Teste de interatividade realizado por O VALE reprovou metade dos vereadores de São José dos Campos. Dos 21 parlamentares da cidade, 10 não responderam os e-mails encaminhados pela reportagem com pedidos de ajuda para conseguir vaga em creche, bolsa de estudo, cirurgia e compra de materiais de construção. Não deram retorno às solicitações a presidente da Câmara, Amélia Naomi (PT), e os vereadores Dulce Rita (PSDB), Renata Paiva (DEM), Walter Hayashi (PSB), Macedo Bastos (DEM) e Dilermando Dié Alvarenga (PSDB).
Também não responderam os e-mails Robertinho da Padaria (PPS), Fernando Petiti (PSDB), Tonhão Dutra (PT) e Willis Goulart (PP). As correspondências eletrônicas foram encaminhadas entre as 18h40 e as 19h22 da última segunda-feira. Os vereadores tiveram três dias para responder. Atualmente, cada parlamentar tem pelo menos cinco assessores.
Entre os parlamentares que responderam, o mais rápido foi o ‘novato’ Rogério Cyborg (PV), que encaminhou retorno às 7h04 da última terça-feira, logo no início do expediente daquele dia no Legislativo. O último a dar retorno foi o também ‘novato’ Calasans Camargo (PRP) no caso, às 10h17 da última quinta-feira. Nenhum vereador se comprometeu a conseguir para os munícipes a vaga em creche, a bolsa de estudo e o material de construção e ajudar a agilizar cirurgia, o que caracterizaria clientelismo.
Em geral, eles se limitaram a pedir telefones de contato dos moradores para dar explicações sobre os motivos de não poderem atender as solicitações feitas. Já os 10 vereadores que não responderam alegaram que não receberam os e-mails, que houve erro na hora do encaminhamento das respostas ou que não tiveram tempo hábil de responder devido ao excesso de demandas.
O professor de Ciências Políticas da Unitau (Universidade de Taubaté) José Maurício Cardoso Rego criticou o que ele classificou como falha de comunicação e de interação dos vereadores com a população da cidade. “A Câmara de São José tem estrutura mais do que suficiente para dar retorno a todas as solicitações que são encaminhadas aos vereadores. Mesmo quando o pedido não pode ser atendido, é de se esperar que o morador receba uma resposta”, afirmou o especialista.
“Estrutura para responder existe. Se não houve resposta, é porque há falha na comunicação e na interação com a comunidade e isto precisa ser corrigido”, completou. O presidente do PSTU de São José, Antônio Donizete Ferreira, o ‘Toninho’, não ficou surpreso. “Mostra descaso com os moradores”. Embora sustentem que costumam dar resposta aos questionamentos e pedidos encaminhados pela população, os 10 vereadores de São José que não retornaram os e-mails do teste de O VALE admitiram falha na comunicação.
Tonhão Dutra (PT) e Willis Goulart (PP) alegaram que não receberam os e-mails. Já Dulce Rita (PSDB) e Renata Paiva (DEM) disseram que tentaram responder, mas que houve erro na hora da digitação do endereço eletrônico para o retorno, o que impediu que a resposta chegasse. A presidente da Câmara, Amélia Naomi (PT) informou, por meio da assessoria, que seu e-mail esteve com problema durante toda a semana passada, não sendo possível acessar os encaminhamentos nem respondê-los. Também por meio da assessoria, Dilermando Dié Alvarenga (PSDB) informou que o pedido não foi respondido em tempo hábil porque havia questões mais urgentes.
“Como era pedido de bolsa de estudo, a assessora separou para que eu respondesse. Não deu tempo”, disse Robertinho da Padaria (PPS). “Fiquei em São Paulo a semana toda e por isto não foi possível responder”, afirmou Walter Hayashi (PSB). Fernando Petiti (PSDB) e Macedo Bastos disseram que costumam responder os e-mails, mas que a grande demanda impediu que houvesse retorno rápido.