Em passe de negociação, Bancários cruzam os braços

Cerca de 5.500 bancários podem cruzar os braços a partir de hoje na região em função do impasse nas negociações da campanha salarial da categoria. A greve, que é nacional e por tempo indeterminado, deve atingir até 400 agências no Vale.

Ontem à tarde, em função do aviso de greve, a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) divulgou em seu site uma tabela com os serviços que podem ser feitos pelo correntista em caixas eletrônicos e pela internet, caso não consiga utilizar os caixas tradicionais.

Os bancários reivindicam reajuste de 10,25%, sendo 5% de aumento real, piso de R$ 2.416,38 e PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) de três salários mais R$ 4.961,25 fixos. Já os bancos oferecem reajuste de 6%, piso de R$ 2.014,38 e PLR de no máximo 2,2 salários mais fixo de R$ 1.484.

Os bancários também pedem mais contratações, proteção contra demissões, combate ao assédio moral e mais segurança. Os sindicatos dos bancários que cobrem o Vale do Paraíba informaram que a greve serve para pressionar os bancos a aumentarem a proposta salarial. A Fenaban, entidade que representa os bancos, informou ontem por meio de nota que só iria comentar o assunto hoje.

Segundo a presidente do Sindicato dos Bancários de São José e região, Maria de Lourdes de Oliveira, o ideal era que todos os bancos entrassem em greve, mas que dificilmente todos os bancários aderem ao movimento. “No começo, o movimento não tem 100% de adesão, mas depois os agentes vão percebendo que o movimento está crescendo e aumentam a mobilização.”

Hoje em São José um carro de som percorrerá o centro avisando a deflagração da greve. A base do sindicato de São José engloba 203 agências e 3.116 bancários em 11 cidade. Na base de Taubaté, são 140 agências e 1.600 funcionários em 12 cidades e, na de Guará, mais 60 agências e 822 agentes em 16 municípios.

Correntistas precisam ficar atentos aos serviços que podem ser feitos mesmo com as agências fechadas. Serviços de financiamento, saques, depósitos e transferências devem ser os mais prejudicados. Mesmo com a greve, pagamento de contas e boletos deve ser feito normalmente por outros meios.

Para o comerciante Carlos Eduardo, 36 anos, de São José, a greve vai atrapalhar o dia-a-dia de seu estabelecimento. “Eu uso mais a internet mas, como eu tenho comércio, tem coisas que não dá para fazer pelo computador. Essa greve vai complicar”, disse.

Já a estudante Vanessa Oliveira, 22 anos, disse que a greve vai vir em má hora. Ela está resolvendo assuntos burocráticos do pai que morreu. “A greve vai atrapalhar porque estou resolvendo problemas referentes à pensão, seguro e fundo de garantia do meu pai”, afirmou ela.

Outro que será prejudicado com a greve dos bancos é o professor de xadrez José Maria Soares, 59 anos. Ele precisa dos bancos para retirar o pagamento que recebe das escolas onde leciona.

O Vale