A diarista Vânia Almeida, 39 anos, de São José, sempre pagou suas contas em dia. Mas, em razão de não ter um emprego formal, com carteira assinada, encontra dificuldade em conseguir crédito no comércio e nos bancos. A situação dela pode mudar com a criação do cadastro positivo de bons pagadores, que entrou em operação ontem em todo o país. Administrado por instituições que gerenciam banco de dados de pagadores e de proteção ao crédito, como Serasa e SCPC, o cadastro trará a ficha completa do consumidor e ficará disponível para consulta do mercado. A adesão é opcional e pode-se pedir a retirada a qualquer momento. Com o nome incluído, o consumidor terá mais chances de negociar menores taxas e prazos mais longos quando for pedir empréstimo em uma instituição financeira ou fazer o financiamento de um bem. A vantagem se dará para os consumidores que são bons pagadores. Ou sejam, que pagam em dia.
“Eu não sabia desse cadastro, mas gostei muito da ideia. Vou procurar saber mais sobre ele e me cadastrar. Quero conseguir crédito mais barato”, disse Vânia. Em São José, os consumidores podem procurar o Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista) para fazer a adesão ao cadastro positivo, que foi aprovado pelo Senado Federal, em dezembro de 2010, e sancionado com vetos pela presidente Dilma Rousseff (PT), em junho de 2012. Também é possível fazer o cadastro pela internet, em sites das instituições de proteção ao crédito. Para o presidente do Sincomércio, José Maria de Faria, o cadastro será uma ferramenta útil para consumidores e comerciantes, mas demorará ainda um tempo para se tornar popular. “Vai ser preciso passar um tempo antes de o cadastro adquirir mais corpo, com mais gente aderindo”, disse.
No sindicato, segundo Faria, haverá um formulário para quem quiser aderir ao cadastro positivo. O consumidor terá que responder a perguntas sobre seus hábitos de consumo. Todas as informações só poderão ser consultadas por lojistas ou bancos se o consumidor permitir. Isso tem que ficar explícito no ato da adesão. Na avaliação da Serasa, o cadastro irá beneficiar, principalmente, os consumidores que só pagam à vista ou que hoje não acessam o crédito do mercado porque não têm como comprovar renda. O número chegaria a 26 milhões. Na avaliação da Fundação Procon, ainda não é possível saber se o cadastro fará os juros caírem. Em nota, o Procon disse que isso vai depender da quantidade de pessoas que aderirem ao novo sistema.