Sindicato fica frustado ao saber que Governo não irá intervir

O governo federal descartou ontem intervir na crise da General Motors em São José para evitar demissão em massa que afetaria pelo menos 1.500 operários, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a montadora está com saldo positivo na geração de empregos no país e que não cabe ao governo tratar de “problemas localizados” da companhia.

“Há problemas localizados em São José dos Campos. Não cabe ao governo entrar nos detalhes. É da organização interna da empresa” afirmou. Segundo Mantega, o que interessa para o governo é que a GM tenha saldo positivo de emprego e esteja contratando. “Isso está sendo cumprido.”

Mantega disse que a GM comprovou geração de emprego desde que a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) foi adotada, no fim de maio. As declarações do ministro, feitas após se reunir, em Brasília, com o diretor de Assuntos Institucionais da companhia, Luiz Moan, para esclarecimentos sobre a ameaça de demissão na planta de São José, frustraram o sindicato, que pede a intervenção do governo.

Os sindicalistas não descartam a possibilidade de greve na unidade industrial de São José, caso a GM promova o corte em massa. “Nada está descartado, inclusive paralisação. Vamos continuar a mobilização e as negociações para evitar demissões”, disse o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá.

A GM informou ao governo federal que tem mantido o nível de emprego nas unidades do grupo no país. Para contrapor os dados fornecidos pela GM ao governo, o sindicato divulgou estudo elaborado pela subseção local do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) que aponta retração de empregos em unidades da montadora no país.

Segundo o relatório, preparado com base em dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, a GM fechou 1.189 postos de trabalho, entre julho de 2011 e junho de 2012, nas unidades do grupo no Brasil.

Na planta de São José, foram fechados no período 1.044 postos de trabalho. No estudo, ainda não estão computadas as demissões de julho, quando 356 trabalhadores aderiram ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) promovido pela empresa. Na planta de São Caetano do Sul, o corte foi de 349 postos de trabalho. Apenas na planta de Gravataí (RS), o saldo é positivo com a criação de 204 vagas.

De acordo com o Dieese, caso a GM promova demissão em massa em São José, o impacto sobre o mercado de trabalho na cidade e região será de 15.500 postos eliminados. Os números estão baseados no estudo ‘Novas Estimativas do Modelo de Geração de Empregos do BNDES’.

O Dieese considera que, para cada emprego direto eliminado na GM, outros 6,75 indiretos são fechados, caso sejam demitidos até 2.000 trabalhadores, como aponta o sindicato. A crise em São José atinge a linha conhecida como MVA. Dos quatro modelos montados no setor, apenas o Classic continua em produção. No próximo sábado, reunião entre GM, sindicato e prefeitura pode definir o futuro da fábrica.

O Vale