Mundo das Miniaturas atraem Fãs por coleções na cidade

Eles constroem sonhos em miniatura. Alçam voo, mergulham nas profundezas do mar e vão às estrelas com seus modelos do real. Fazem principalmente do plástico a ferramenta com que dão vida à criatividade. Como construtores do mundo de Gulliver, os plastimodelistas fazem pequeno para sonhar grande. Montar aviões, carros, navios, tanques e até espaçonaves em escala reduzida é o terceiro hobby com mais praticantes no mundo. Só perde para o aeromodelismo (miniaturas que voam) e o ferreomodelismo (trens).

Não se sabe quantas pessoas na região se dedicam à atividade, mas 53 delas são associadas à IPMS-São José, que é filiada à International Plastic Modelers Society, entidade internacional que congrega modelistas do mundo todo. No Vale, eles se reúnem no último domingo de cada mês no MAB (Memorial Aeroespacial Brasileiro), em São José, para trocar experiências, peças e contar as novidades. Ainda organizam uma exposição competitiva em abril.

Ao lado de suas criações, gente como o desenhista e empresário Lauro Ney Batista, 50 anos, volta a ser criança por alguns instantes, embora construir modelos não seja brincadeira para eles. “Nenhuma outra atividade estimula o conhecimento em tantas áreas do conhecimento humano”, diz.

Batista, que já teve 100 aeronaves em casa, se dedica agora a construir aviões da 2ª Guerra Mundial, uma das épocas históricas preferidas dos modelistas. “Usamos kits prontos ou criamos as peças observando o modelo real”, conta ele. Com 419 miniaturas em casa, sendo que 296 esperam para ser montadas, o engenheiro mecânico Ney Ferreira, 50 anos, é apaixonado por veículos militares, como tanques, caminhões e embarcações.

Também tem uma queda por dioramas, que são os cenários criados em escala reduzida. Um deles, uma cena do filme “Band of Brothers”, ele demorou dois anos para montar e vendeu para um insistente médico numa feira em Santos. “Ele ofereceu R$ 5.000 e não pude recusar”, afirma.

Mas vender modelos não é característica dos colecionadores. Eles não se importam em ganhar dinheiro com o hobby. Pelo contrário. Gastam milhares de reais se a peça for rara o suficiente para merecer o investimento. “Trouxe três malas gigantes com mais de 100 kits dos Estados Unidos em 2011. Fui em uma competição internacional e comprei muito. O preço estava bom lá, mas a Receita Federal não perdoou aqui. Paguei mais de R$ 1.000 em imposto”, conta o advogado Sérgio Gonçalves, 43 anos, de Taubaté.

Outra “loucura” fez o advogado e piloto Laércio Tavares, 51 anos, modelista desde a infância. Ele foi de ônibus ao Paraguai para comprar cinco modelos e um aerógrafo. Mas quem tem literalmente a cabeça nas “nuvens” é o engenheiro Glauco Novaes, 44 anos, de Jacareí, apaixonado por ficção científica. O vilão Darth Vader e a nave de Luke Skywalker estão entre seus modelos preferidos. “Montar é quase uma terapia”, diz.

O Vale