A confirmação da Embraer Defesa e Segurança como fornecedora de 20 aeronaves Super Tucano para a Força Aérea dos Estados Unidos, anunciada anteontem, abre uma perspectiva positiva de mercado para o setor aeronáutico na região.
Para especialistas, a medida pode ‘desencantar’ o programa F-X2, que prevê a compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira. Para empresários e lideranças da área, a Embraer, com sede em São José dos Campos, garante entrada no maior mercado de defesa do mundo, que deve beneficiar e fortalecer a cadeia produtiva no Vale do Paraíba.
“Avião brasileiro é símbolo de avião de qualidade. É mais uma demonstração de competência e tende a nos ajudar quando formos nos apresentar no mercado dos Estados Unidos”, disse Graciliano Campos, presidente da Novaer Craft, empresa incubada na Univap (Universidade do Vale do Paraíba). O objetivo de Campos é fabricar aviões monomotores de quatro lugares que devem ser vendidos no mercado brasileiro, América do Sul e, futuramente, nos EUA.
“Tudo o que a Embraer vende tem reflexo positivo na cadeia produtiva”, disse Agliberto Chagas, gerente do (Centro para Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista). Para ele, a vitória da Embraer pode gerar novos empregos na região e garante a manutenção de milhares de postos de trabalho. “Entrar no mercado da maior potência do mundo é o carimbo da competência”, afirmou Chagas. Segundo Sebastião Gilberti Cavali, secretário de Desenvolvimento Econômico e Ciência e Tecnologia de São José, a Embraer é um motivo de orgulho. “Sinônimo de competência e vitrine para o mundo”.
A vitória da Embraer na concorrência nos EUA trouxe à tona o programa F-X2 da FAB (Força Aérea Brasileira), que se arrasta desde 2001. Para Expedito Bastos, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), a notícia pode, de alguma forma, apressar o andamento da escolha do vencedor.
“Quem sabe agora o F-X2 desencanta. A escolha da Embraer para fornecer equipamentos e aeronaves para o setor militar dos Estados Unidos é muito importante para todo o Brasil”, afirmou ele. O anúncio da vitória pode beneficiar o caça norte-americano F-18 Super Hornet, produzido pela Boeing já apontado pela FAB como melhor opção para modernizar a frota brasileira. Em junho do ano passado, Embraer e Boeing assinaram um acordo de cooperação para o programa KC-390, que é um projeto da Força Aérea Brasileira, para o qual a Embraer foi contratada, em abril de 2009, para desenvolver um cargueiro militar.
O acordo prevê o compartilhamento de conhecimentos técnicos específicos e a avaliação conjunta de mercados onde poderão estabelecer estratégias de vendas no segmento de aeronaves de transporte militar de médio porte. “É um ganho de integração de sistema e transferência de tecnologia”, disse Bastos.
Concorrência.
Ontem, a Força Aérea dos Estados anunciou a Embraer Defesa e Segurança como vencedora da concorrência avaliada em US$ 427 milhões para o fornecimento inicial de 20 aeronaves Super Tucano para o programa LAS (Light Air Support), ou apoio aéreo leve. Há expectativa de compra de mais aeronaves, podendo chegar a 55, em um contrato de até US$ 1,1 bilhão.
As aeronaves serão fornecidas em parceria com a Sierra Nevada Corporation e utilizadas em missões de treinamento avançado em voo, reconhecimento aéreo e apoio aéreo tático, com finalidade de operar em missões de vigilância de fronteira e ataques contra insurgência no Afeganistão e segurança nacional.
O Vale
Publicado em: 01/03/2013