As indústrias da região fecharam no ano passado 4.400 empregos formais, com carteira assinada, segundo levantamento divulgado ontem pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Os números contrastam com o balanço dos dois últimos anos, quando o saldo foi positivo, de 2.200 em 2011 e 7.150 em 2010, mesmo ainda com o rescaldo da crise de 2008 que afetou a indústria.
Para os empresários, o mau desempenho é resultado da concorrência com produtos importados, principalmente os chineses. “O poder de compra do consumidor aumentou, mas a indústria não conseguiu acompanhar o ritmo e nem competir com os preços dos importados porque o ‘Custo Brasil’ é muito alto”, disse Almir Fernandes, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São José.
Entre as três regionais, São José teve o pior resultado do ano com o fechamento de 2.200 postos de trabalho, contra a abertura de 1.300 vagas em 2011. Segundo Fernandes, os ‘vilões’ são os setores de aeropeças e autopeças que desde a crise de 2008 não conseguiram recuperar mercado. A regional de São José é formada por oito cidades, entre elas, Caçapava, Caraguatatuba e Jambeiro.
Formada por 28 cidades, a regional de Taubaté registrou saldo negativo de 1.950 empregos em 2012 contra saldo positivo de 100 postos de trabalho em 2010. Os setores de metal, borracha, plástico e químico foram os que mais demitiram na regional. “O crescimento da importação faz cair a produção dos nossos produtos. A competição é muito difícil”, disse José de Arimathéa Campos, diretor executivo do Ciesp de Taubaté.
O fechamento de 250 vagas no ano passado é resultado da má fase dos setores de transformação, borracha, papel, têxtil e metal em Jacareí. “Desde 2009, temos perdido empregos com carteira assinada. É preciso ser mais competitivo para voltar a crescer”, disse Ricardo de Souza Esper, diretor do Ciesp de Jacareí.
Os dados do Ciesp apontam que só em dezembro São José contratou 100 pessoas com carteira assinada, Taubaté demitiu 600 no mesmo período e Jacareí fechou 200 postos de trabalho. Após um ano ruim, as indústrias da região esperam a recuperação a partir do primeiro trimestre de 2013. O otimismo se deve às medidas tomadas pelo governo federal, como desoneração na folha de pagamento e redução nos juros e de encargos sociais. “Vamos sentir o impacto este ano. Tomara que 2013 seja melhor”, disse Fernandes.
O prefeito de São José, Carlinhos Almeida (PT), decidiu reavaliar o projeto de lei de incentivos fiscais elaborado pelo seu antecessor, Eduardo Cury (PSDB). A proposta chegou a ser encaminhada à Câmara, mas encontrou resistência, o que levou o ex-prefeito tucano a recuar. Carlinhos disse anteontem, em um encontro com empresários da cidade, que vai retomar a discussão sobre a proposta com os vereadores.
“Vamos discutir o que é preciso para retomar esse projeto para que possamos definir se vamos retirar, apresentar outro, aperfeiçoar ou negociar com a Câmara alterações na proposta”, afirmou o prefeito. Carlinhos declarou ao empresariado que já determinou ao secretário de Desenvolvimento Econômico de São José, Sebastião Cavali, para que trate da questão.
Quando em tramitação no Legislativo, a proposta da nova lei de incentivos fiscais para dar mais competitividade ao município gerou muita polêmica entre vereadores do bloco governista. Entre os principais questionamentos estava a proposta de criação de um fundo para financiar a instalação de empresas com recursos públicos.
O projeto também foi taxado de muito elitista e de privilegiar apenas o segmento de alta tecnologia e deixar micros e pequenas empresas em segundo plano. Para o diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São José, Almir Fernandes, a proposta de Cury foi elabora sem consulta aos segmentos interessados.
O Vale
Publicado em: 23/01/2013