Fumaça da Revap assusta moradores na zona leste

Uma grande nuvem de fumaça preta foi lançada ontem pela manhã da chaminé da Revap (Refinaria Henrique Lage), da Petrobras, na zona leste de São José dos Campos. A fumaça foi acompanhada por forte labareda de cerca de 10 metros de altura. A poluição foi intensa por pelo menos duas horas e vista de diferentes pontos da cidade, até nas regiões sul e oeste.

Esse foi o terceiro episódio parecido neste ano. Técnicos da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado) foram até o local e vão avaliar possível multa à refinaria. Os problemas ambientais na Revap se intensificaram após o término das obras de modernização, em 2011.

De acordo com moradores locais, durante a madrugada de ontem, fortes ruídos eram ouvidos dentro da refinaria. Pela manhã, uma queda de energia precedeu a emissão da fumaça preta. Ela começou a ser lançada por volta das 9h30, junto com uma forte labareda, até aproximadamente 11h30.

“Nunca tinha visto o fogo e a fumaça com tanta intensidade como agora. A gente fica até assustado”, disse o pintor Donizetti Nunes da Silva, 51 anos, morador da Vila Tatetuba, na zona leste, há 40 anos. A fumaça não chegou até as casas dos bairros próximos à refinaria porque o vento soprava no sentido contrário, em direção à região sudeste.

A Cetesb informou que técnicos da companhia percorreram ontem a via Dutra e os bairros Vista Verde e Vila Industrial. Eles também fizeram vistoria na refinaria. Por meio de nota, a companhia informou que “por ocasião da inspeção, foi constatada instabilidade no sistema termoelétrico da refinaria, que através de seu sistema de segurança promoveu a parada de unidades produtivas”.

“Tal fato propiciou o alívio de hidrocarbonetos para o sistema de tocha, ocasionando a queima incompleta com emissão de fumaça preta para atmosfera, causando incômodos à população”, diz o texto. A Cetesb informou que irá aguardar um relatório da Petrobras antes de decidir por eventuais punições. Desde o ano passado, a Revap já foi multada três vezes pela Cetesb, em valores que somados chegam a mais de R$ 350 mil.

O Ministério Público Estadual, em São José, informou que solicitou informações à Cetesb sobre a fumaça de ontem na refinaria e que depois irá estudar as providências a serem adotadas. O secretário de Meio Ambiente de São José, André Miragaia, disse que irá cobrar da Petrobras a instalação de uma estação de monitoramento da qualidade do ar na área da refinaria. “Esse foi uma promessa que eles fizeram”, disse.

Miragaia afirmou que irá se reunir com representantes da Revap e da Saviver (Sociedade Amigos do Vista Verde). “Eu já fiz esse pedido hoje (ontem).” Para o diretor de Meio Ambiente da Saviver, Nelson Borges, falta gestão de qualidade na Revap. “A gente sabe que os problemas são pela incompetência na gestão e na operação dos equipamentos, de erro humano mesmo”, disse.

O Vale

Publicado em: 24/10/2012

Zona Sul cria rede de proteção para evitar assaltos

Moradores de bairros com alto índice de roubos e furtos em São José dos Campos resolveram arregaçar as mangas e enfrentar os bandidos. Mas com inteligência. Eles criaram uma rede de proteção entre vizinhos, baseada em troca de informações e vigilância compartilhada, que está provocando queda significativa nos índices de violência.

A melhor experiência de São José, que se tornou referência para outros bairros, é a do Bosque dos Ipês, na região sul da cidade. Lá, a “Rede de Vizinhos Protegidos” congrega cerca de 400 famílias e alcança 35% das casas do bairro. A custo zero, sem necessidade de contratar vigilantes ou pagar policiais por bicos de segurança, eles conseguiram reduzir em mais de 50% a quantidade de roubos e furtos no bairro.

Tudo começou no início do ano passado, quando os moradores viviam com medo de sair de casa por causa de crimes cometidos quase que diariamente, principalmente roubos e furtos. Houve situações de os bandidos pararem caminhões na frente das casas e levarem todos os móveis e bens da família, fingindo ser uma empresa de mudança, e ninguém perceber o crime em andamento.

“Faltava comunicação entre os vizinhos, o que favorecia os criminosos. A onda de roubos alertou a gente e provocou uma mudança de comportamento”, disse o empresário Everson Hernandes Martimiano, 40 anos, diretor da SAB (Sociedade Amigos de Bairro) Bosque dos Ipês.

Eles decidiram dar uma basta à violência e procuraram a Polícia Militar para fazer uma parceria. A instituição apoiou a iniciativa. A ideia foi criar uma rede solidária entre vizinhos de forma que cada um cuidasse do seu imóvel e também prestasse atenção nas casas mais próximas, o que dava de seis a 10 moradias.

Movimentações suspeitas, pessoas observando as casas ou qualquer situação fora da normalidade eram imediatamente informadas ao proprietário e, em casos mais graves, à Polícia Militar. “Os vizinhos começaram a trocar número de telefone e informações sobre viagens, quando a casa ficava vazia”, contou Martimiano.

As famílias que aderiram ao programa passaram a ostentar uma placa amarela no portão do imóvel, com a frase: “Esta rua está monitorada pelo programa ‘Rede de Vizinhos Protegidos’”. Deu certo.

Segundo o diretor da SAB, a adesão vem crescendo entre os moradores e a violência caiu abruptamente. “Não tivemos mais nenhum caso grave em seis meses de programa. O que mostra a eficiência da troca de informações entre vizinhos. Não custa nada.” Com apoio da Polícia Militar e dos grupos de Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) de São José, a iniciativa está se espalhando por todas as regiões do município.

O Vale