Um impasse entre prefeitura e proprietário permitiu que o prédio da antiga Usina de Leite Parahyba, patrimônio histórico de São José dos Campos localizado na zona norte, se transformasse na nova cracolândia da cidade. O prédio pertence ao complexo da Tecelagem Parahyba, que também inclui a Fazenda Sant’Ana do Rio Abaixo, e foi tombado pela prefeitura em 2004 a pedido da FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo).
A área pertence ao empresário Jayme Chede Filho. Segundo Oliveira dos Santos França, administrador do local e representante do empresário, a intenção era recuperar o prédio e transformá-lo em um empreendimento comercial. Mas o projeto foi barrado pelo processo de tombamento. “Não tem como fazer nada se o tombamento impede qualquer intervenção”, disse França. O empresário move uma ação na Justiça para reverter o tombamento.
Em entrevista a uma rádio da cidade, o prefeito Eduardo Cury (PSDB) disse que vai enviar agentes da vigilância sanitária e da fiscalização de posturas para avaliar a situação da área e tomar providências. “Podemos murar se for preciso”, disse Cury à rádio. A Secretária de Defesa do Cidadão informou que em maio de 2011 multou a propriedade pela falta de muro e alambrado. Com os juros o débito com o município já chega a de R$13.128.
De acordo com moradores, durante a noite o local é invadido por usuários de drogas, que causam transtornos. “É um entra e sai de gente aí a noite toda. Fazem barulho, quebram coisas, é uma algazarra”, disse o aposentado Adilson de Faria, 64 anos.
Além da bagunça, os dependentes ainda cometeriam roubos contra os moradores. “No último mês eu já contei uns 15 assaltos. O pessoal fica até com medo de sair a noite”, contou Geminiano dos Santos, 63 anos, síndico de um condomínio próximo.
As polícias Civil e Militar informaram que já fizeram operações no local para tentar inibir os crimes e a presença dos usuários. “A polícia vem e prende, mas passa um tempo e eles voltam tudo de novo”, lamentou Santos. O VALE esteve ontem no local e constatou a situação de abandono do complexo, que é tomado por lixo, entulho e pichações. Isqueiros e objetos usados para o consumo da droga estão por toda a parte.
O Vale