Passagem a R$2,80 é descartada por prefeito

O prefeito Carlinhos Almeida (PT) descartou ontem, em definitivo, uma nova redução da tarifa do transporte coletivo de São José dos Campos. O preço da passagem sofreu duas reduções nas últimas semanas. A primeira, de R$ 3,30 para R$ 3,20, se baseou nas desonerações de impostos concedidas ao setor pelo governo federal; a segunda, de R$ 3,20 para R$ 3, anunciada após pressão popular. O Movimento Passe Livre (MPL) reivindica a redução da tarifa para R$ 2,80, valor que vigorava até fevereiro, quando ocorreu o último reajuste.

Ontem o prefeito recebeu os representantes do MPL e disse que ‘a redução da tarifa para o valor do R$ 3 foi um decisão política e que, tecnicamente, não será possível atender à reivindicação’. Segundo o prefeito, “a tarifa já chegou num patamar que não é mais possível reduzir, com o risco de comprometer o orçamento do município”. “Eu não posso destinar o dinheiro que será aplicado em Saúde e Educação para bancar os custos do sistema”, afirmou Carlinhos a O VALE. Ele também argumentou que o preço da passagem de ônibus ficou congelado por dois anos antes do último reajuste, gerando defasagem. “Outro fator que tem que ser levado em consideração é o salário dos cobradores e motoristas do transporte coletivo, que sofreu um reajuste de 24% nesse mesmo período’, completou o prefeito.

Carlinhos disse também que a redução do ISS (Imposto Sobre Serviços) cobrado das empresas de ônibus medida adotada por alguns municípios da região, como Jacareí e Caraguatatuba, para viabilizar novos cortes na tarifa está fora de cogitação. “Nós precisamos analisar todas as possibilidades para que, com essa nova tarifa e com as possibilidades do nosso orçamento, possamos melhorar ainda mais a qualidade dos serviços de transporte à população”, declarou. O prefeito disse que vai dar continuidade aos projetos dos corredores exclusivos de ônibus, colocar em operação nove veículos articulados e implantar o bilhete único.

Com relação aos transtornos que os protestos têm causado no trânsito de São José e na rodovia Presidente Dutra, o prefeito diz que o movimento “deveria fazer uma reflexão”. “Não sou contra os protestos. Já fui militante estudantil e sindical e acho que é possível fazer protestos sem interferir no direito de ir e vir das pessoas que não querem participar dos atos”, concluiu.

A Câmara de Jacareí adiou a votação do projeto do prefeito Hamilton Ribeiro Mota (PT) que reduz a alíquota do ISS (Imposto Sobre Serviços) cobrado da empresa que opera o transporte na cidade. O prefeito pretende reduzir de 3% para 2% a alíquota do imposto, como forma de absorver o impacto da redução da tarifa no município. Segundo o presidente da Casa, Edinho Guedes (PMDB), a assessoria jurídica não considerou o projeto apto a ser votado. A Câmara entrou em recesso das sessões ontem e só voltará a se reunir em agosto. Para a prefeitura, o projeto poderia ser votado. Segundo ela, isso não vai prejudicar que a nova tarifa de R$ 3 entre em vigor a partir de julho. Em Taubaté, a prefeitura também diminuiu a tarifa para R$ 2,70 e descarta conceder isenção de impostos para a empresa ABC que opera o transporte coletivo.

Dom Pedro 2° completa 20 anos e ainda é clandestino

Há 20 anos, os 10 mil moradores do Dom Pedro 2º, na zona sul de São José dos Campos, espera pela regularização do bairro. Eles ainda não conseguiram as escrituras das casas e reclamam de infraestrutura insuficiente. O Dom Pedro 2º surgiu em 1992, a partir de um loteamento da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) em parceria com a Prefeitura de São José.

No local, há 1.726 casas e os moradores aguardam a regularização da documentação dos imóveis. O comerciante Geraldo Rodrigues da Silva, de 65 anos, é morador do Dom Pedro 2º há 11 anos e não consegue alvará de funcionamento para seu estabelecimento comercial.

“A prefeitura não reconhece o bairro e não oferece alvará para o funcionamento do comércio. Tenho apenas o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica). Não é bom você trabalhar de forma irregular”, disse. Por não ter alvará, o comerciante já teve problemas para tocar o seu negócio. “Só agora que vou conseguir colocar máquinas de cartão no mercado. Os bancos não queriam oferecer máquina aos clientes porque não tenho o alvará”, afirmou.

Os moradores acreditam que por o bairro não ser regularizado, há pouco investimento na infraestrutura do local. “Por aqui faltam creches para as crianças, segurança e área de lazer para a prática de exercícios. Tem dois postes de luz com problemas na rua onde moro que desde o ano passado não foram consertados”, disse a dona de casa Sônia Maria da Silva, de 48 anos.

“Fui tentar colocar seguro para a minha casa e não consegui, por causa da situação do bairro”, afirmou.
Segundo Rodrigues, alguns serviços não chegam até o bairro, como a revitalização de praças e a pintura de faixas de trânsito nas ruas.

Para a regularização do Dom Pedro 2º, uma série de medidas precisam ser tomadas. De acordo com o gerente regional da CDHU no Vale, Francisco de Assis Vieira Filho, o loteamento foi construído há 20 anos em cinco áreas distintas. Para sua regularização, foi necessário unifica-lo.

“O Dom Pedro 2º é a nossa maior prioridade no Vale do Paraíba. As pessoas não tem ideia da aflição que temos em relação a essa pendência, mas em breve viraremos essa página”, disse Vieira. O sonho de ver o bairro regularizado continua. “É um desejo de todos por aqui. Esperamos que isso aconteça o quanto antes”, afirmou Sônia.

O Vale