Preço no tomate tem variação de até 100% nos mercados

A pizza de sábado está comprometida. E o vinagrete do churrasco está mais caro que a carne. Ingrediente de quase todas as receitas dos pizzaiolos, o tomate estourou a balança dos consumidores e chegou a R$ 10 o quilo na região. O produto tem sido o vilão da cesta básica desde o final do ano passado, registrando aumentos seguidos.

Pesquisa do Instituto de Economia Agrícola, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, mostra que o preço da caixa de tomate subiu, em média, 291,74% no ano passado. Um recorde. São três as explicações de especialistas para a alta do produto, cujo preço do quilo chegou a custar R$ 1 em 2012 no Vale do Paraíba.

“Oscilações climáticas, diminuição da área de cultivo e aumento da demanda foram os responsáveis pela alta”, disse o economista Luiz Carlos Laureano, do Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais), da Unitau (Universidade de Taubaté). No levantamento mensal que o Nupes faz do preço da cesta básica na região, o valor do tomate registrou aumento de 65,13% em dezembro do ano passado comparado ao mês anterior. Ante dezembro de 2011, a subida foi de 37,30%.

“A oferta regular de tomate vem se caracterizando por seu comportamento típico de gangorra”, disse Laureano. Nos mercados e supermercados, os consumidores reclamam do tomate. Mas poucos admitem que encontraram um substituto à altura.

Mesmo com o quilo oscilando entre R$ 8 e R$ 10, mais caro do que alguns tipos de carne, como costela, eles não deixam de levar o produto. “Está muito caro mesmo. Mas fazer o quê. Eu gosto muito de tomate e não deixo de comprar. É melhor do que comer dinheiro”, disse a aposentada Maria Ferreira, 72 anos, com todo o bom humor.

Acostumado a comprar tomate semanalmente, o carpinteiro Washington Silva, 31 anos, precisou reduzir o consumo até que o preço volte a cair. “Está doendo no bolso”, disse. Para esses consumidores, o comerciante Iranildo Araújo tem uma boa notícia. Segundo ele, o preço do quilo do tomate deve cair nas próximas semanas. “Já consegui comprar o tomate com um valor melhor”, disse ele, que aposta numa queda de até R$ 2 no preço.

Comerciantes buscam alternativas ao tomate vendido no país para evitar o efeito gangorra do preço do produto.
Mexer no cardápio sempre que o tomate sobe de preço é um ‘tiro no pé’, segundo donos de restaurantes. “O cliente sabe o nível de preço do restaurante. Oscilar muito nos valores acaba desestimulando os fregueses”, disse Antônio Ferreira Júnior, proprietário do restaurante Villa Velha, em São José, e presidente do Sinhores (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares) da cidade.

Sócio do Armazém da Pizza, em São José, Marcos Oliveira encontrou uma saída definitiva para evitar as oscilações do preço do tomate. “Decidi importar o produto”, disse ele, que gasta 400 quilos de tomate por mês. “Garanto qualidade e sei que o preço não muda a toda hora.”

O Vale

Publicado em: 05/04/2013