Moradores de bairros que abrigam mais áreas consideradas ‘vazios urbanos’ em São José, como nas regiões leste e norte, são mais favoráveis à construção de prédios na cidade. É o que mostra a pesquisa O VALE/Mind. O levantamento revelou que 51,7% dos eleitores entrevistados aprovam a construção de mais prédios em São José para “movimentar a economia e ampliar a oferta de moradias”.
Outros 40,7% responderam que será ruim, porque pode colocar em risco a qualidade de vida. Outros 7,6% dos não sabem ou não responderam. Foram ouvidas 600 pessoas de todas as regiões da cidade, entre os dias 29 e 30 de agosto. A margem de erro é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral.
Entre aqueles que aprovam os ‘espigões’ em São José, a maior média de concordância ficou com moradores das regiões norte, leste e sudeste, respectivamente de 58,5%, 56,5% e 54,5% de aprovação. No lado oposto, quem mora nas regiões sul, central e oeste, mais adensadas do que as outras, tiveram as menores taxas de aprovação dos prédios, respectivamente de 49,6%, 47,6% e 34,5%.
Para arquitetos e urbanistas, os dados da pesquisa mostram que a lei de zoneamento da cidade, que limitou a construção de prédios altos em São José, precisa ser revista. “Não é nenhuma surpresa o resultado da pesquisa. As regras para a construção de prédios têm que levar em conta o tamanho da área e os impactos na região, e não a quantidade de andares. Isso limita muito o desenvolvimento”, disse o arquiteto Rolando Rodrigues.
O advogado e ambientalista Fernando Delgado disse que a cidade passou a sofrer da “síndrome do Aquarius”, em referência aos problemas de adensamento de prédios num dos principais bairros da região oeste de São José, que conta com 101 edificações prontas e mais 21 em construção.
“A falta de regras levou ao exagero no Aquarius, traumatizando a prefeitura que extremou as regras para construção de torres. Tem que ter um equilíbrio para não prejudicar o crescimento de São José.” Presidente da AEA (Associação de Engenheiros e Arquitetos) de São José, Carlos Vilhena, disse que não se trata de uma questão que envolve apenas a prefeitura e as construtoras, mas sim todo o setor econômico da cidade. “Empresas estão com dificuldade de se estabelecer em São José. Isso vai afugentar investimentos”, afirmou.
Para Cynthia Gonçalo, diretora do Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento), a pesquisa está em “consonância com as premissas da legislação que possibilita prédios em todas as regiões da cidade por entender sua importância para a economia”. No entanto, ressaltou ela, a Lei de Zoneamento associa a estes empreendimentos novos parâmetros urbanísticos para a manutenção da qualidade de vida população.
Os “valores fundamentais” das limitações previstas na legislação, segundo Cynthia, servem para promover a “sustentabilidade, preservar o ambiente e a paisagem urbana e trazer mais qualidade de vida”. A diretora disse ainda que a regra incentiva a descentralização da verticalização, para promover novos centros em bairros como Novo Horizonte (leste), Putim (sudoeste) e Urbanova (oeste).
O Vale