Hoje no laboratório, amanhã em sua sala de estar. As incríveis tecnologias desenvolvidas em empresas, polos tecnológicos e universidades, que muitas vezes dão ares futuristas aos negócios, se tornarão corriqueiras daqui a algumas décadas.
Basta lembrar que a frigideira, a calça e o pacote de bolachas devem muito à pesquisa espacial. Foram as tecnologias desenvolvidas para a conquista do espaço que permitiram a criação do teflon, do velcro e do código de barras.
Na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, especialmente em São José dos Campos, várias dessas novas tecnologias já estão em desenvolvimento. Elas são usadas hoje para monitorar frotas de veículos, descobrir áreas de risco, vigiar multidões, tratar efluentes industriais, reduzir o desperdício na construção civil e construir aviões.
Mas serão capazes de levar inteligência e conforto ao transporte coletivo, por exemplo, permitindo que o usuário receba, no celular, informações de quais ônibus estão chegando ao ponto em que ele estiver. Para Margareth Lopes Leal, assessora técnica da Coordenadoria de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, as tecnologias serão incorporadas à vida das pessoas naturalmente. Do contrário, não há sentido em investir nelas.
“A tecnologia vai interferir cada vez mais na vida das pessoas, principalmente na superação dos problemas de metrópoles urbanas”, diz. Na região, Margareth destaca a aplicação dessa ênfase no Parque Tecnológico de São José dos Campos, considerado referência para todo o Estado, que tem 14 parques instalados e outros 14 em implantação. “O parque de São José é a nossa ‘menina dos olhos’. Muito bem estruturado, com visão de futuro e na qualidade de vida das pessoas. Essa é a boa tecnologia.”
O Deinter 1 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), órgão responsável por gerenciar a Polícia Civil nas 39 cidades do Paraíba, investe em tecnologia para conter a onda de violência no Vale. Com 449 assassinatos em 2012, a região é a mais violenta do interior do Estado há três anos.
Além dos sistemas atualmente em uso pela polícia, como Alpha, Guardião e Ômega, a corporação usa novos softwares conhecidos como “I2” que permitem uma análise visual da investigação, além do cruzamento de bancos de dados dos mais diversos.
Trata-se de um sistema usado pelas melhores polícias investigativas do mundo, como o FBI (a polícia federal norte-americana), a Scotland Yard (Inglaterra) e a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal). Os italianos usaram o I2 para investigar e prender mafiosos e os americanos, a Al-Qaeda de Osama bin Laden.
“O sistema é conhecido como ‘teia de aranha’ porque permite cruzar dados e investigar ligações entre criminosos de maneira fácil e rápida, com suporte tecnológico de primeiro mundo”, disse João Barbosa Filho, diretor do Deinter 1.
Segundo ele, uma análise de dados que demorava 15 dias para ser feita pelos policiais leva alguns segundo com o I2. O sistema é operado pela Polícia Civil sob licença do fabricante. Uma espécie de versão beta está rodando nos servidores do Dipol (Departamento de Inteligência da Polícia Civil) até que o governo do Estado feche contrato com a empresa detentora dos direitos. O valor não foi divulgado. Na sala de inteligência do Deinter-1, analistas trabalham em computadores conectados ao I2 para investigar os diversos crimes na região. Ele permite aos policiais entender tramas criminosas complexas.
O Vale
Publicado em: 25/02/2013