Zona Sul cria rede de proteção para evitar assaltos

Moradores de bairros com alto índice de roubos e furtos em São José dos Campos resolveram arregaçar as mangas e enfrentar os bandidos. Mas com inteligência. Eles criaram uma rede de proteção entre vizinhos, baseada em troca de informações e vigilância compartilhada, que está provocando queda significativa nos índices de violência.

A melhor experiência de São José, que se tornou referência para outros bairros, é a do Bosque dos Ipês, na região sul da cidade. Lá, a “Rede de Vizinhos Protegidos” congrega cerca de 400 famílias e alcança 35% das casas do bairro. A custo zero, sem necessidade de contratar vigilantes ou pagar policiais por bicos de segurança, eles conseguiram reduzir em mais de 50% a quantidade de roubos e furtos no bairro.

Tudo começou no início do ano passado, quando os moradores viviam com medo de sair de casa por causa de crimes cometidos quase que diariamente, principalmente roubos e furtos. Houve situações de os bandidos pararem caminhões na frente das casas e levarem todos os móveis e bens da família, fingindo ser uma empresa de mudança, e ninguém perceber o crime em andamento.

“Faltava comunicação entre os vizinhos, o que favorecia os criminosos. A onda de roubos alertou a gente e provocou uma mudança de comportamento”, disse o empresário Everson Hernandes Martimiano, 40 anos, diretor da SAB (Sociedade Amigos de Bairro) Bosque dos Ipês.

Eles decidiram dar uma basta à violência e procuraram a Polícia Militar para fazer uma parceria. A instituição apoiou a iniciativa. A ideia foi criar uma rede solidária entre vizinhos de forma que cada um cuidasse do seu imóvel e também prestasse atenção nas casas mais próximas, o que dava de seis a 10 moradias.

Movimentações suspeitas, pessoas observando as casas ou qualquer situação fora da normalidade eram imediatamente informadas ao proprietário e, em casos mais graves, à Polícia Militar. “Os vizinhos começaram a trocar número de telefone e informações sobre viagens, quando a casa ficava vazia”, contou Martimiano.

As famílias que aderiram ao programa passaram a ostentar uma placa amarela no portão do imóvel, com a frase: “Esta rua está monitorada pelo programa ‘Rede de Vizinhos Protegidos’”. Deu certo.

Segundo o diretor da SAB, a adesão vem crescendo entre os moradores e a violência caiu abruptamente. “Não tivemos mais nenhum caso grave em seis meses de programa. O que mostra a eficiência da troca de informações entre vizinhos. Não custa nada.” Com apoio da Polícia Militar e dos grupos de Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) de São José, a iniciativa está se espalhando por todas as regiões do município.

O Vale