O prefeito Carlinhos Almeida (PT) admitiu ontem que pouco poderá ajudar na negociação entre General Motors e Sindicato dos Metalúrgicos e deu como praticamente certa a demissão dos 1.500 funcionários considerados ociosos pela montadora em São José.
O petista, que se reuniu pela manhã com uma comissão de três sindicalistas e sete funcionários da GM, ainda criticou o governo do ex-prefeito Eduardo Cury (PSDB) pela demora em adotar um posicionamento. A reunião aconteceu após passeata pelo centro que reuniu 500 funcionários da GM, a maioria em ‘layoff’. Participaram também do encontro sete vereadores, entre eles Amélia Naomi (PT), presidente da Câmara.
“Estou bastante preocupado com a situação. Entendo que só existe um caminho. Buscar o entendimento entre empresa e trabalhadores. Nosso papel é criar um ambiente propício e intermediar as negociações”, disse Carlinhos, que deve se reunir na próxima semana com representantes da GM.
A vereadora Amélia Naomi também ficou de agendar uma audiência pública na Câmara para debater o caso. Os 1.500 operários ameaçados de demissão atuam no MVA, setor onde antes eram montados quatro modelos e hoje há apenas um, o Classic, que está sendo transferido gradualmente para a unidade da GM na Argentina.
Sem investimentos, a planta tem ociosidade de funcionários, maquinário e espaço físico. Após ameaçar demitir o grupo no ano passado, um acordo deu uma trégua na crise e estendeu até 26 de janeiro o prazo para um possível entendimento. Enquanto isso, 779 estão com o contrato suspenso (layoff) desde 27 de agosto de 2012.
Para Carlinhos, a solução imediata para evitar as demissões seria a vinda de novos investimentos para São José. “Temos que apostar todas as nossas fichas em um entendimento”, afirmou. Já para Almir Fernandes, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São José, nem isso salva os empregos. Empresários da cidade e os próprios funcionários compartilham da mesma opinião. Para eles, a demissão é inevitável. “A produção (de novos modelos) começaria apenas em 2015”, disse.
A GM atribui a crise à dificuldade em negociar com o sindicato local pacotes que garantissem investimentos. Foram pelo menos três modelos ‘perdidos’ para outras plantas no país. “O sindicato está querendo repassar a responsabilidade à prefeitura porque não admite que é culpado. Quando a GM tentou trazer mais investimentos para São José em 2008, foi barrada pelo sindicato. Nem a GM, nem os funcionários têm culpa. Não há mais o que fazer”, disse Fernandes.
O sindicato também é alvo de críticas da ACI (Associação Comercial e Industrial). “Que sirva de lição”, disse Felipe Cury, presidente da ACI. O presidente do sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o ‘Macapá’, rebateu as críticas e disse que não houve proposta de investimentos formal da empresa.
“Oficialmente, nunca houve essa proposta ao sindicato de novos investimentos em troca da redução de salário. Todas as vezes celebramos acordo. Em 2008 mesmo, o acordo foi de R$ 800 milhões com a produção da S10 e da Blazer”, disse.
O protesto de ontem faz parte do que o sindicato chama de ‘janeiro vermelho’, que prevê uma série de manifestações para forçar a GM a rever sua posição. Os cerca de 500 trabalhadores caminharam do sindicato até o Paço, mas acharam os portões fechados. Após serem recebidos pelo chefe de gabinete, Paulo Roitberg, os sindicalistas foram ao gabinete para reunião com Carlinhos e os portões foram reabertos.
O Vale
Publicado em: 11/01/2013