Cidade tem voluntários para Combate contra Drogas

O combate ao crack e ao uso abusivo de outras drogas como maconha e cocaína em São José dos Campos vai ganhar uma rede de proteção formada pela sociedade e representantes. A primeira rede, que será formada na região sul da cidade, vai reunir escolas, serviços da área da saúde, assistência social, polícia e guarda municipal com representantes de igrejas, projetos sociais e sociedades amigos de bairros, para trabalharem na identificação, priorização e resolução dos problemas relacionados à droga. O chefe de Divisão de Vulnerabilidade e coordenador do Programa de Atenção às Drogas, Franklin Maciel, disse que serão reunidos moradores dos bairros Campos dos Alemães, Jardim Colonial, Imperial e adjacências, e representantes das escolas Lourdes Maria, Moabe Cury, Edgard de Melo, Márcia Helena, Terezinha do Menino Jesus e Moacir Souza.

“A prioridade inicial é pactuar entre todos os parceiros envolvidos, acordos comuns de apoio e retaguarda mútua, estabelecendo vínculos não só protocolares, mas efetivos e afetivos entre todos os usuários de drogas de modo a prevenir os problemas antes que não tomem maiores proporções”, disse. Segundo ele, a cidade tem atualmente 4.000 usuários de crack e a intenção é agir sobre os problemas específicos que forem sendo identificados pelos parceiros. “Desta maneira, em vez das ações virem de fora para dentro, elas virão de dentro para fora, de modo a preparar a comunidade e a rede para os problemas práticos encontrados no dia-a-dia. O primeiro resultado imediato deverá ser a humanização das relações.”

Cada rede terá a liberdade de se organizar dentro de suas respectivas atribuições da maneira que todos os envolvidos acordarem como mais adequadas. “As regras e acordos de cooperação serão estabelecidos de forma consensual entre os participantes.” Segundo ele, hoje o VemSer (principal programa de combate às drogas do município) possui equipes que vão até as cracolândias sensibilizar os usuários para aderirem ao tratamento. “A rede irá muito além, pois pretende identificar os problemas em seu início onde os resultados são mais eficientes. Adaptaremos as estratégias de acordo com cada situação”, afirmou. Segundo o coordenador do projeto, os investimentos já existem, o que muitas vezes ocorre é que são mal direcionados. A intenção inicial é potencializar os investimentos tanto humanos como financeiros atuais para que respondam às necessidades mais prioritárias. “E isso só será possível quando todos os parceiros forem chamados não só para “apagarem incêndios”, mas também para identificarem as causas específicas daquela realidade onde vivem.”

Pelo menos 250 professores de seis escolas da zona sul, representantes das polícias, guarda, igrejas e sociedade civil se reunirão na próxima quarta-feira para discutir a primeira rede de proteção de São José dos Campos. O encontro será às 14h no Plenário da Câmara e contará com a participação do professor José Pacheco, da Escola da Ponte-Portugal. “Será o primeiro esforço coletivo para criar um ambiente de paz usando novos métodos de educação que priorizam a autonomia, a interdependência e a escola como ponto de encontro da comunidade”, disse Franklin Maciel. Quem quiser participar do encontro deverá comparecer no local e apresentar qual entidade está representando. A Câmara fica na rua Francisco Murilo Pinto, 33, na Vila Santa Luzia.

Dependentes são retirados da rua

Em um mês, o programa de tratamento dos dependentes químicos da Prefeitura de São José dos Campos já internou 36 viciados em drogas do município. O trabalho começou em7 de junho e, desde então, moradores de rua que são viciados em crack estão sendo encaminhados à comunidade terapêutica Nova Esperança, localizada no Parque Interlagos, zona leste.

O projeto é chefiado pela Secretaria de Desenvolvimento Social, que planeja investir R$ 2 milhões no tratamento de dependentes até o fim deste ano. Internação. O projeto prevê o tratamento e reinserção à sociedade de dependentes químicos que moram na rua em São José.

Segundo Francisco Sawaya de Lima, secretário da SDS, a recuperação do viciado é feita em três partes. As assistentes sociais são responsáveis pela primeira abordagem e por mostrar ao dependente a importância em aceitar o tratamento.

Comunidade. O morador de rua que aceitar, é encaminhado à Comunidade Terapêutica Nova Esperança. Segundo Fabio Cristiano Ferreira, proprietário do local, a pessoa fica na clínica entre seis meses e um ano, e após ser liberada, tem de receber acompanhamento. Bolsa. Após terminar o período de internação, a SDS paga durante dois anos uma bolsa mensal de R$ 517, além de uma cesta básica. O dependente também receberá um curso de dois anos no Sesi ou Senac.

Estrutura. A comunidade que recebe há um mês os dependentes tem estrutura para receber 120 usuários de drogas. Há 60 vagas para pessoas encaminhadas pela prefeitura. A SDS afirma que há 80 moradores de rua dependentes.

L.A, 28 anos, faz tratamento desde o dia 7 de junho. Ele morava na rua, no bairro Monte Castelo há um ano e decidiu aceitar o tratamento por não conseguir abandonar o crack por vontade própria.

PM fez cadastro de usuários do centro

A Polícia Militar realizou entre março e junho um levantamento dos usuários de crack na região central de São José. O levantamento foi entregue à Secretaria de Desenvolvimento Social no início do trabalho e ajudou a nortear as abordagens aos moradores. O trabalho da PM foi realizado devido ao crescimento dos furtos realizados por viciados.