A Prefeitura de São José dos Campos limitou a 27 dos 160 bairros clandestinos da cidade a meta de regularização até o final do mandato do prefeito Carlinhos Almeida (PT), em 2016. Uma das principais promessas de campanha do então candidato petista, a regularização dos loteamentos clandestinos foi reduzida a 17% do total de áreas. Os primeiros cinco loteamentos serão legalizados até o final deste ano. São eles: Portal do Céu, Santa Rita, Recanto dos Eucaliptos, Primavera 1-A e Primavera 1-B. Segundo Roberti Costa, secretário de Regularização Fundiária, a intenção é acelerar ao máximo a regularização dos loteamentos, o que pode ampliar o número de bairros nos próximos anos.
Para tanto, os principais empecilhos são a burocracia no andamento dos processos e a documentação. “Foi planejado nos quatro anos da administração do prefeito Carlinhos que vamos regularizar 27 loteamentos”, afirmou Costa em entrevista à rádio Stereo Vale, na última sexta-feira. “Mas se levarmos em conta que apenas um bairro foi legalizado [Jardim Mesquita] nas últimas décadas estamos fazendo um avanço extraordinário.” Nas contas da prefeitura, São José tem 160 bairros irregulares, sendo 105 com problemas de área com risco considerado alto e muito alto, que exigem a retirada das famílias.
Todos os bairros que serão regularizados pelo governo petista já estavam em processo de legalização desde o ano passado, no mandato do então prefeito Eduardo Cury (PSDB), que regularizou apenas um bairro, o Jardim Mesquita, em 2011. Na lista dos processos em andamento, com a documentação enviada para o cartório, última etapa antes da regularização, estão os bairros Jardim Coqueiros 1 e 2 e Michigan 2. Outros 22 bairros têm permissão para construção mediante alvará especial, que é concedido aos bairros que estejam com processo de regularização fundiária em andamento na prefeitura. O anúncio dos bairros foi criticado por representantes do PSDB de São José. Para eles, o governo petista não avança em nada nessa área e repete os projetos de 2012.
Quem mora em bairro clandestino está na expectativa de receber a documentação definitiva da casa. Para eles, o governo tem mostrado interesse em acelerar o processo de legalização. “A documentação do bairro deve sair até novembro. Está todo mundo com muita expectativa”, disse o comerciante José Maurício Inácio, 48 anos, que há mais de 20 mora no bairro Primavera “Só com a regularização que poderão vir benefícios, como rede de esgoto e asfalto”, disse a vendedora Fátima Lima, 43 anos, do mesmo bairro.
Representantes do PSDB de São José criticaram a decisão da prefeitura de regularizar apenas 27 dos 160 bairros clandestinos da cidade. Segundo eles, a criação da Secretaria de Regularização Fundiária apontava para a expectativa de um resultado melhor. “Eles estão gastando mais para seguir os projetos do governo anterior”, disse Fernando Petiti (PSDB). Anderson Farias Ferreira, presidente do PSDB em São José, disse que o anúncio mostra que a promessa de campanha foi “enganação”. “Mudou tudo quando eles assumiram o governo.” O vice-prefeito Itamar Coppio (PMDB) disse que o governo vai fazer de tudo para regularizar o maior número de bairros. A limitação se dá por questões burocráticas. “Nenhum bairro irregular ficará sem atendimento.”
Presidente da Comissão de Planejamento da Câmara e membro da bancada governista, o vereador Shakespeare Carvalho (PRB) disse que muitos processos iniciados em 2012 tiveram que ser refeitos por erros técnicos ou falta de documentos. A Prefeitura de São José dos Campos irá priorizar moradores de áreas de risco para ocupar casas de residenciais populares que estão sendo construídas na cidade. Dos 160 bairros clandestinos, 105 estão em áreas de risco considerado alto e muito alto. A retirada deles é reivindicada também pelo Ministério Público de São José, que pede agilidade no remanejamento. Moradores do bairro Primavera, um dos cinco que serão regularizados pela Prefeitura de São José neste ano, estão ansiosos para receberem o documento de posse, um alvará especial até que a inscrição definitiva do imóvel seja registrada. “Com esse documento já podemos ter a segurança da casa em nosso nome”, disse José Maurício Inácio.