Famílias resistem e enfrentam PM na batalha do Pinheirinho

Os sem-teto do acampamento do Pinheirinho, na zona sul de São José, montaram uma operação de guerra para resistir à possível reintegração de posse da área, ocupada desde 2004. Ontem, um oficial de Justiça notificou os moradores a deixarem a área imediatamente. Mas, no acampamento, a ordem é resistir.

O entorno do acampamento foi cercado com lanças de bambus e o único portão de acesso ao local foi mantido trancado, com dez homens controlando a entrada e saída de moradores. Atualmente, cerca de 5.500 pessoas vivem no Pinheirinho.

Todos os acessos às ruas do acampamento foram bloqueados com trincheiras construídas com chapas de madeira, telhas, pneus e tambores. E para dificultar ainda mais a ação da Polícia Militar, algumas vias internas foram fechadas com sofás e cadeiras. A entrada em cada um dos setores do local tem que ser autorizada.

Por todo o acampamento era possível observar moradores com armas improvisadas, como porretes de madeira com prego nas pontas, barras de ferro, facões, espetos, enxadas, machados, pedras e estilingues.
No local, o clima é tenso. E a presença da polícia no entorno fez algumas famílias deixaram a área, levando apenas os filhos e alguns pertences.

Um grupo de moradores realizaria rondas pelas ruas do acampamento durante toda a madrugada. Líder dos sem-teto Valdir Martins, o Marrom, afirmou que o único plano é a resistência. “As famílias não têm para onde ir. Nenhuma opção de moradia foi oferecida a elas”, disse.

Ele acredita que se a polícia invadir a área haverá derramamento de sangue. “As famílias irão resistir até o fim. Marrom descartou utilizar crianças, idosos e mulheres como barreira humana. Segundo ele, todo o grupo será alojado em uma igreja construída no acampamento. A estimativa é que cerca de 350 pessoas articulam a resistência.

O clima de guerra não assusta a maior parte dos moradores. “Eu acho que temos de insistir, porque pobre precisa de moradia. Eu mesmo não tenho para onde ir se a polícia me mandar embora”, disse a dona de casa Maria Gonçalves de Jesus, 75 anos.

A dona de casa Joelma Almeida Silva, 22 anos foi uma das primeiras a chegar ao alojamento improvisado, junto com os dois filhos. Chorando, ela disse que não tem para onde ir com sua família. “Aqui igreja eles tem que nos respeitar, e não podem nos atacar. Não tenho para onde levar os meus filhos.”

O Vale

1 pensou em “Famílias resistem e enfrentam PM na batalha do Pinheirinho

  1. Há duas questões: 1) As pesssoas estão em terra alheia e urbana em região nobre com condição alguma de seproduzir, poquê?
    2) Problema social, onde pessoas, que de fato ncessitam, precisam de ajuda e apoio psicológico e sócio-econômico, mas também tem os que tiram vantagem destes pobres com único intuito de vantagem pessoal.

    Eis a questão! Reintegra a posse, segrega os realmente necessitados os conduzem ao apoio psicológico, social e econômico…..

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