A Embraer, de São José dos Campos, entregou 205 jatos em 2012, praticamente o mesmo número do ano anterior (204), segundo balanço divulgado ontem pela fabricante. Na contramão da estabilidade nas entregas, a companhia amargou uma queda de 18,3% em sua carteira de pedidos, o que reflete a dificuldade da empresa em fechar novas vendas. O backlog caiu de US$ 15,4 bilhões em 2011 para US$ 12,5 bilhões no ano passado.
Para o pesquisador de assuntos militares da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), Expedito Bastos, a ‘vilã’ da história é a crise mundial, que afeta os Estados Unidos e a Europa, onde estão os principais clientes da Embraer.
“Acredito que o pessoal de fora não está comprando por causa da crise. Estão todos cortando custos e comprando menos aviões. Isso também deve estar acontecendo com outras companhias”, disse ele. O que ‘salvou’ a empresa de uma queda ainda maior na carteira de pedidos firmes foi a encomenda de 20 E-jets (5 E-175 e 15 E-190) feita por um cliente não divulgado no quarto trimestre de 2012.
No período, a companhia aérea vendeu 23 jatos comerciais, contra 32 em 2011. O valor de pedidos firmes a entregar também inclui contratos da Embraer Defesa e Segurança, como a execução da primeira fase do projeto Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), no valor de R$ 839 milhões, com o Exército Brasileiro.
Dos 205 jatos entregues,106 são comerciais e 99 executivos. A carteira de pedidos firmes terminou 2012 com 185 jatos a entregar e 1.093 pedidos. Em 2011, a Embraer fechou com 249 jatos encomendados e 1.941 opções. De acordo com a empresa, os números estão dentro da meta estipulada para 2012, de 105 unidades comerciais e 90 na aviação executiva.
Dos 99 jatos executivos entregues no ano passado, 22 são grandes, da família Legacy e Lineage. Os outros 77 são jatos leves. Em 2011, foram entregues 16 jatos grandes e 83 leves. “Em uma crise mundial severa, a Embraer conseguiu se manter estável porque procurou diversificar, indo para outros países como a China. O mercado da Embraer não é só o Brasil, e sim o mundo”, afirmou Marcos José Barbieri Ferreira, pesquisador da indústria aeronáutica e defesa e professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
De acordo com a empresa, o jato com o maior número de entregas entre todos os fabricados hoje (451) foi o Embraer 190. Sendo que 50 foram para Hainan, na China, e JetBlue, nos Estados Unidos. Hoje, a aviação comercial é responsável por 67% da receita global da Embraer. defesa e segurança tem 18% de participação e aviação executiva segue em terceiro lugar, com 14% da receita.
O Vale
Publicado em: 15/01/2013