhos Almeida (PT).

Em funcionamento há quase dez meses, os Centros de Compra Popular, nome oficial dos camelódromos, da praça João Mendes (Sapo) e da Rodoviária Velha (atual terminal central de ônibus urbano) acumulam problemas.

O camelódromo da praça João Mendes é o que apresenta situação mais crítica. O espaço praticamente faliu e os ambulantes transferidos para o local estão em situação de desespero. Dos 42 boxes, mais de 20 estão fechados. Alguns camelôs já abandonaram o local, que vive às moscas.

“Esse camelódromo simplesmente não funciona, é um fracasso. O espaço é apertado, mal iluminado, abafado, escondido e não atrai público”, disse Joelson Vieira, um dos informais que trabalham no local. Ele relatou que muitos ambulantes já desistiram e os que permanecem estão insatisfeitos.

O VALE apurou que muitos camelôs querem mesmo é voltar para as ruas e já sugeriram ocupar uma das laterais da praça João Mendes ou outra área nas imediações do Mercado Municipal. “Aqui não dá mais para ficar. Não conseguimos vender nem para pagar as contas”, disse um ambulante que não se identificou.

Até mesmo a ACI (Associação Comercial e Industrial) avalia que o local é inadequado. “Realmente, aquele espaço não oferece condições para os ambulantes”, afirmou o presidente da entidade, Felipe Cury
O camelódromo da Rodoviária Velha, que abriga cerca de 90 ambulantes, oferece melhores condições, mas também enfrenta problemas.

O camelódromo do Terminal Central de ônibus urbano (Rodoviária Velha) apresenta melhores condições, mas, mesmo assim, há problemas sérios, apontam comerciantes e ambulantes do local. O camelódromo abriga cerca de 90 ambulantes, além de pontos comerciais, que funcionam há mais de 30 anos.

Uma das principais queixas dos informais é o banheiro, que exala mau cheiro e está próximo dos boxes de alimentação. “O banheiro é um problema sério, ninguém aguenta o cheiro ruim”, disse o camelô José Holanda Bessa, o Dedé. Ele não se queixa das vendas. “A gente consegue garantir o suficiente para pagar as contas”, afirmou. “A nossa situação é bem melhor do que a do pessoal da praça João Mendes, que está passando dificuldades”, disse.

Estabelecido no terminal há 33 anos, o comerciante Charbel Nicolas relatou que o local ganhou mais movimento com os camelôs. “Foi importante eles virem para cá, porque ajudou a melhorar o movimento”, avalia o comerciante.

Charbel, no entanto, aponta problemas no terminal. “Além do banheiro, a iluminação é precária, as câmeras do sistema de segurança não funcionam e é preciso mudar o piso”, disse. O comerciante também disse que é necessário a volta da Guarda Municipal, de um administrador para o terminal e da volta de linhas de ônibus como do Jardim Colonial e de bairros da região norte.

No sábado passado, o presidente da Urbam (Urbanizadora Municipal), responsável pelo terminal, Luiz Lima, visitou o local e conversou com ambulantes e comerciantes. Ele disse que mudanças no local dependem de conversações com outras esferas do governo municipal.

O Vale

Publicado em: 11/02/2013

Vendedores do Camelódromo fecham as portas na cidade

Ambulantes instalados no camelódromo da praça João Mendes (Sapo), no centro de São José dos Campos, pediram ao prefeito eleito, Carlinhos Almeida (PT), para serem removidos para outro local, com a alegação de que o espaço não tem infraestrutura adequada.

Uma comissão de informais se reuniu anteontem com vereadores na Câmara e pediu ‘socorro’. Segundo os camelôs, o movimento de final de ano no espaço de compras está abaixo das expectativas.

“O camelódromo fica vazio a maior parte do dia e muitos ambulantes nem abrem seus estabelecimentos”, disse o ambulante Sérgio Luiz da Silva. Os ambulantes que antes ocupavam ruas e praças do centro foram removidos no final de abril deste ano para os camelódromos da praça João Mendes e da Rodoviária Velha, como um dos projetos do Plano Estratégico Centro Vivo, que prevê a revitalização do centro.

O camelódromo da João Mendes tem 42 boxes. Ontem, 13 estabelecimentos estavam fechados. O grupo relatou que é “impraticável” trabalhar no local por causa do calor. “Este mês, a temperatura aqui dentro já chegou a 43°C”, disse Joelson Vieira, um dos integrantes da comissão de informais.

