Com eleição de 2014, Câmara sofre ameaças de ‘rachar’ partidos

A montagem das chapas de candidatos a deputado estadual e federal nas eleições do ano que vem ameaça provocar ‘rachas’ no PT e no PSDB de São José dos Campos. O secretário de Transportes, Wagner Balieiro (PT), já avisou o partido que não abre mão de disputar vaga na Assembleia Legislativa. A insistência dele em sair candidato provocará uma ‘saia-justa’ para o prefeito Carlinhos Almeida (PT), que tem trabalhado para consolidar a ‘dobradinha’ entre a presidente da Câmara, Amélia Naomi (PT), e o vice-prefeito Itamar Coppio (PMDB). Com a entrada de Balieiro no páreo eleitoral, Carlinhos terá palanques divididos, a exemplo do que aconteceu em 2010, quando Balieiro e Itamar foram candidatos a deputado estadual, não se elegeram e acabaram vendo os votos do bloco PT-PMDB serem pulverizados.

Já no PSDB, o líder da bancada de oposição na Câmara, Juvenil Silvério, deve deixar a sigla por falta de espaço para ser candidato a deputado em 2014. Hoje, os tucanos trabalham pelas reeleições de Hélio Nishimoto na Assembleia Legislativa e Emanuel Fernandes na Câmara Federal. No entanto, Emanuel já teria manifestado às lideranças do partido em São José a intenção de não tentar novo mandato, o que abriria caminho para a candidatura do ex-prefeito Eduardo Cury. No entendimento dos tucanos, na ausência de Emanuel ele seria único nome com potencial para conquistar os 140 mil votos que devem ser necessários para garantir uma cadeira no Parlamento federal.

Emanuel, Cury e os membros da Executiva municipal se reuniram na última segunda-feira para discutir o cenário eleitoral de 2014 e devem intensificar as conversas até o fim deste ano. A pouco mais de um ano para o pleito do ano que vem, os ‘atores’ do xadrez eleitoral PT-PMDB-PSDB ainda fazem mistério sobre os papéis que irão desempenhar em 2014. Emanuel não confirmou ontem se será candidato à reeleição, Amélia disse que sua preocupação no momento é com o processo de eleição da nova direção do PT joseense em dezembro e Balieiro e Juvenil não foram localizados para comentar o assunto. Já Itamar Coppio e Cury foram evasivos sobre suas pretensões eleitorais. “Acredito que serei candidato e terei o apoio do Carlinhos. Quanto a candidatos do PT, você tem que perguntar para eles”, disse o vice-prefeito. “Em nenhum momento se falou sobre uma eventual candidatura minha. Por enquanto, estamos discutindo o cenário eleitoral e não nomes”, afirmou o ex-prefeito.

Para o presidente do PT de São José, Giba Ribeiro, se for confirmada a candidatura de Wagner Balieiro a deputado estadual o partido sairá fortalecido. “A candidatura do Itamar Coppio fortalece nossa política de alianças. A candidatura do Wagner fortalece o PT”, disse Giba. O presidente do PSDB de São José, Anderson Ferreira, disse que nomes só serão discutidos em outubro. Não é só o PT e o PSDB que aceleraram a montagem de chapas para as eleições de 2014. O PSB pretende definir até outubro os nomes de 10 candidatos a deputado estadual e federal nas cidades da RMVale.  “Esta foi a missão que recebi das direções estadual e federal. Já estou visitando as cidades”, disse o vereador de São José Walter Hayashi (PSB).

Os dois maiores partidos vivem em guerra na cidade

A três dias da eleição, militantes dos candidatos Carlinhos Almeida (PT) e Alexandre Blanco (PSDB) travam uma guerra eleitoral nas ruas de São José. Agressões verbais, atos de vandalismo e até cartas que relacionam um dos candidatos ao Anticristo fazem parte do arsenal de ataque de simpatizantes dos dois candidatos que polarizam a disputa pelo Paço.

Ontem, o PSDB acusou cabos eleitorais petistas de agressão a duas militantes tucanas que distribuíam cópias de um folheto que compara a cidade administrada hoje pelo PSDB com a da época do governo Angela Guadagnin (1993-1996). A primeira versão do folheto, que está proibido pela Justiça, foi reeditada e distribuída aos eleitores.

