Engenheiros do ITA criam ‘ginástica para o cérebro’ na cidade

Penso, logo insisto: penso de novo e com atenção redobrada! O cérebro é seu pior inimigo. Deixá-lo acomodado dentro da cabeça, funcionando no piloto automático, é como ter uma Ferrari para atravessar a rua. Puro desperdício. Inteligente, mas preguiçoso, o cérebro precisa ser provocado, instigado e desafiado constantemente. Faça isso e você se surpreenderá com a capacidade dele, que representa só 2% da massa do corpo, mas tem impressionantes 100 bilhões de neurônios ligados por 10 mil conexões sinápticas cada.

Autor do livro “Muito além do nosso eu” (534 páginas, Companhia das Letras), o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, 50 anos, é taxativo ao afirmar: “conhecemos muito pouco do nosso cérebro, mas o suficiente para começar a fazer as perguntas certas”.

E o cérebro, como os humanos pensantes, é ávido por perguntas. Bem o descobriu o engenheiro Antônio Carlos Perpétuo, 52 anos, de São José. Após se formar no ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e abrir uma rede de lojas, ele se lançou ao desafio de ajudar o filho pequeno com dificuldade de concentração. “Tentei psicólogos, psicopedagogos e aumentar a disciplina. Nada resolveu”, lembra.

Pesquisando na internet, Perpétuo achou o ábaco japonês (soroban) e os exercícios que ele propicia para desenvolver o raciocínio, concentração e memória. O filho melhorou na escola e o pai percebeu um negócio surgindo na mente.

Dois anos de estudos, planos de negócio e preparações com psicólogos e psicopedagogos, Perpétuo criou um método para exercitar o cérebro, tal qual se faz com o corpo nas academias. Juntou ábaco, jogos e exercícios lógicos para montar uma sessão de treinamento capaz de fazê-lo se fortalecer feito os músculos de um halterofilista.

“Não exercitar o cérebro é uma péssima ideia”, garante o engenheiro, que largou a rede de lojas e fundou a Supera – Ginástica para o Cérebro em 2005. A piloto foi no Jardim Esplanada, em São José. Hoje com 200 alunos, a primeira unidade gerou outras 92 em sistema de franquia, a partir de 2006, sendo uma delas em Portugal. Perpétuo viu o faturamento saltar de R$ 150 mil para uma estimativa de R$ 12 milhões este ano, quando a rede deve chegar a 120 unidades.

O depoimento de alunos surpreende pelas conquistas que relatam. “O método contextualiza o treinamento do cérebro às situações cotidianas. Aproximamos os exercícios da vida do aluno”, afirma a psicóloga Márcia Andrade, 38 anos, coordenadora pedagógica da rede.

Segundo Márcia, não há contraindicação para a ginástica cerebral, indicada a partir de 4 anos. O curso de 18 meses custa R$ 249 por mês mais R$ 260 de material. “Turbinar o cérebro é vantajoso para qualquer área. Estudantes e profissionais que exercitam seu cérebro têm uma grande vantagem competitiva”, afirma.

O Vale