Segundo ele, é preciso encontrar outro local para os informais da praça. “Não adianta, não tem como adequar esse espaço. A única solução a remoção do pessoal para outro lugar”, afirmou Vieira. Uma das sugestões apresentadas pela comissão de ambulantes seria acomodar os informais em uma das laterais da praça João Mendes.

O vereador Luiz Mota (DEM), que participou do encontro, informou que vai encaminhar um relatório ao novo governo municipal, que assuma a prefeitura no dia 1º de janeiro. “Realmente a situação desse centro de compras é complicado. O pessoal não tem mesmo condição de permanecer no local”, afirmou.

Mota conversou ontem informalmente sobre o assunto com o vereador Wagner Balieiro, coordenador da comissão de transição do PT. A conversa aconteceu durante a solenidade de diplomação dos eleitos, no novo Fórum da cidade. Balieiro afirmou que o novo governo vai analisar a questão, mas já adiantou que é preciso mesmo encontrar uma solução para os ambulantes. “Temos que verificar alternativas”, disse o vereador.

O Vale

Publicado em: 20/12/2012

Ambulantes da cidade tem apoio para deixar o Camelódromo

A ACI (Associação Comercial e Industrial) de São José dos Campos decidiu apoiar as reivindicações dos ambulantes do camelódromo da praça João Mendes (Praça do Sapo), no centro. Após se reunir ontem com uma comissão de ambulantes do local, o presidente da ACI, Felipe Cury, informou que vai preparar um relatório com as queixas e pedidos do grupo e encaminhar para a prefeitura.

“Realmente, os ambulantes têm razão com relação a vários aspectos do Centro de Compra Popular da praça do Sapo”, afirmou Cury. “O local precisa de melhorias. Vamos levar o pleito dos camelôs à prefeitura e marcar uma reunião com a secretária Marina para tratar do assunto”, afirmou o presidente da ACI. O projeto dos camelódro-mos é gerenciado pela secretária de Defesa do Cidadão de São José, Marina de Fátima de Oliveira.

Falta de visibilidade, acessibilidade e banheiros, iluminação insuficiente foram algumas queixas apresentadas pela comissão sobre o camelódromo da praça João Mendes. Outra queixa é que, desde o início da revitalização da praça, a única pia que serve os ambulantes que trabalham com alimentação, está sendo compartilhada pelos operários da obra.

“Se continuar do jeito que está, será o fim, pois não dá mais para trabalhar porque o local não é atrativo”, disse Celso Lemes, um dos permissionários do camelódromo. Os informais querem se mudar do Centro de Compras Popular criado pela prefeitura e sugeriram instalar os pontos comerciais em um dos lados da praça, onde há um estacionamento de veículos fechado, para terem mais visibilidade para o público.

“O espaço da prefeitura é inviável e não permite muitas mudanças. Não deu certo”, afirmou Joelson Vieira, que trabalha no camelódromo.  A secretária Marina de Fatima de Oliveira, informo, por meio de sua assessoria, que aguarda o documento com as reivindicações dos ambulantes do Centro de Comércio Popular Jardim do Sapo, para que os pedidos possam ser avaliados.

Os ambulantes foram transferidos para o novo espaço em maio deste ano. No total, o camelódromo possui 43 boxes. Além desse, a prefeitura transformou a Rodoviária Velha em camelódromo onde estão agrupados 90 informais.

O Vale

Camelôs acusam PMs de extorsão no Camelódromo

Ambulantes de São José afirmam ser alvo de extorsão de policiais civis, que teriam estabelecido uma taxa para permitir que o camelódromo instalado na Rodoviária Velha continue vendendo produtos piratas. A taxa de R$ 10 mil mensais foi denunciada pelos ambulantes, que há 50 dias ocupam a rodoviária como parte do plano de revitalização do centro da cidade. Outro camelódromo foi criado na Praça João Mendes (Sapo).

Segundo eles, desde que a administração municipal formalizou a atividade criando o camelódromo o sistema de propina também teria ganhado contornos ‘oficiais’. Eles agora estariam sendo obrigados a pagar taxa global de R$ 10 mil, enquanto antes (quando ocupavam as calçadas e praças) cada um pagava taxa de R$ 200 a R$ 400 por barraca.

“Não conseguimos juntar os R$ 10 mil no mês passado e pagamos só R$ 7.000. Por isso, estamos com medo da nossa mercadoria ser apreendida”, afirmou um dos ambulantes, que preferiu não ter seu nome identificado para evitar represálias.

Segundo os ambulantes, a propina seria cobrada em tom de ameaça de ter o ponto fechado ou mercadorias apreendidas. Eles afirmaram ainda que um grupo de vendedores é responsável por recolher o dinheiro e levar para os policiais.

