As chuvas dos últimos dois dias provocaram estragos em nove cidades da região, mas a Defesa Civil monitora ainda mais sete que estão ameaçadas de deslizamentos ou alagamentos. Ao menos 220 pessoas estão fora de suas casas em Campos do Jordão e São Luís do Paraitinga, onde a situação é mais grave. O cenário ainda pode piorar, já que a previsão é que a chuva continue até a sexta-feira.
Entre as demais cidades afetadas, Taubaté sofre com a interdição de uma de suas principais rodovias, a Amador Bueno da Veiga, que interliga a cidade a Pinda e Tremembé. Também há registros de problemas em São Sebastião e Caraguatatuba, no Litoral Norte, e em Cunha, Caçapava e Jacareí.
Já em São José, a Defesa Civil mantém o alerta no Mirante do Buquirinha, bairro da zona norte que sofreu com a cheia do rio Buquira na semana passada. Até ontem a noite, o rio ainda estava 1,80 metro acima do seu nível normal.
Segundo o coordenador regional da Defesa Civil, capitão Rinaldo de Araújo Monteiro, a situação no Vale melhorou, porém ainda preocupa. “O acumulado das chuvas tem diminuído, porém a chuva fina de hoje (ontem) caiu em um solo já encharcado, o que eleva o risco.”
Uma equipe do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), em parceria com a Casa Militar do governo de São Paulo, está realizando o mapeamento das áreas de alto e muito risco de deslizamentos e inundações. Já foram vistoriados Areias, Bananal e Cruzeiro. Hoje será a vez de Lavrinhas e, amanhã, Queluz.
“Nosso objetivo é mapear as cidades que não têm o seu mapa de áreas de risco atualizadas. Depois, queremos verificar formas de minimizar ou mesmo eliminar os riscos identificados”, afirmou o geólogo Marcelo Gramani. Apesar de as famílias já terem voltado para suas casas, a Defesa Civil de São José continua monitorando o Mirante do Buquirinha, na zona norte da cidade. Ontem, por causa das chuvas em Monteiro Lobato, a água do rio Buquira subiu 1,80 metro e chegou a atingir algumas ruas do bairro.
“O nosso medo é que volte a encher as casas. Nem desci as minhas coisas do cavalete. Como a Defesa Civil avisou que as chuvas vão continuar, achei melhor não arriscar e ter de empilhar tudo de novo”, afirmou a dona de casa Maria Aparecida Vidoti, 52 anos.
O vereador Carlinhos Tiaca (PMDB) esteve ontem à tarde no local para ver como está a situação dos moradores. “A minha proposta, já que eu acredito que a prefeitura não terá dinheiro para indenizar todas as casas, é que ela compre terreno próximo ao Mirante e coloque as pessoas para morar nele”, afirmou.
Ainda ontem, pela manhã, funcionários municipais estiveram nas ruas e fizeram medições nos muros das casas. Em algumas delas, foi marcado um triângulo branco. A prefeitura não informou o motivo das medições. A Defesa Civil está também monitorando outras áreas de risco da cidade, entre elas, o bairro Rio Comprido, na zona sul de São José.
“Por enquanto não aconteceu nada mas, quando começa a chover, eu fico de olho. Como moro na parte baixa da rua, se o barranco desmoronar, trará para cima da minha casa as outras que estão nele”, disse a faxineira Elizângela Ribeiro, 37 anos. Em janeiro de 2011, um deslizamento de terra causou a morte de cinco pessoas no bairro. Cerca de 300 casas estão condenadas pela Defesa Civil no local.
O Vale
Publicado em: 15/01/2013