A Embraer Defesa e Segurança planeja entrar em uma nova área: a dos navios de guerra. E novos empregos devem ser gerados em São José e região. Segundo a empresa, os estudos para dar início a esse projeto inédito na história da terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo já começaram.
Conhecida por seus aviões, a empresa pretende expandir o mercado na área de defesa, como já fazem a Boeing e Airbus. O sucesso no novo segmento vai depender, principalmente, do número de pedidos de navios da Marinha do Brasil.
Vale lembrar que em 2008 o governo criou a Estratégia Nacional de Defesa e, em 2011, investiu R$ 74 bilhões na área de defesa. Ao todo, a Marinha anunciou a aquisição de 27 navios-patrulha de 500 toneladas no valor estimado de R$ 65 milhões cada. Até agora, apenas sete dessas embarcações foram encomendadas.
Para o pesquisador de assuntos militares da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), Expedito Bastos, o projeto deve sair do papel e se consolidar em um prazo de cinco anos. “A Embraer é uma das poucas empresas do Brasil que têm condições de gerenciamento na área militar. É importante se diversificar. Acho até que a empresa deveria construir helicópteros. O país precisa”, afirmou ele.
De acordo com o gerente do Cecompi (Centro para Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), Agliberto Chagas, a cadeia de fornecedores da região está preparada para receber pedidos. “As empresas terão apenas que se adequar às novas normas e certificações”, disse o gerente.
Ao longo dos anos, as grandes empresas aeronáuticas se transformaram em conglomerados, o futuro da Embraer. Segundo o professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e pesquisador de indústria aeronáutica e defesa, Marcos Barbieri, a Embraer vai passar a utilizar o conhecimento que tem em outra área como a de defesa.
“A Embraer tem grande capacidade de integração de sistema. E deve avançar ainda mais atuando na área naval”, disse ele. Para que o projeto seja concluído, a empresa precisa de um estaleiro. De acordo com o pesquisador, há três alternativas: construir, comprar um já existente ou se tornar parceiro de algum estaleiro.
Saindo do papel, o novo projeto deve gerar empregos na região. “É algo muito favorável para São José e região. Deve haver contratações e subcontratações na área de sistema”, afirmou. Novos concorrentes na área da aviação civil estão surgindo como a Rússia, China e índia. Segundos Bastos, o Japão deve entrar no mercado nos próximos anos. “É preciso diversificar para sobreviver no mercado”, disse.
A Embraer Defesa e Segurança foi criada há dois anos e já é responsável por 18% da receita global da empresa e deve atingir faturamento de US$ 1 bilhão até o fim do ano. No período, se associou à Atech (sistemas de comando e controle, comunicações avançadas e controle de tráfego aéreo), Orbisat (radares), Harpia Sistemas (Vant) e a Ogma, com manutenção e fabricação de aeroestruturas. Para atender a nichos específicos, criou a Visiona (satélites) e a Savis (monitoramente e controle).
“A Embraer já começou a diversificar com os contratos da Visiona e Sisfron”, disse o presidente do Cecompi, Agliberto Chagas”. A Visiona será responsável pela produção do satélite geoestacionário que será lançado pelo governo em 2014. E o Sisfron vai monitorar as fronteiras do Brasil.
O Vale
Publicado em: 03/12/2012