“Não tem dia fixo. Cada mês é cobrado em datas diferentes, mas sempre perto de dias de pagamento como 5, 15 e 30 de cada mês”, afirmou outro ambulante. De acordo com a denúncia, os ambulantes vendedores de celulares eletrônicos são os mais prejudicados com a pressão que seria feita pelos policiais. Dos 81 boxes de ambulantes que existem na rodoviária, pelo menos 17 vendem produtos desse setor.

A Adei (Associação de Economia Informal), que representa os ambulantes de São José, sustenta que não existem produtos piratas sendo comercializados na rodoviária. Antônio Gonçalves Batista, presidente da entidade, disse que nunca ouviu falar sobre a suposta cobrança de propina. “Acho esta possibilidade pouco provável, porque o único órgão que pode cobrar sobre a venda de produtos originais e fiscalizar é a Receita Federal”, disse Batista.

O Vale

Prefeitura terá muito trabalho para revitalização do Centro

A transferência dos ambulantes do centro de São José para os camelódromos construídos pela prefeitura devolveu as praças da região para a população?

Quem percorre as ruas e praças do centro antigo de São José logo percebe que o governo do prefeito Eduardo Cury (PSDB) ainda terá muito trabalho para revitalizar a área. Enquanto os camelôs se adaptam aos Centros de Compra Popular da praça João Mendes (Sapo) e da Rodoviária Velha, na praça Padre João (Matriz) é visível o comércio informal que resiste em uma pequena ‘feira do rolo’.

Em um canto da praça, um grupo de pelo menos 20 pessoas comercializa relógios, aparelhos de som, telefones celulares e outros objetos.

Discretamente, para não chamar a atenção da fiscalização, o grupo troca informações e faz negócios. Em meio ao vaivém de pessoas que atravessam a praça, também resistem os andarilhos, que teimam em permanecer na Matriz e ‘brincam’ de ‘esconde-esconde’ com a ronda social da Secretaria de Desenvolvimento Social.

Nesta semana, a fiscalização da prefeitura coibiu a primeira tentativa de invasão da Matriz por ambulantes clandestinos, após a remoção dos camelôs antigos. Fiscais da Secretaria de Defesa do Cidadão fizeram operação ‘pente-fino’ e não permitiram que novos camelôs ocupassem o local.

Na praça João Mendes, quem domina um canto do local são os mendigos e pedintes, que permanecem na praça o dia todo a pedir dinheiro e ingerir bebidas alcoólicas. Quem passa pela praça Afonso Pena, a maior do centro antigo, não deixa de reparar na presença diuturna das garotas de programa que se espalham pelo logradouro.

Além delas, a praça acolhe informais que aproveitam para ganhar dinheiro com apresentações exóticas, como um senhor que diz ‘encantar’ uma serpente que estaria escondida em uma sacola. Para a diretora do Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento), que coordena do projeto de revitalização do centro, Cynthia Gonçalo, um conjunto de intervenções programadas para as praças do centro vai coibir tudo isso.

“À medida que as praças forem sendo revitalizadas, a comunidade irá ocupar os espaços”, afirmou Cynthia.

O Vale

Prefeitura Prevê revitalização das Praças do Centro da cidade

O Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento), de São José dos Campos, aguarda a transferência dos ambulantes do centro para camelódromos construídos pela prefeitura para iniciar o projetos de melhorias nas praças da região. De acordo com o Ipplan, serão feitas intervenções nas praças Afonso Pena, João Mendes (sapo) e João Pessoa. A praça Padre João (Matriz) será objeto de concurso de requalificação urbanística e arquitetônica.

“Dentro do Plano Estratégico Centro Vivo, as praças do Centro passarão por requalificação, cada uma com um grau de exigência devido à sua necessidade, considerando também o que foi apontado pelos usuários do centro durante as Oficinas Colaborativas e na Pesquisa Qualitativa realizadas dentro do Plano Estratégico”, disse a diretora do Ipplan, Cynthia Gonçalo.

Os 132 ambulantes que trabalham nas ruas do centro têm prazo até o dia 29 de abril. Pela proposta do Ipplan, que será executada pela prefeitura, a praça Afonso Pena terá a iluminação reforçada, serão feitas a manutenção das áreas que estão degradadas e será implantada uma academia da terceira idade.

O trecho da rua 15 de Novembro, próximo à praça Afonso Pena e entre as ruas Francisco Paes e Rubião Júnior, passará por ampliação da calçada, incorporando a faixa de estacionamento. As obras terão início após a remoção dos ambulantes.

