Casa Própria tem fila de moradores que esperam há 14 anos

A lista de moradores de São José dos Campos que aguardam uma casa própria por meio do programa habitacional da prefeitura conta com 18.914 inscritos e pelo menos 500 famílias cadastradas desde 1999, quando começou a fila da habitação.

Pelos critérios de classificação do programa, definidos em junho de 1999 por decreto municipal, o tempo de espera na fila é o que recebe menor pontuação. São apenas dois pontos para quem está há mais de 10 anos no cadastro e um ponto, entre cinco e 10 anos.

Os critérios com maior pontuação são tempo de residência na cidade (até sete pontos), renda familiar (até oito pontos) e número de dependentes legais (quatro pontos para cada um). Além disso, a lei obriga a família cadastrada a atualizar os dados a cada três anos, sob pena de ser desabilitada do programa habitacional, embora permaneça vinculada à fila.

Ao fazer a atualização dos dados, o cadastro é habilitado automaticamente, mas a família pode perder lugar na fila da casa própria. “Muita gente esquece de fazer o recadastramento e acaba desabilitada, mesmo achando que pode receber a casa a qualquer momento”, disse o secretário de Habitação de São José, Miguel Sampaio. “As pessoas têm que ficar atentas ao recadastramento exigido por lei para continuarem habilitadas.”

Segundo ele, a entrada regular de novas pessoas no cadastro e as famílias desabilitadas, por não realizarem a atualização, explicam a variação do número de pessoas na fila. Em 22 de janeiro deste ano, segundo balanço da prefeitura, a fila contava com 18.994 cadastros.

Desde anteontem, para cumprir lei municipal sancionada em novembro do ano passado, a lista do programa habitacional passou a ser divulgada na internet, no site da Secretaria de Habitação. São divulgadas as pessoas inscritas, habilitadas e atendidas pelo programa. As famílias cadastradas podem checar seus dados.

“Isso vai dar transparência ao processo. A lista passa a ser controlada pela sociedade”, disse Sampaio, que calcula contratar 2.000 moradias populares em São José neste ano, das 4.000 que tramitam pela administração atualmente. A meta é de 8.000 até 2016. Presidente da Assiph-SJC (Associação dos Inscritos no Programa Habitacional de São José dos Campos), Regina Celly Rodrigues, 31 anos, cadastrou-se no programa em 1999. Sem casa própria, ela é obrigada a morar de aluguel com os quatro filhos. “A prefeitura tem que acelerar os projetos populares”, disse.

O Vale

Publicado em: 27/03/2013

Com o IPI reduzido, fila para compra de carro novo é grande

Comprou mas não levou. Essa é a situação da maioria das pessoas que adquiriu carro zero km na região. Devido à procura acima da demanda, os consumidores precisam esperar até 120 dias para colocar o carro na garagem de casa.

O tempo varia conforme o modelo e os opcionais. Mas em 11 das 12 concessionárias ouvidas por O VALE, o comprador irá precisar esperar no mínimo 10 dias para sair andando de carro novo. Apenas a Itavema France Renault, que possui lojas em Taubaté e São José, afirmou que não há espera. Segundo a concessionária, neste mês ela só vende veículos que estão em estoque.

Os campeões de demora são o Chevrolet Cruze Sport6, o Ford Ecosport e os HB20 e IX35 da Hyundai. Quem comprar hoje, só receberá o carro em março. A médica Fernanda Carvalho, 26 anos, é uma das motoristas que precisa aguardar cerca mais 90 dias para dirigir seu novo carro.

Ela comprou um HB20 no mês passado, e se não bastasse a vontade de ter algo que comprou, a ansiedade aumenta por ser seu primeiro carro zero. “Eu queria estar com ele já. É ruim ficar sem algo que você comprou, mas fazer o que? Eu aceitei esse prazo na hora de comprar. Agora é só controlar a ansiedade.”

Segundo a gerente de vendas da Veibras, concessionária da GM em São José, Viviane Batista, a espera é devido à demanda maior que produção. “A redução do IPI mais a injeção de dinheiro no mercado <MD>provocou uma corrida às concessionárias”, afirmou.

Segundo Batista, nos primeiros sete dias de dezembro, a concessionária já vendeu 122 carros ante 65 no mesmo período do mês passado.Na Modena Fiat de Taubaté, as vendas em dezembro aumentaram entre 25% e 30% em relação ao mesmo período de novembro. “Novembro já foi um mês muito bom. Mas como é o último mês do IPI, as pessoas estão procurando mais”, disse Marcos da Silva, gerente.

