Nos ultimos cinco meses, crise na industria fecha vagas de emprego

A indústria de São José fechou 1.600 postos de trabalho nos últimos cinco meses 250 só em janeiro e fevereiro, aponta balanço do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgado ontem. Na contramão, Taubaté já acumula 1.300 empregos abertos no setor somente nos dois primeiros meses do ano.

A explicação para a diferença de comportamento entre as duas maiores bases industriais do Vale pode estar no custo de produção no Brasil e na redução das exportações para regiões em crise, como Estados Unidos e Europa. Isso porque São José tem sido prejudicada com a perda de competitividade de seus principais produtos (aviões e carros) frente à concorrência dos importados, mais baratos.

Já Taubaté, apesar de ter sua economia industrial também baseada do setor automotivo, exporta para países emergentes, que vêm sendo menos afetados pela crise mundial. Para o diretor regional do Ciesp de São José, Almir Fernandes, a cidade é vítima de um processo que atinge o país como um todo.

“Estamos sentindo que a indústria está diminuindo. Se não há crescimento, não há necessidade de contratação. O comércio está vendendo, mas a indústria não está produzindo pela concorrência dos importados”, afirmou. Uma das empresas afetadas pela crise é a Graúna, fornecedora da Embraer com sede em Caçapava. No mês passado, ela demitiu 100 pessoas para ajustar a produção à demanda. Em nota, a empresa explica os efeitos da crise em sua produção.

“A Graúna vem sofrendo grande impacto nas suas vendas desde a crise de 2008. Atualmente, passa por um processo de reestruturação imprescindível diante das dificuldades enfrentadas a partir da forte valorização do real frente ao dólar. Isso inviabilizou a manutenção dos contratos de exportação, causando queda nas receitas e aumento nos custos de produção”, diz trecho da nota.

Segundo o diretor regional do Ciesp de Taubaté, Fábio Duarte, apesar da geração de vagas, o resultado poderia ter sido melhor. “Tivemos 300 demissões na cadeia produtiva da LG Eletronics em fevereiro. Por outro lado, o setor automotivo, com Ford e Volkswagen, continua contratando”, disse.

Para José Luís Nunes, secretário de Relações do Trabalho de São José, o quadro só será revertido com novos investimentos. “O que temos que fazer é reunir prefeitura, empresas e sindicato para trabalhar em cima desse número (1.600 postos perdidos). A prefeitura está fazendo sua parte, com cursos de qualificação e uma lei de incentivos fiscais que deve ser votada em 10 dias.” Em Jacareí, a indústria gerou 100 postos em fevereiro e 250 no acumulado do ano.

O Vale