A praça Cônego Lima terá ruas elevadas e o piso arrumado, com prioridade para o pedestre. “O privilégio absoluto ao pedestre e a criação de rotas acessíveis para uso efetivo têm como objetivo promover a acessibilidade e gerar segurança aos frequentadores”, afirmou a diretora do Ipplan.

Já na praça do João Mendes será possível a execução do projeto de restauração do espaço seguindo a proposta aprovada pelo Comphac (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico) em 2008, que será feito em parceria com a iniciativa privada, segundo o Ipplan.

As obras vão começar logo após a inauguração dos Centros de Comércio Popular, informou o instituto. Os ambulantes já começaram a prepara os seus boxes nos camelódromos para efetivar a mudança. Muitos estão colocando piso, pintando e personalizando os novos espaços.

A previsão é que os camelôs mudem no domingo, dia 29. Eles devem aproveitar o sábado, dia 28, para se despedirem dos pontos atuais. Vão permanecer na rua apenas os ambulantes que trabalham com alimentação.

O Vale

Alguns ambulantes resistem a ida para o Camelódromo da cidade

Na reta final dos preparativos para a remoção dos camelôs das ruas e praças do centro de São José dos Campos para os camelódromos da prefeitura, ambulantes ainda resistem em aceitar a transferência. A nova exigência do grupo é de garantias de que a administração não vai permitir novos pontos de informais no centro da cidade e de que a permanência do grupo nos camelódromos será amparada por lei.

Atualmente, são 139 os pontos de comércio informal no centro, que serão transferidos para os came-lódromos da rodoviária velha e da praça João Mendes (praça do Sapo), no centro. “Por enquanto, não temos garantia nenhuma de que mais tarde não irão querer nos tirar novamente”, disse José Holanda Bessa, que trabalha na praça Afonso Pena.

Os camelôs querem mudar somente depois de a prefeitura revisar a legislação que normatiza o comércio informal em São José, que é da década de 1970. “Queremos que a prefeitura aprove uma nova lei que nos garanta o direito de uso dos novos espaços nos novos locais para onde iremos”, disse Bessa.

Na semana passada, os ambulantes distribuiram um comunicado entre eles na tentativa de unir o grupo em torno dessa proposta. “A revisão dessa lei é importante para todos os ambulantes”, afirmou Rosane Aparecida, que trabalha na praça João Mendes (Sapo).

Ela disse que a revisão da lei da informalidade é um compromisso assumido pela prefeitura com o grupo desde o início das conversações sobre a construção dos camelódromos. “O importante é ter diálogo. Enquanto houver diálogo, há solução”, afirmou.

Rosane também sugere a implantação de uma academia de ginástica na praça, para atrair público para o local. A reivindicação do grupo tem o apoio da ADI (Associação de Economia Informal), criada para representar os camelôs da cidade.

O presidente da entidade, Antonio Gonçalves Batista, o Tonico Pipoqueiro, afirmou que o ideal é que a transferência dos ambulantes ocorra após a revisão da legislação da informalidade. “A prefeitura já deveria ter feito isso. O atraso é do governo, não nosso”, afirmou. Na Câmara, vereadores que acompanham de perto as negociações afirmam que estão dispostos a acelerar a votação de uma nova lei.

“Se o Executivo fechar um acordo e encaminhar um projeto à Câmara podemos votar rapidamente”, afirmou o vereador Luiz Mota (DEM), um dos interlocutores dos informais junto ao Executivo. Ele relatou que já há sugestões sobre novas regras, mas ainda não há nenhuma proposta formatada.

A secretária de Defesa do Cidadão, Marina de Fátima de Oliveira, que conduz o projeto de remoção dos camelôs, afirmou que tem conversado com o grupo a respeito da revisão das normas. “O jurídico da prefeitura estuda o assunto. Vamos construir uma proposta em conjunto com os ambulantes”, disse.

Marina, no entanto, frisou que não é possível atender todas as reivindicações. A secretária promove amanhã uma reunião com o grupo para tratar do assunto. Para ela, a transferência dos informais para os Centros de Compra Popular, nome oficial dos camelódromos pode ocorrer paralelamente à revisão das normas em vigor.

Na avaliação da secretária, o acordo para a remoção está selado e vai acontecer assim que os came-lódromos ficarem prontos. A pasta da Defesa do Cidadão trabalha os preparativos finais para a transferência com a expectativa de que até o Dia das Mães todos os informais terão sido transferidos.

O Vale