Manifestantes são barrados em Campos de Jordão

Cinco ônibus que levavam moradores do acampamento sem-teto do Pinheirinho, de São José dos Campos, ao Palácio Boa Vista ontem de manhã foram barrados na entrada de Campos do Jordão por agentes da prefeitura. Os manifestantes pretendiam entregar uma carta ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) em que pediam o adiamento da reintegração de posse da área invadida, onde vivem hoje 1.577 famílias.

A prefeitura alegou que nenhum ônibus fretado pode entrar no município em um guia turístico credenciado.
Em meio ao impasse, os sem-teto cerca de 200, ao todo desceram dos veículos e seguiram em passeata até o Mercado Municipal.

De lá, advogados dos sem-teto partiram de táxi até o Palácio Boa Vista, onde foram novamente barrados.
A carta acabou sendo entregue à assessoria do governador. Foi anexado ao documento o ofício do Ministério das

Cidades enviado à Justiça de São José solicitando a suspensão da ordem de reintegração de posse por 120 dias.
“Queremos a ajuda do governador, que é o chefe da segurança do Estado, para que ele impeça essa desocupação”, disse o líder do Pinheirinho, Valdir Martins, o Marrom.

Antes de chegar a Campos, o comboio dos sem-teto do Pinheirinho foi parado na rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro em uma blitz da Polícia Rodoviária Estadual. Todos os ônibus foram revistados e os manifestantes tiveram de descer e apresentar documentos. Um sem-teto chegou a ser detido, sob suspeita de ser foragido da Justiça.

Revoltados, os manifestantes ocuparam a pista, bloqueando o tráfego por aproximadamente cinco minutos na semana passada, os sem-teto já haviam ocupado a via Dutra por duas horas, em protesto contra a ordem de reintegração de posse.

“Eles revistaram todo mundo e não encontraram nada”, disse o reciclador Renato Crispin Ribenique, 42 anos.
O comboio só foi liberado para seguir viagem depois de 40 minutos. A Polícia Militar, que apoiou a revista, informou ter feito apenas uma abordagem de rotina.

Por nota, o major comandante interino do 46° Batalhão da Polícia Militar informou que não há definição de datas para a desocupação. “Em nenhum momento a Polícia Militar comentou qualquer data de eventual reintegração de posse. A PM está realizando o planejamento para dar apoio ao cumprimento do mandado judicial, o qual será cumprido no momento oportuno.”

Nessa semana a polícia realizou duas megaoperações no acampamento. No primeiro dia três foragidos da Justiça foram capturados, além de três armas, seis pés de maconha e munições de vários calibres, inclusive de fuzil. No sábado, dois foragidos foram recapturados e aproximadamente 600 gramas de entorpecente encontrados.

O Vale