Sem contrato, Embraer ver novo rumo a concorrência

O cancelamento da compra de 20 aviões Super Tucano da Embraer pela Força Aérea dos Estados Unidos pode influenciar os rumos do programa F-X2, para a compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira. Especialistas do setor de defesa disseram ontem que, em tese, não haveria vínculo entre os dois processos, mas que o governo brasileiro pode rever a proposta da norte-americana Boeing, que disputa o fornecimento dos caças ao Brasil com o seu F-18 Super Hornet.

Também estão no páreo a francesa Dassault, com o Rafale, e a sueca Saab, com o caça Gripen. A ‘novela’ sobre a compra se arrasta desde o governo FHC. “Em princípio, não vejo ligação entre os dois processos. No entanto, a decisão cabe ao governo brasileiro”, disse Expedito Bastos, especialista em assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).

Na avaliação do professor, a possibilidade de o governo brasileiro “endurecer” com a Boeing não é uma hipótese a ser descartada. “Temos que aguardar os próximos dias para saber como o governo irá reagir”, afirmou. Para o especialista, a decisão da Força Aérea dos Estados Unidos já “era previsível”. “A pressão política lá é muito forte”, disse.

O cancelamento da encomenda, no valor de US$ 355 milhões, foi anunciada anteontem em Washington pela Força Aérea norte-americana. O motivo teria sido “problemas de documentação”.

No entanto, a decisão teria mesmo sido motivada sobretudo pela pressão política da oposição republicana e de políticos do Estado de Kansas, onde está instalada a sede da Hawker Beechcraft, a rival americana da Embraer derrotada na escolha da aeronave. Ontem, a Força Aérea dos Estados Unidos informou que agora tem pressa na realização de uma nova licitação e que pretende agir rapidamente para refazer a concorrência por aviões de combate leve de uso no Afeganistão, para garantir que o orçamento para compra não expire no final de 2013.

A questão pode ser alvo dos encontros que executivos da Boeing terão nos próximos dias com o governo brasileiro. O cancelamento da compra das aeronaves acontece a uma semana da visita de um alto executivo da americana Boeing, no esforço de vender seu caça à FAB.

A Boeing estaria disposta a melhorar a oferta de transferência de tecnologia, incluindo propostas de desenvolvimento conjunto de produtos aeronáuticos, caso seja escolhida como a fornecedora dos caças à FAB. Nos próximos dias, chega ao Brasil o presidente da Boeing Military Aircraft, Cristopher Chadwick, que comanda o braço da empresa para o setor de defesa. Ele terá encontros com autoridades em Brasília.

Também ontem circularam informações de que não estaria descartada a possibilidade de a Embraer contra-atacar e ingressar na Justiça norte-americana para tentar reverter a decisão. A empresa prefere aguardar para definir próximos passos. “Na minha opinião, essa questão ainda não está finalizada. Acho que a Embraer tem que recorrer”, disse ontem o diretor regional do Ciesp em São José, Almir Fernandes.

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Concorrência para novas aeronaves para Embraer

A Embraer, de São José, ficou mais próxima da vitória na concorrência para a venda de até 55 caças Super Tucano ao programa LAS (Light Air Support), da Força Aérea Norte-americana. Seu principal concorrente, o AT-6, da Hawker Be-echcraft, dos Estados Unidos, foi desqualificado.

O anúncio do vencedor da disputa será feito no início do próximo ano. O contrato do LAS é estimado em US$ 950 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão). A notificação da desquali-ficação foi enviada à Be-echcraft na última sexta-feira. Desde então, a empresa norte-americana tem questionado a decisão da Força Aérea de seu país.

Em comunicado enviado para a imprensa, a Hawker Beechcraft disse “ainda não ter recebido nenhuma informação sobre o motivo da exclusão do Beechcraft AT-6 na concorrência do programa LAS ”.

Recentemente, congressistas do Kansas, local onde a sede da Beechcraft está instalada, tentaram realizar um ‘lob-by’ junto ao governo norte-americano para que a empresa fosse a vencedora da concorrência, alegando que 1.400 postos de trabalho poderiam ser perdidos com a derrota na concorrência.

O Super Tucano é tido como o favorito na disputa por ser uma aeronave com sucesso em outras missões, como no começo deste mês, quando oito Super Tucanos participaram da operação Odisseia, da Força Aérea da Colômbia. O AT-6 está em processo de desenvolvimento. A proposta da Embraer é destinar a montagem final do Super Tucano à sua unidade em Jacksonville, na Flórida, em parceria com a empresa Sierra Nevada. A produção geraria 50 empregos. A Embraer não comenta o assunto.

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