Entre 2010 e 2011, os vereadores de São José batizaram 154 ruas e praças. No período, eles também criaram 42 datas comemorativas, como o Dia do Garçom e o Dia da Prevenção contra o Câncer de Próstata. Tal exercício de criatividade para nomes e datas representa 51,6% de todas as leis criadas pelos parlamentares nos dois anos.
Dos 379 projetos de lei apresentados pelos vereadores, no período, que vieram a ser aprovados em plenário, 259 (68,3% do total) são matérias com efeito decorativo. Entenda-se por proposituras de pouco efeito aquelas que se referem a denominações de ruas, criação de datas comemorativas, concessão de medalhas ao mérito, entre outros.
Nos projetos restantes, encontram-se desde aqueles que determinam a distribuição de fraldas descartáveis a pessoas com deficiência até os que proibem o fumo em pontos de ônibus e o despejo de óleo de cozinha na pia nobres no objetivo, como defendem os vereadores, mas inócuos para o cumprimento da lei.
Considerando-se o custo da Câmara nos dois anos, de R$ 73,2 milhões referente aos Orçamentos de 2010 e 2011, cada uma das 379 leis, de autoria dos vereadores, aprovadas custou mais de R$ 193 mil ao contribuinte. Como critério de produtividade, os números são rebatidos pelos vereadores (leia ao lado). Contudo, eles próprios admitem que o último mandato do grupo de 21 parlamentares deixou a desejar. Neste ano, 20 dos vereadores são candidatos à reeleição.
“Temos hoje na Câmara despachantes de luxo. Não temos discussão”, afirma a vereadora Amélia Naomi (PT). “A sociedade precisa cobrar, exigir”, completa. “Há muito tempo as Câmaras são subservientes ao Executivo. Elas deixaram de fiscalizar e fazer cumprir a lei”, avalia o sociólogo político Alacir Arruda.
O Vale