A Prefeitura de São José dos Campos ainda não sabe qual o impacto que a redução da tarifa de ônibus para o valor de R$ 3 vai causar nos projetos de investimentos para melhorias no transporte público da cidade. O pacote de melhorias anunciado pelo governo como implantação do bilhete único, integração total do sistema, frota de ônibus articulado e remodelação de linhas deverá ser revisto.
As empresas de ônibus poderão ter uma queda anual na receita de até R$ 11, 2 milhões, considerando a tarifa de R$ 3. Em 2012, a média mensal de passageiros foi de 4.672.821, segundo dados da planilha de custos apresentada em fevereiro. A frota atual é de 385 ônibus. Por meio da assessoria de imprensa, o secretário municipal de Transportes, Wagner Baleiro, declarou “estar consciente de que a decisão vai implicar em ajustes e causará impactos no equilíbrio econômico do sistema”. A prefeitura informou que vai divulgar esta semana quais projetos deverão ser revistos.
O governo reduziu pela segunda vez o valor da tarifa em São José, pressionado pela onda de protestos que se espalhou pelo país contra as tarifas. O anúncio foi feito na última quinta-feira, antes do protesto programado pelo Movimento Passe Livre. Mesmo com a redução, o protesto aconteceu e levou para às ruas da cidade cerca de 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, e 20 mil, segundo os organizadores. Em fevereiro, a prefeitura reajustou o valor da tarifa de R$ 2,80 para R$ 3,30. Depois, em junho, com base nas desonerações de impostos concedidas pelo governo federal, a tarifa foi reduzida para R$ 3,20. O Ministério Público de São José investiga o aumento concedido em fevereiro. A prefeitura enviou na semana passada as informações solicitadas pelo MP.
A Avetp (Associação Valeparaibana das empresas de Transporte de Passageiros) se reúne na próxima quarta-feira para avaliar o impacto da redução da tarifa de ônibus e quais os investimentos que deverão ser revistos. A tarifa em São José vai custar a partir de amanhã R$ 3 nos dias de semana e R$ 2,50 aos domingos. A entidade que representa as empresas do transporte urbano de Jacareí, São José dos Campos, Caçapava e Taubaté fechou acordo salarial com o Sindicato dos Condutores, concedendo reajuste de 8,5% para a categoria. O salário dos funcionários também é um item que causa impacto no custo da planilha para a composição do preço da tarifa.
Com o reajuste, o salário base dos motorista passa a ser de R$ 2.297,48 e o dos cobradores de R$ 1.422, 13. Segundo a Avetp, o piso da região é o mais caro do país. Em São Paulo, o salário base do motorista é R$ 1.955,10 e o de cobrador R$ 1.129,80. Em Campinas, o salário do motorista é de R$ 1.866,67 e o de cobrador, R$ 828,88. O presidente do Sindicato dos Condutores da região, José Roberto Gomes, considerou correto a prefeitura baixar o preço da tarifa. Segundo ele, as empresas “faturam muito com o sistema”.
Pelo contrato de concessão do transporte público realizado em 2008, a renovação da frota deve ocorrer a cada cinco anos. Em fevereiro, a Expresso Maringá concluiu a renovação da sua frota com 40 veículos. O transporte coletivo em São José é operado pelas empresas Expresso Maringá, que possui 121 ônibus, a SCS Brasil, que possui 134, e a Saens Peña, com 131 veículos. As empresas transportam cerca de 215 mil pessoas por dia.