Sub sede de agência espacial será construída na cidade

São José dos Campos deve sediar uma espécie de sub-sede da AEB (Agência Espacial Brasileira), a fim de ampliar os projetos do setor desenvolvidos com institutos de pesquisa e empresas locais. A proposta é do novo presidente da agência, o matemático maranhense José Raimundo Braga Coelho, que falou ontem a O VALE pela primeira vez após ser oficialmente nomeado, na sexta-feira, pela presidente Dilma Rousseff (PT).

A unidade da AEB no Vale do Paraíba deve ser instalada no Parque Tecnológico de São José, entidade presidida até então por Coelho. “Essa ideia ainda vai ser formalizada. Fico muito triste em me distanciar da direção do Parque, mas o que me conforta é que vou para uma posição que farei novos relacionamentos para trazer mais coisas para o Parque”, disse Coelho.

O matemático considerou sua tarefa à frente da AEB “uma missão árdua cheia de desafios grandes”. Entre esses principais desafios está o desenvolvimento dos projetos já em curso com o orçamento do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), de R$ 3,7 bilhões previstos para este ano.

“São muitos projetos, muita demanda, para uma quantia limitada de recursos. Talvez este seja o maior desafio. Temos que fazer uma avaliação da viabilidade técnica de cada projeto antes de qualquer coisa. Se existisse um orçamento enorme, os desafios diminuiriam”, disse Coelho.

Ele salientou que uma alternativa estudada é ampliar os recursos provenientes de parcerias com iniciativa privada. “Essa parceria é algo muito valorizado ultimamente. Esperar que o governo propicie todo o orçamento é desmerecer que estamos no Brasil. Aqui temos muitas prioridades em muitas áreas”, disse.

VLS. O matemático ressaltou que o lançamento do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélite) previsto para este ano pode não acontecer como o esperado. “O lançamento do (satélite) Cbers-3 é possível, pois ele não tem pendências de orçamento. Temos 100% de convicção que será lançado. Quanto aos outros programas, existem dúvidas, será um grande desafio. Trabalharemos para tirar essas dúvidas”, afirmou.

Questionado sobre a queixa da comunidade científica do esvaziamento de pesquisadores nos institutos da região, Coelho disse que é a favor de contratações temporárias para projetos. “Cada caso é um caso. Todos os institutos estão sempre considerando seu efetivo menor que o necessário. Faz parte. Temos que analisar a situação de cada instituto para identificar a necessidade de recursos humanos. Se determinado instituto não estiver cumprindo sua tarefa e o problema for recursos humanos, é uma situação.

Você não precisa necessariamente contratar profissionais para o instituto. Você pode contratar pessoas para determinado projeto e essas pessoas deixam a instituição com o término do projeto.” Nas próximas semanas, Coelho continuará no Parque finalizando projetos em andamento. Uma cerimônia na AEB será marcada para os próximos dias.

O Vale