Depois de acordo, Operários voltam a produção na GM

Os funcionários da General Motors votam hoje em assembleia se aprovam ou não o acordo firmado no sábado entre montadora e Sindicato dos Metalúrgicos para evitar a demissão em massa na fábrica de São José. Além de suspender o contrato de 940 empregados dos 1.840 considerados excedentes, o acordo abre a partir de hoje brecha para discussão de nova grade salarial e flexibilização de jornada na montadora, condições apontadas como essenciais pela direção da companhia para tornar a planta mais competitiva e assim garantir investimentos futuros.

Historicamente contrário à flexibilização de jornada, o sindicato local já admite debater o tema com os operários para evitar que a unidade do Vale, que já chegou a ter 12 mil empregados e hoje não passa de 7.540, perca de novo investimentos para as demais plantas no país.  Dos R$ 5 bilhões aplicados pela empresa no Brasil nos últimos cinco anos, São José levou R$ 800 milhões.

O grupo que terá o contrato suspenso trabalha na linha de montagem conhecida como MVA, esvaziada com o encerramento da produção do Corsa, Meriva e Zafira. Só o Classic é feito hoje no setor. A direção do sindicato definiu no final da tarde de ontem que vai reunir todos os empregados do complexo, que abriga oito fábricas, em assembleia às 5h30 de hoje na portaria do MVA.

A expectativa é reunir pelo menos 4.000 dos 7.540 funcionários da fábrica, segundo informou o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá. “Vamos apresentar o que foi definido na reunião com a GM para apreciação da categoria”, disse o dirigente.

O pacote acordado entre a entidade e a GM prevê a suspensão do contrato de trabalho, medida conhecida como ‘layoff’, de 940 funcionários do MVA até o final de novembro, abertura de PDV (Programa de Demissão Voluntária), continuidade da cadência atual de produção do Classic, que mantém o emprego de 900 operários, e negociação de medidas para aumentar a competitividade da planta.

Para a GM, o aumento da competitividade só será possível com a flexibilização. O acordo prevê ainda que as negociações entre as partes sobre esse quesito acontecerão nos próximos 60 dias, quando também será tratado o futuro dos operários que tiverem o contrato de trabalho suspenso. No período de suspensão, os trabalhadores receberão auxílio de R$ 1.163 do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e complemento salarial da empresa.

Eles terão que frequentar cursos de qualificação. “Esse acordo foi uma vitória, ainda que parcial. Vamos continuar a luta para garantir que, após esse período, os empregos sejam preservados, que a fábrica tenha mais competitividade e que a GM faça novos investimentos em São José”, disse Barros.

Sobre a flexibilização trabalhista, o dirigente disse que o sindicato “está aberto a negociações”. “Primeiro vamos cuidar dessa primeira etapa e depois analisar a segunda fase, que é negociar com a empresa medidas para a fábrica de São José”, afirmou o dirigente.

O Vale