A quatro dias do início da campanha eleitoral, a Prefeitura de São José divulgou novos números da fila da habitação na cidade. Agora, são 19.581 pessoas esperando por uma moradia, contra os 27 mil do mês passado. A redução de 27,47% nos números, segundo a administração municipal, pode ser creditada ao recadastramento dos inscritos todos são obrigados a atualizar o cadastro a cada três anos.
“O nosso sistema, que é informatizado, vai passar a atualizar mensalmente o número de inscrições. Se a pessoa não atualizou o cadastro nos últimos três anos, ela é automaticamente excluída”, afirmou a secretária de Habitação Irene Marttinen.
Desde janeiro do ano passado, o governo do prefeito Eduardo Cury (PSDB) reconhecia que a fila da habitação praticamente dobrou nos últimos 16 anos, quando pulou de 14 mil inscritos, em 1997, para aproximadamente 27 mil neste ano. O período abrange as quatro gestões tucanas na cidade.
Considerado um dos principais gargalos da cidade, o tema deve ser um dos pontos centrais da campanha eleitoral neste ano. A divulgação dos novos dados ocorreu ontem à tarde e gerou críticas. “Ou estavam mentindo antes ou estão mentindo agora”, afirmou o presidente da Comissão de Planejamento Urbano, Habitação e Obras da Câmara, Walter Hayashi (PSB).
A questão da habitação, para o vereador, “não é tratada com seriedade”. “Três anos é muito tempo para fazer a atualização. O cadastro deveria ser atualizado ao menos anualmente. A prefeitura deveria ir de encontro às pessoas”, completou.
Vereador e presidente do PT em São José, Wagner Balieiro minimizou a divulgação dos novos dados, mas também criticou as políticas habitacionais da cidade. “A fila da habitação hoje é maior do que quando o Cury assumiu a prefeitura em 2005, o que mostra que a política habitacional do PSDB não funcionou”, disse.
“A situação é tão grave que não há hoje nenhuma obra em andamento para contemplar aqueles que estão na fila. A fila da habitação tende a aumentar ainda mais”, completou. O tema passou a ser discutida mais enfaticamente após a desocupação do antigo acampamento do Pinheirinho, quando 1.634 famílias desalojadas da área se juntaram a outras 27 mil inscritas nos programas habitacionais.
Para o advogado dos sem-teto, Antonio Donizete Ferreira, o Toninho, a divulgação de uma redução na fila no atual momento se trata de uma “peça política e eleitoreira”. “Por que nunca divulgaram que é preciso se recadastrar?”, questionou.
A secretária de Habitação afirmou que não há nenhum interesse político por trás da divulgação dos dados.
“É um sistema automático, que vai gerar mensalmente um balanço. Isso começou agora porque foi em abril que o prefeito publicou um decreto reformulando esse sistema.”
A secretária afirmou que a prefeitura alerta constantemente a população sobre a necessidade de se recadastrar. “Sempre falamos isso nos bairros e nas audiências públicas.” Ela ainda disse que os excluídos da fila podem atualizar o cadastro e retornar ao programa com o mesmo número de inscrição antigo.
O Vale