A Cavo Serviços e Saneamento, que presta serviço desde anteontem de forma emergencial para a Prefeitura de São José dos Campos, está entre as principais doadoras de campanhas eleitorais do PT nos últimos anos. A empresa foi contratada com dispensa de licitação pela Urbam (Urbanizadora Municipal) para fazer a coleta de lixo no lugar da empresa VSA (Vale Soluções Ambientais), que teve o contrato rescindido. A Cavo, que vai atuar por três meses em São José e receber R$ 4,049 milhões da Urbam, é doadora de campanhas do PT desde 2004. Durante este período, ela doou R$ 648 mil para candidatos petistas em várias cidades do país. Nenhum deles era de São José dos Campos.
A empresa Estre Ambiental, atual controladora da Cavo, também é uma histórica doadora para candidatos petistas. Nas eleições de 2008 e 2010, a Estre, que é considerada a maior empresa de gerenciamento de lixo do país, doou para candidatos petistas R$ 1,070 milhão. Ambas as empresas também doaram somas em dinheiro para candidatos de outros partidos. Para vereadores da oposição, a ligação da Cavo com candidatos petistas é duvidosa e levanta suspeitas sobre o contrato emergencial assinado em São José. “Vamos ficar de olho nessa empresa em São José, que está começando a operar. A prefeitura deveria ter mantido a VSA enquanto realizava a nova licitação do lixo”, disse Fernando Petiti (PSDB). Ele informou que a bancada de oposição irá estudar quais medidas poderá tomar para questionar o contrato emergencial. “Não descartamos recorrer ao Ministério Público, mas isso ainda está em estudo pela bancada do PSDB.”
Para o vereador governista Shakespeare Carvalho (PRB), , a situação do lixo na cidade foi desencadeada pelo valor abaixo do mercado no contrato com a VSA. “Ela acabaria deixando o serviço por não conseguir pagar as contas e deixaria a cidade na mão”, afirmou. Para ele, no entanto, a Cavo não deveria participar da próxima licitação do lixo, em razão das doações para o PT. “Não seria o ideal”. A Urbam defendeu o contrato emergencial com a Cavo, que fornece caminhões e absorveu os cerca de 200 trabalhadores da VSA. Em nota, a Urbam informou que “preza pela segurança jurídica dos seus atos e pelo estrito respeito às leis”. Também em nota, a Cavo informou que “realizou doações a diversos partidos políticos em diversas ocasiões”, e que “todas as contribuições realizadas são públicas e conforme legislação vigente”.
Após uma semana de greve dos coletores de lixo e outra de força-tarefa da Prefeitura de São José para minimizar o problema, a coleta de lixo comum na cidade ainda não foi completamente regularizada. Moradores de bairros das regiões leste e sul reclamaram ontem da falta de coleta, que não teria sido feita. “O caminhão não passou e o lixo ficou na porta de casa”, disse a manicure Maria Batista de Oliveira, 50 anos, que mora no Novo Horizonte, na zona leste da cidade. Mathias Cardoso, 48 anos, professor do Morumbi, na região sul, também reclamou da falta de coleta de lixo. “É ruim ficar com o lixo amontoado na rua de casa. Os vizinhos estão reclamando muito”, afirmou.
A Urbam informou que o calendário da coleta de lixo comum sofreu uma mudança e que alguns moradores ainda não estão habituados com a nova agenda da passagem do caminhão. Ontem, por exemplo, não era dia de coleta no Novo Horizonte. No Morumbi, o lixo foi coletado ontem na área entre a rua Benedito Bento para o Jardim Oriente. A Urbam informou que reforçará a divulgação do novo calendário para os moradores. A distribuição do folheto será feita de porta em porta.