Reforço no efetivo da Polícia Civil e reuniões bimestrais de prestação de contas estão entre as prioridades definidas pela Secretaria de Segurança Pública para combater a criminalidade, que foi recorde no Vale do Paraíba no ano passado com 449 pessoas assassinadas.
As medidas foram anunciadas ontem pelo Secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, após reunião com representantes das polícias Civil, Militar e Científica da região realizada na Câmara de São José. O quadro de escrivães e investigadores do Deinter-1 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior) está com uma defasagem em torno de 30%, o que representa cerca de 420 homens de um total de 1.400.
Isto reflete diretamente, por exemplo, nos indicadores de esclarecimento de homicídios dolosos (com intenção de matar). Apenas as delegacias de Cruzeiro e Taubaté, das seis seccionais da região superaram o índice de 50% no ano passado. “É um índice considerado aceitável para a situação atual. Nossa Polícia Civil está envelhecida, com uma média de idade de 48 anos. Precisamos formar pelo menos 3.000 policiais por ano para recomposição de algumas delegacias”, disse o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Blazeck, que acompanhou o secretário na reunião, assim como o comandante geral da PM no Estado, coronel Benedito Roberto Meira.
Concursos para o preenchimento dessas vagas já estão em andamento. O pedido de aumento do efetivo foi reforçado pelo diretor do Deinter-1, João Barbosa Filho. “É necessário pelo menos 30% a mais, mas se recebermos 15%, conseguiremos um equilíbrio entre o bom trabalho e bons resultados”, afirmou Barbosa Filho.
Para o comandante geral da PM, o efetivo da corporação no Vale, formado por 3.359 homens e mulheres, é um dos melhores no Estado. “É um número muito bom e significativo. A região tem um déficit de menos de 49 policiais. Tem policiais suficientes para trabalhar.”
Meira negou que a frota da região esteja sucateada. De acordo com ele, existem no Vale 181 viaturas em operação, o que representa 26% da frota da PM em todo Estado. “Também estamos estudando maneiras para que o efetivo seja aproveitado ao máximo.”
O presidente do sindicato dos delegados de São Paulo, George Melão, critica as ações do Estado. De acordo com ele, a RM Vale cresce cada vez mais e não são apresentados projetos relacionados à Segurança Pública a longo prazo. Para Melão, o número de policiais civis e militares é insuficiente. “Muitos policiais estão se aposentando e os concursos não estão acompanhado. A relação do quadro de policiais civis é de 1994, faltam mais de 6.000 em todo o Estado”, disse.
“O Vale está na rota do tráfico e armas e drogas. Isso acarreta em um serviço de policiamento judiciário mais eficaz. Vemos quadrilhas transitando livremente pela região. É preciso investir em inteligência e evitar a troca de comandos para que os projetos possam dar resultados”, afirmou.
O Vale
Publicado em: 20/02/2013