Os consumidores precisam ficar atentos com o preço dos carros. O benefício do IPI reduzido valerá apenas para os carros que forem faturados até o dia 31 deste mês. A data da compra não é levada em consideração. Se o consumidor comprar um carro hoje, mas o veículo só for produzido no próximo ano, ele pagará o IPI normal.

O Vale

Publicado em: 10/12/2012

Rede de saúde da cidade é falha para moradores

A menos de dois meses para deixar o cargo, o secretário de Saúde de São José dos Campos, Danilo Stanzani Junior, comemora acertos e admite erros na condução da pasta mais criticada durante a campanha eleitoral. O tom de reprovação também aparece na população, que reclama da falta de médicos e do atraso em realizar consultas, cuja fila de espera chega a 37 mil.

Em uma entrevista exclusiva a O VALE, Stanzani afirma que as unidades básicas de saúde não cumprem o seu papel, que é tratar da maior parte dos problemas da população e desafogar as unidades de emergência e os hospitais, quase sempre lotados.

“Os profissionais não estão comprometidos com a prevenção. Tem que mudar de ideia”, diz ele. Esse distanciamento, segundo ele, fez com que as unidades perdessem a capacidade de resolver os problemas. O que se recomenda em saúde pública é que 80% das consultas básicas sejam resolutivas, ou seja, que o problema se resolva ali.

“Mas o paciente chega ao clínico não para uma consulta, mas para pedir encaminhamento ao especialista. O clínico, para não ter o embate, acaba encaminhando e gera esse excesso de demanda para especialidade.” Para ele, o diagnóstico da rede revelou que não falta médico na cidade, mas que a categoria está quase toda concentrada na rede hospitalar. “Estamos deficitários na rede básica.”

Tendo assumido a secretaria em meio a uma das maiores crises da pasta, em maio de 2011, Stanzani precisou enfrentar uma greve capitaneada por médicos e pelo Sindicato dos Servidores Municipais. Ele diz ter enfrentado “radicais” e faz o mea-culpa admitindo que errou ao se distanciar dos médicos. “Com relação a eles, eu me penitencio, tivemos uma relação muito ruim.”

O Vale

Publicado em: 05/11/2012

Fila médica na cidade ultrapassa o 30 mil na cidade

A Secretaria de Saúde de São José dos Campos tem uma fila de espera por consultas eletivas (agendadas com especialistas) com quase o dobro da capacidade mensal de atendimento da rede. São 37 mil pedidos na espera para uma oferta mensal de até 20 mil consultas.

Para zerar a fila, a prefeitura precisaria parar de atender pacientes por dois meses, o que é impossível. Mesmo assim, em razão da falta de médicos de algumas especialidades, a fila seria mantida e continuaria crescendo. A demora para ser atendido gira em torno de três a seis meses, na maior parte dos casos, mas pode passar de um ano. Os maiores atrasos são para especialidades como reumatologia, ortopedia, oftalmologia e dermatologia, cuja demanda reprimida chega a 15 mil consultas.

Todas elas têm déficit de profissionais na rede e, segundo a Secretaria de Saúde, também no mercado. A pasta tem apostado na reestruturação da rede, em mutirões e parcerias para tentar reduzir a carência. A falta de médicos e a fila por consultas são as maiores reclamações dos moradores da cidade que dependem do SUS (Sistema Único de Saúde). Eles criticam o atraso e chegam a abandonar o tratamento por causa da demora.

Aconteceu com a aposentada S.P., 78 anos, que esperou por três meses uma consulta com ortopedista. Ela sentia dores fortes no joelho esquerdo. “Desisti do ortopedista da prefeitura. Meu joelho inchava a todo instante e a dor era terrível. Tinha que andar amparada em uma vassoura. Não aguentei.”

Em uma das várias vezes em que foi à UBS (Unidade Básica de Saúde) do Satélite, na região sul, ela chorou de dor e angústia na recepção. Sensibilizados, os atendentes sugeriram a ela que fosse ao Pronto-Socorro do Hospital Municipal, na zona leste.