“Infelizmente, os militantes do PSDB estão sofrendo ataques de pessoas ligadas ao PT. Isso demonstra que o respeito que temos pelos adversários não está sendo correspondido”, disse o coordenador da campanha de Blanco, Anderson Ferreira. Um funcionário da Fundhas (Fundação Hélio Augusto de Souza) que é simpatizante do PT teve o carro depredado dentro da unidade na madrugada da ontem, no Parque Industrial.

Adesivos de Carlinhos e do candidato a vereador Carlos Arcanjo (PP) foram arrancados e colados sobre o para-brisa, que foi quebrado. Pneus foram murchados e a traseira lateral amassada. “Não tenho inimigo dentro da Fundhas. Pela forma como o carro foi deixado, parece motivação política”, disse o motorista Luiz Ferreira de Mello, dono do Fiesta depredado. Ele fez boletim de ocorrência e irá encaminhar um memorando para a direção da Fundhas. A fundação informou que o caso será averiguado.

Candidato a vereador pela coligação de Blanco, o pastor da Assembleia de Deus Missão Lenivaldo Silva (PDT), conhecido como pastor Leno, distribuiu 2.000 cartas onde compara o PT ao governo do Anticristo. “Sinceramente, como crente não consigo entender como um pastor pode pedir a seus membros que votem no PT. O PT é um partido compromissado com uma nova ordem mundial, que a Bíblia chama de governo do Anticristo”, disse o pastor em seu folheto. O PSDB afirmou desconhecer o conteúdo do material.

O Vale

Publicado em: 05/10/2012

Partidos que disputam a Prefeitura liberam ‘doação oculta’

Os dois principais partidos que disputam a Prefeitura de São José dos Campos, PSDB e PT, vão utilizar comitês financeiros unificados na captação de verbas para candidatos a prefeito e vereador, dificultando a identificação de doadores. A prática é considerada legal.

Com os comitês unificados, os recursos são repassados à coligação, e não diretamente ao candidato quem transfere o dinheiro ao candidato acaba sendo o comitê, sem identificar a fonte. Essa triangulação permite que pessoas físicas e jurídicas financiem campanhas sem associar o próprio nome ao candidato favorito.

As coligações têm até manhã para registrar seus comitês na Justiça Eleitoral. Tanto os candidatos, quanto os comitês serão obrigados a prestar contas de tudo o que gastam e arrecadam. Na prática, ao ser doado ao comitê, o dinheiro pode ser carimbado a um candidato, passando pelo caixa unificado em caráter meramente ilustrativo.

Saindo do comitê, os valores doados serão expostos na prestação de contas individual do candidato como sendo oriundo do comitê, e não de doador físico ou jurídico. Somente na prestação de contas dos comitês financeiros será possível ver a relação de doadores, mas dentro do ‘bolo’ da coligação impedindo que o eleitor saiba, de fato, quem financiou a campanha de seu candidato.

“Esse é um dos problemas mais graves que temos no sistema político”, afirma o cientista político da Unitau, José Maurício Cardoso do Rêgo. “São mecanismos escusos, que são tolerados, que apesar de legais são imorais, que sustentam candidaturas também escusas. É uma prática constante em todos os partidos, que macula o processo.”

A legislação eleitoral permite, mas não obriga, a constituição de até dois comitês, um para a campanha majoritária e outro para a proporcional. Além de PSDB e PT, outros partidos também devem utilizar comitês financeiros únicos. Caso do PSB, que também tem candidato ao Paço. O PV, outra sigla que disputa a prefeitura, não respondeu ontem a O VALE.

“A legislação permite que existam essas desconfianças. Por isso, defendo a revisão de todo o sistema, com o financiamento público de campanha”, afirmou o presidente do PT, Wagner Balieiro. “O comitê único existe para facilitar e integrar as movimentações. Nunca fizemos no passado e não faremos nenhuma triangulação. Se alguém quer doar direto para um candidato, que o faça assim”, disse o coordenador da campanha do PSDB, Anderson Ferreira.

O Vale