Futuro de Metálurgicos começam a ser decidido hoje (16)

General Motors e Sindicato dos Metalúrgicos iniciam hoje a série de três reuniões para definir o futuro de 1.500 funcionários considerados excedentes e que podem ser demitidos no próximo dia 26 em São José. O risco é iminente. Pelo menos é a opinião de dirigentes empresariais ligados à indústria e representantes do poder público.

O próprio sindicato admite que a montadora já deixou claro que só aceita negociar novos investimentos para a planta da cidade se o grupo for dispensado. O dia 26 de janeiro é o prazo final de negociação, segundo acordo fechado no ano passado que deu uma trégua temporária nas dispensas e colocou 779 operários em layoff (contrato de trabalho suspenso).

A reunião de hoje começa às 9h na planta de São José. Os próximos encontros serão na sexta e na terça-feira. Os 1.500 operários ameaçados de demissão atuam no MVA, setor onde antes eram montados quatro modelos e hoje restou apenas o Classic. “O sindicato não aceita a demissão dos trabalhadores”, disse Luiz Carlos Prates, o ‘Mancha’, diretor do sindicato local.

Entre lideranças empresariais, o temor de cortes é grande, já que afetaria toda a cadeia produtiva da GM na região. Estima-se que mais 4.500 empregos, além dos 1.500 da montadora, seriam afetados. Para Mário Sarraf, diretor da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), o sindicato precisa mudar sua postura frente às negociações.

“Essa posição inflexível do sindicato não é inteligente. Essa linha de divergência não está dando certo, está na hora de mudar e concordar com a empresa para evitar que ela deixe de investir na cidade”, disse Sarraf. Segundo Almir Fernandes, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São José, um acordo para novos investimentos acertado hoje demoraria de dois a três anos para ser concretizado, o que não afastaria o risco imediato de cortes.

“A empresa vai investir, produzir onde tenha mais lucros. O sindicato não aceitou investimentos em 2008, agora precisa entender que não há como manter esses funcionários considerados excedentes que para a empresa”, afirmou ele.

As propostas feitas pelo sindicato, desde a primeira reunião realizada em agosto de 2012, são a continuidade da fabricação do Classic em São José, a produção local de modelos que hoje são importados, a retomada da produção de caminhões, novos investimentos e acordo que garanta a estabilidade do emprego. “A empresa disse que pretende negociar novos investimentos. Mas antes, quer demitir 1.500”, disse Mancha.

Anteontem, o prefeito Carlinhos Almeida (PT) se reuniu com a direção da GM. Em nota, Carlinhos informou que fez um apelo à empresa para que reveja a situação e evite a demissão dos trabalhadores. A nota ainda diz que a prefeitura se colocou à disposição para intermediar o diálogo entre sindicato e montadora. A GM teria se comprometido a se reunir com o sindicato.

“Estamos realmente muito preocupados com a situação e vamos esgotar todas as possibilidades para reverter as demissões”, disse o petista em nota. Procurada ontem, a GM informou por meio da assessoria que não comentaria o assunto.

Em entrevistas anteriores, o diretor de assuntos institucionais da GM, Luiz Moan, confirmou o excedente não só de funcionários no complexo de São José, mas também de maquinário e espaço físico. O complexo de São José, inaugurado na década de 50, já chegou a empregar mais de 12 mil pessoas mas hoje não passa de 7.500.

O Vale

Publicado em: 16/01/2013