Ela foi e não conseguiu passar pelo ortopedista. Teve nova crise de choro no hospital. “Pediram para voltar em três dias. Voltei e um médico me encaminhou para outra unidade. Comecei a me sentir jogada”. Quase seis meses depois que passou pela primeira vez na UBS por causa da dor no joelho, a aposentada conseguiu ser atendida por um ortopedista, que fez uma infiltração e lhe deu remédios. “Melhorou um pouco, mas agora está aparecendo uma dor no joelho direito. Não sei o que vou fazer. Na UBS eu não volto mais. Não tenho saúde para esperar tanto.”

O Vale

Publicado em: 30/10/2012

Prédio da Ciretran deixa usúarios insatisfeitos

Mais de um ano e meio após o governo do Estado anunciar a reestruturação do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), a fim de melhorar os serviços, em São José dos Campos, a população ainda enfrenta filas e demora no atendimento e sofre com a falta de estrutura do prédio, que fica na avenida São José, no centro. Usuários da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) na cidade reclamam também da burocracia e da falta de informação.

O soldador Marcos Ferreira, 37 anos, foi à unidade regional para fazer o licenciamento de sua moto, mas descobriu que o CRV (Certificado de Registro de Veículo) estava bloqueado.  “Perdi minha tarde de trabalho aqui. Quando cheguei à Ciretran, me falaram que eu só podia dar entrada no desbloqueio quando eu tivesse cópia de vários documentos e pagasse uma taxa no banco. Há um desencontro de informações”, afirmou.

Ferreira disse que precisou esperar 40 minutos para ser atendido. E essa não foi a primeira vez que teve problemas. No primeiro semestre, contou que precisou esperar três meses para renovar sua carteira de habilitação.

O mecânico Rodrigo Paulino, 30 anos, também reclamou do atendimento. Ele foi sexta-feira à Ciretran tentar recuperar seu carro que foi apreendido há mais de uma semana. Ele também demorou 40 minutos para ser atendido.

Já o servidor público José Carlos Monteiro, 37 anos, reclamou das instalações da Ciretran em São José. “Não tem um acesso para cadeirante ou para pessoas com problemas de locomoção. Outro dia precisei praticamente carregar a minha mulher”, afirmou.

O único acesso ao atendimento é uma escada de 16 degraus. Os outros problemas apontados pelo servidor são a falta de um painel eletrônico informando de quem é a vez e a falta de água e banheiro. “Tudo que envolve o munícipe tem que tratar com respeito.”

Um despachante de São José que preferiu não se identificar afirmou que o número reduzido de funcionários e a burocracia do órgão atrasam o trabalho de emissão de documentos. “Infelizmente é comum ver cliente insatisfeito com a Ciretran” disse. Segundo o Detran, a Ciretran de São José tem 40 funcionários e atende 19 mil pessoas por mês. Na sexta-feira, quando O VALE esteve no local, dos 17 guichês de atendimento ao público, só 8 tinham funcionários.

O Vale

Publicado em: 30/10/2012

Parque Tecnologico da cidade tem fila de espera

O Parque Tecnológico de São José dos Campos registra fila de espera de empresas interessadas em se instalar no núcleo, localizado em Eugênio de Melo, na região leste.  A direção do complexo atribui a atratividade do Parque Tecnológico à importância do complexo, que vem se transformando em uma das referências do país em pesquisas e desenvolvimento de novos empreendimentos.

Atualmente, o parque possui apenas um centro empresarial, com 6.000 metros quadrados e capacidade para abrigar até 25 empresas. Diariamente, cerca de 300 pessoas circulam pelo local, diz o diretor do Parque Tecnológico, Horácio Forjaz .

Ele relatou que a procura pelo espaço é grande. Chamada pública lançada para selecionar novas empresas atraiu seis interessados. “Existe demanda para a implantação de novos empreendimentos, principalmente os que deixam as incubadoras e necessitam de espaço para crescer e se consolidar”, disse.

A Golden Tecnologia, empresa que há 25 anos a tua no desenvolvimento, fabricação e comercialização de corantes e produtos químicos para a indústria têxtil, é uma das interessadas que aguardam vaga para se instalar no centro empresarial do núcleo.

A empresa instalou um laboratório em um condomínio industrial próximo ao Parque Tecnológico, mas quer expandir a sua área de pesquisa para o complexo. “O Parque Tecnológico reúne ambiente propício para a interação de empresas e para pesquisas, um dos nossos focos”, disse Lourival Flor, diretor da Golden.

