A demora na marcação de consultas, exames e outros procedimentos nas unidades de saúde de São José dos Campos afeta o atendimento no Hospital Municipal, na Vila Industrial, região leste. Maior e mais bem equipado hospital da Região Metropolitana do Vale do Paraíba, o HM tem por vocação, segundo a própria direção da unidade, atender casos de traumas e problemas de saúde de alta complexidade, incluindo cirurgias.
No entanto, milhares de pacientes da rede municipal de Saúde que deveriam ter seus problemas resolvidos nas unidades básicas procuram o hospital na tentativa de passar mais rapidamente pelo médico ou de conseguir um exame.
Os números do Pronto-Socorro do HM comprovam o desvio. De 24 mil pessoas atendidas por mês no PS, quase 15 mil não são casos de emergência ou urgência, vocação do hospital. Atender esse contingente de pessoas querendo trocar a receita do remédio, pedir atestado médico ou fazer um check-up, todos serviços que deveriam ser feitos nas unidades básicas, compromete 20% da estrutura do Hospital Municipal.
“É como ter um canhão para matar formigas”, disse o superintendente do HM, Carlos Maganha. A condição ideal, segundo ele, seria ampliar o atendimento na rede básica para desafogar o número de pacientes que recorrem ao HM sem necessidade. A mesma posição é defendida pelo médico Itamar Coppio, eleito vice-prefeito de São José dos Campos. “Deve ser restrito à emergência.”
O excesso de pacientes no PS do hospital acaba provocando demora no atendimento e insatisfação nos usuários. Desde 2007, foi adotada classificação de risco para demanda do PS. Os pacientes são atendidos por enfermeira que os separa em cores e prioriza atendimento.
Azul e verde são casos menos graves e que terão que esperar para ser atendidos por ordem de chegada. A maior parte da reclamação contra o hospital vem desse público. Já vermelho e amarelo são pessoas em estado grave e com risco de morte que devem ter o atendimento priorizado. Para esse público, segundo o hospital, o índice de satisfação é muito alto. “Não vemos reclamações destas pessoas”, afirmou Maganha.
Prestes a passar pela quinta operação no HM, Sebastião Sabino de Souza, 62 anos, elogia o serviço prestado na unidade, embora critique as instalações. “É preciso melhorar a acessibilidade”, disse ele, que é cadeirante. Quanto ao sucesso das cirurgias, porém, ele não tem do que reclamar. “Sou quase sócio do hospital e sou sempre muito bem tratado.”
O Vale
Publicado em: 31/10/2012