Com apenas 31% da meta atingida, o programa de Internet Gratuita em São José, lançado em janeiro do ano passado, vai passar por um processo de revisão técnica no governo do PT. Quando foi lançado, na gestão do ex-prefeito Eduardo Cury (PSDB), a expectativa era alcançar 20 mil usuários até o final de 2012.
Mas apenas 6.205 moradores de São José aderiram ao programa, que é oferecido a 127 bairros periféricos. Eles tiveram que pagar, em média, R$ 240 por um kit para receber o sinal, que é considerado fraco 256 Kbps para baixar arquivos da internet e 64 Kbps para postar dados na rede. O governo do PT avalia medidas para aumentar a intensidade do sinal, corrigir interferências na transmissão dele para os lugares mais distantes e baratear o custo de instalação dos equipamentos. A contratação de uma nova empresa está praticamente descartada o contrato assinado pelo governo anterior só vence em 2015.
A Secretaria de Administração confirmou que está fazendo estudos para melhorar o programa, mas não deu detalhes das medidas para resolver os gargalos técnicos. Sérgio Luiz Pinto Ferreira, secretário de Administração até o final do ano passado, disse que deixou um estudo preliminar para elevar a intensidade do sinal a 1 mega, além de oferecê-lo a bairros mais adensados em todas as regiões da cidade.
“Com 1 mega, é possível atrair mais pessoas ao programa. E não fica muito caro fazer os ajustes técnicos para se chegar à essa velocidade”, afirmou Ferreira. “Havia também a meta de oferecer o sinal a bairros populosos em todas as regiões da cidade, como o Jardim Satélite, por exemplo”. Usuários e técnicos que experimentaram o programa disseram que ele é técnica e economicamente “inviável”, além de não oferecer a estabilidade exigida no sinal.
O sinal de internet do programa é fornecido pela empresa NipBr (ex-NipCable), que foi contratada em janeiro de 2012, por R$ 1,3 milhão. Para aumentar a intensidade do sinal, a prefeitura teria que fazer um aditivo ao contrato original. Por lei, o valor não pode ultrapassar R$ 325 mil ou 25% do valor.
O engenheiro Roberto Pinheiro, responsável pela área técnica da NipBr, confirmou que a empresa é capaz de ampliar o sinal de internet se a prefeitura quiser. “O que oferecemos é o que rege o contrato. A prefeitura tem que mudá-lo para a gente resolver a questão técnica”, afirmou. Para o vereador Carlinhos Tiaca (PMDB), um dos críticos do programa, a revisão técnica é necessária para melhorar a internet gratuita. “Mas o sinal não pode ser interrompido para quem já aderiu ao programa”, lembrou ele. “A prefeitura tem que analisar e melhorar para todo mundo”.
Usuários do programa de Internet Gratuita da Prefeitura de São José consideram o sinal fraco e instável para os bairros mais distantes, justamente os alvos da proposta, lançada em janeiro de 2012. O sinal é disponibilizado em 127 bairros periféricos da cidade e também em parques e áreas públicas, como centros de esportes. Nestes locais, dependendo da quantidade de usuários conectados, o sinal é considerado bom.
“Uso mais nos parques da cidade, como no Santos Dumont, porque o sinal é tão forte como nas lan-houses”, disse o educador social Diego Rodrigues, 26 anos. “Tive muitos problemas de conexão e estabilidade do sinal e desisti do programa. Vou esperar a prefeitura melhorar para aderir de novo”, afirmou o mecânico Antônio Silva, 35 anos, da região norte.
Para Anderson de Almeida do Espírito Santo, presidente da regional norte da Associação Movimento Comunitário e Popular, o programa da prefeitura é inviável. “O contrato não atende as necessidades técnicas para levar o sinal em todos os bairros que a prefeitura anunciou. O número de antenas repetidoras é insuficiente.” Ele tem a experiência de oferecer na Vila Paiva, na região norte, internet gratuita para 60 moradores. “Nosso sinal consegue ser mais forte do que o da prefeitura”.
O Vale
Publicado em: 16/04/2013