Quem está instalado no parque ressalta as vantagens do espaço. “Um das vantagens é que podemos interagir com outras empresas, além de encontramos prestadores de serviços e fornecedores”, relatou Ivan Santanna, da Adventure Instruments, que desenvolve e produz equipamentos para a área esportiva.

A Adventure estava incubada no Cecompi (Centro para Competitividade e Desenvolvimento do Cone Leste Paulista) e foi a segunda a se transferir para o centro empresarial1, no ano passado. Segundo Forjaz, 40% dos empreendimentos que ocupam o centro empresarial são da área aeroespacial.

Em fase de construção, o Centro Empresarial 2, do Parque Tecnológico de São José dos Campos, vai dobrar a capacidade de abrigar novos empreendimentos empresariais e de pesquisa. A edificação é patrocinada pelo governo do Estado e o investimento é de cerca de R$ 3,2 milhões.

O novo centro terá capacidade para abrigar até 50 empresas em uma área de cerca de 11 mil metros quadrados, dividida em dois pavimentos.  O centro deve ficar pronto em 2014, mas a direção do Parque Tecnológico vai iniciar o processo de seleção de interessados no segundo semestre do próximo ano. Ele terá café, lanchonete e módulos de 50 a 180 metros quadrados.

Via Vale

Publicado em: 24/10/2012

AME tem filas para exames de mais de 6 meses na cidade

Usuários do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de São José dos Campos reclamam da demora na marcação de consultas, que pode chegar a seis meses. É o caso do corretor de imóveis José Ricardo Lopes dos Santos, 40 anos, que fez uma eletroneuromiografia nas mãos anteontem na unidade. O exame foi marcado em fevereiro.

“O sistema de saúde público em São José é uma vergonha. A cidade precisa, no mínimo, multiplicar por cinco toda a estrutura”, disse. O corretor contou que sofreu um acidente em 2009 e precisou ser operado, começando um tratamento após a cirurgia. Em agosto do ano passado, segundo ele, o médico teria pedido o exame. “Esperei um ano até conseguir fazer o exame nas mãos. O próximo prefeito tem que resolver esse problema na cidade.”

A procura por atendimento no AME é maior na parte da manhã, quando lota o saguão da unidade, que atende pacientes de oito municípios São José, Jacareí, Caçapava, Paraibuna, Jambeiro, Monteiro Lobato, Santa Branca e Igaratá.

As reclamações de demora se concentram nesse período, quando a espera pode ultrapassar 4 horas. “Cheguei aqui às 6h e só fui atendido às 10h30. Acho um desrespeito com o cidadão”, reclamou o aposentado José Souza, 52 anos. “Tem que ter um atendimento mais ágil”, disse Maria de Jesus, 42 anos.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, são os municípios que controlam a agenda do AME, por meio de um sistema informatizado. O atendimento só é feito com hora marcada, com tempo médio de espera de 30 minutos. Atualmente, o AME oferta 45 mil exames e 10 mil consultas médicas mensalmente. “Alguns municípios encaminham os pacientes em um mesmo veículo, mesmo com horários diferentes de consultas. Esta é uma iniciativa das secretarias municipais de saúde, e jamais uma orientação do AME”, informou a pasta.

Em nota, a Secretaria de Saúde de São José informou que o exame do corretor José Ricardo “não foi priorizado porque não comprometeria o tratamento que o paciente faz no Hospital Municipal”. Na rede municipal de saúde, atualmente, há 37,5 mil consultas na fila de espera.

O Vale

Fórum de seu segundo dia de fila para poder entrar

Pelo segundo dia consecutivo, o público enfrentou ontem filas e confusão para entrar no Fórum de São José dos Campos. A promessa de que os dois detectores de metal estariam funcionando ontem não foi cumprida. No segundo dia das novas medidas de segurança adotadas após o tiroteio que matou duas pessoas no prédio há uma semana, somente o cidadão comum era submetido ao único aparelho ligado.

Advogados e funcionários do prédio passavam apenas por uma triagem, com a retirada de pertences de metal de bolsas. A Polícia Militar e a Guarda Municipal continuavam fazendo a vigilância dentro do saguão. Por volta das 12h30, quando o Fórum foi aberto ao público, cerca de 40 pessoas fazia fila em frente ao prédio número menor que o verificado na segunda-feira. Mesmo assim, as reclamações persistiram. “A gente paga imposto e tem que passar por isso”, disse o motorista Juliano Diniz Souza, 35 anos.

Enquanto o cidadão comum tinha que se submeter ao detector de metal, e à consequente fila, advogados e funcionários seguiam caminho mais tranquilo, sem enfrentar filas. “O povo reclama demais, a troco de nada”, disse o advogado André Luiz Martins, 40 anos, dono do carro que foi alvejado por três balas no dia do tiroteio. “Eu poderia entrar com uma ação contra o Estado, mas deixa para lá.”

O diretor do Fórum, José Loureiro Sobrinho, foi procurado durante toda a tarde e início de noite de ontem por O VALE, mas não retornou às ligações. Quando o novo sistema de segurança do prédio foi implantado e um dos detectores apresentou defeito na tarde de segunda-feira, Loureiro disse que no dia seguinte o problema estaria solucionado.

Segundo informações de funcionários, ele esteve ontem ocupado em reuniões e também visitando o novo prédio do Fórum, no Jardim Aquarius, zona oeste. O local tem previsão de ser inaugurado em 9 de novembro. Com o defeito em um dos detectores de metal e apenas um em uso, a fila única gerou protestos de funcionários do Fórum na última segunda-feira. Quem voltava do horário de almoço, não queria se submeter à fila novamente. Esse foi o motivo para que o sistema fosse alterado.

Ao invés de fila e detector, advogados e servidores do Fórum apenas deixam objetos de metal numa caixa para logo em seguida pegar de volta. O sistema é parecido com as portas giratórias de bancos, só que sem porta ou invólucro de acrílico para armazenar objetos. “É um constrangimento para o profissional”, disse um advogado que preferiu não se identificar. Segundo relatos de servidores do Fórum, um técnico do Tribunal de Justiça do Estado iria ao local ontem para calibrar o detector defeituoso, para hoje, talvez, ele ser finalmente ligado.

Junto com o improviso na revista, o que não mudou também foi a presença de dois policiais militares e dois guardas municipais dentro do Fórum. Os guardas estão orientados a usar detectores portáteis para checar os objetos em caso de necessidade quando o detector apita por duas vezes, por exemplo. Em se mantendo o sinal de metais, a pessoa é levada para uma sala reservada, onde passa por uma revista feita por um policial militar. A PM disse que, se houver necessidade, reforçará a segurança do lado de fora do Fórum.

O Vale

Fila por Moradia é analisada pela Prefeitura

A quatro dias do início da campanha eleitoral, a Prefeitura de São José divulgou novos números da fila da habitação na cidade. Agora, são 19.581 pessoas esperando por uma moradia, contra os 27 mil do mês passado.  A redução de 27,47% nos números, segundo a administração municipal, pode ser creditada ao recadastramento dos inscritos todos são obrigados a atualizar o cadastro a cada três anos.

“O nosso sistema, que é informatizado, vai passar a atualizar mensalmente o número de inscrições. Se a pessoa não atualizou o cadastro nos últimos três anos, ela é automaticamente excluída”, afirmou a secretária de Habitação Irene Marttinen.

Desde janeiro do ano passado, o governo do prefeito Eduardo Cury (PSDB) reconhecia que a fila da habitação praticamente dobrou nos últimos 16 anos, quando pulou de 14 mil inscritos, em 1997, para aproximadamente 27 mil neste ano. O período abrange as quatro gestões tucanas na cidade.

Considerado um dos principais gargalos da cidade, o tema deve ser um dos pontos centrais da campanha eleitoral neste ano. A divulgação dos novos dados ocorreu ontem à tarde e gerou críticas. “Ou estavam mentindo antes ou estão mentindo agora”, afirmou o presidente da Comissão de Planejamento Urbano, Habitação e Obras da Câmara, Walter Hayashi (PSB).

A questão da habitação, para o vereador, “não é tratada com seriedade”.  “Três anos é muito tempo para fazer a atualização. O cadastro deveria ser atualizado ao menos anualmente. A prefeitura deveria ir de encontro às pessoas”, completou.

Vereador e presidente do PT em São José, Wagner Balieiro minimizou a divulgação dos novos dados, mas também criticou as políticas habitacionais da cidade. “A fila da habitação hoje é maior do que quando o Cury assumiu a prefeitura em 2005, o que mostra que a política habitacional do PSDB não funcionou”, disse.

“A situação é tão grave que não há hoje nenhuma obra em andamento para contemplar aqueles que estão na fila. A fila da habitação tende a aumentar ainda mais”, completou. O tema passou a ser discutida mais enfaticamente após a desocupação do antigo acampamento do Pinheirinho, quando 1.634 famílias desalojadas da área se juntaram a outras 27 mil inscritas nos programas habitacionais.

Para o advogado dos sem-teto, Antonio Donizete Ferreira, o Toninho, a divulgação de uma redução na fila no atual momento se trata de uma “peça política e eleitoreira”.  “Por que nunca divulgaram que é preciso se recadastrar?”, questionou.

A secretária de Habitação afirmou que não há nenhum interesse político por trás da divulgação dos dados.
“É um sistema automático, que vai gerar mensalmente um balanço. Isso começou agora porque foi em abril que o prefeito publicou um decreto reformulando esse sistema.”

A secretária afirmou que a prefeitura alerta constantemente a população sobre a necessidade de se recadastrar. “Sempre falamos isso nos bairros e nas audiências públicas.” Ela ainda disse que os excluídos da fila podem atualizar o cadastro e retornar ao programa com o mesmo número de inscrição antigo.

O Vale

Casa própria já é a nova missão do novo Prefeito na cidade

São José tem quase 28 mil pessoas na fila da habitação à espera de uma casa própria popular. São pessoas, em sua maioria, em vulnerabilidade social e financeira. É caso, por exemplo, de Maria Vandeslânia da Silva Gama, 36 anos. Com três filhos entre 7 e 18 anos, ela vive com R$ 622 por mês oriundos de um benefício saúde. Num ou noutro mês, a renda melhora sensivelmente, quando o filho mais velho consegue um trabalho temporário e ajuda nas contas.

Maria não consegue trabalho, pois é deficiente visual. Por mês, paga R$ 500 de aluguel para morar numa residência humilde no Jardim Interlagos, zona sul. “Moro nesta casa há 33 anos. Entrei na fila por uma casa só recentemente, quando perdi a visão direita. Depois disso, vi que não existe inclusão. Ninguém quer contratar uma pessoa com deficiência”, disse Maria.

A fila da qual Maria faz parte vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. Em 1997, primeiro ano de mandato do ex-prefeito Emanuel Fernandes (PSDB), eram 14 mil inscritos. Com as 1.300 famílias despejadas do ex-acampamento dos sem-teto no Pinheirinho neste ano, a fila reúne hoje cerca de 28 mil pessoas. Dobrou em 16 anos de governos tucanos.

No período, a média de casas populares construídas foi de 387 por ano. Mantida a proporção, levaria 72 anos para acabar com o déficit habitacional da cidade isso se a demanda ficar estagnada. São José também esconde uma cidade invisível, que passa quase despercebida do poder público. Na listagem oficial, reconhece-se a existência de 93 bairros clandestinos na cidade. Paralelamente, outros 41 surgiram nos últimos anos.

Nesses núcleos irregulares, que cresceram à revelia da administração municipal, vivem pelo menos 50 mil pessoas. Entre elas está Vera Lúcia de Souza, 47 anos, que mora no Jardim Coqueiro com dois filhos, de 13 e 14 anos. É sem hesitação que ela enumera problemas que a atingem enquanto moradora de loteamento clandestino.

“Primeiro, somos discriminados. Quando estou numa loja para comprar alguma coisa e falo que eu moro no Jardim Coqueiro, vem aquele olhar de ‘você é um invasor’. Nós não temos manutenção nas ruas. É, pode confiar, no máximo uma vez por ano que vemos a prefeitura melhorando os buracos das ruas. É muito pó, muita gente com problemas respiratórios, muita água parada.”

Vera critica ainda a falta de ônibus, já que são poucas linhas e poucos carros atendendo bairros populosos como Jardim Santa Inês 1 e 2, Frei Galvão e Jardim Coqueiro. “Estamos ao léu.” A habitação deve dominar o debate eleitoral neste ano em São José. Os sete candidatos a prefeito da cidade explicam hoje a O VALE como pretendem trabalhar o tema.

Enquanto isso, Maria e Vera sonham com uma vida melhor. “Nem sei te explicar o que seria uma casa para mim, independentemente do lugar. O importante é não pagar aluguel. Aí, poderia comprar roupas para os meus filhos”, disse Maria. “Somos irregulares por culpa de um loteador. Compramos nosso terreno e falta a regularização. Queremos pagar impostos e termos um olhar mais humano para nós”, afirmou Vera.

O Vale