Trabalhadores da GM aderiram a Demissão voluntária

Cento e oitenta e seis trabalhadores aderiram ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) da General Motors, segundo balanço do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. O número é bem inferior aos 550 funcionários que aderiram ao mesmo programa implantado em outubro do ano passado. Ainda assim, o sindicato não teme novos desligamentos.

“Não posso afirmar qual era a meta da empresa, mas a própria GM reconhece que não há mão de obra excedente na planta. O ritmo está intenso, está faltando gente”, disse o presidente do sindicato, Antonio Ferreira Barros, o Macapá.

Ainda de acordo com o sindicato, 93% dos funcionários que aceitaram as condições da empresa para deixar a GM são aposentados, que recebiam salários maiores. O PDV em São José foi implantado no início do mês e encerrado na última sexta-feira com objetivo de ajustar a produção da fábrica à demanda de mercado.

Outra medida tomada pela montadora foi extinguir o segundo turno da linha conhecida como MVA, voltada para a produção dos veículos Meriva, Zafira e Corsa, que estariam, segundo a GM, em baixa no mercado. A ação atingiu mais de 550 trabalhadores, que foram transferidos para outros setores da fábrica, como o recém implantado terceiro turno da picape S10.

“Não há nenhuma justificativa para as demissões que a GM tem feito. As vendas voltaram a crescer no país depois da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)”, disse Macapá. Uma reunião entre sindicato e Prefeitura de São José foi marcada para debater o a situação da GM. A GM não confirmou o número de adesão ao PDV nem forneceu metas para o programa.

O Vale

Programa de Demissão Voluntária durou 35 dias

Um total de 530 pessoas teriam aderido ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) da unidade da General Motors, de São José. A estimativa é do Sindicato dos Metalúrgicos de São José e confirmado pela regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

A maioria dos adeptos é formada por funcionários aposentados ou em processo de aposentadoria. O VALE apurou que os benefícios obtidos pelos trabalhadores que entraram no programa variam de uma bonificação extra de 1 a 5 salários, dependendo do tempo de empresa, além de assistência médica de um ano para aposentados e quatro meses para os demais.

Segundo os sindicalistas, os benefícios estão abaixo dos apresentados em outros PDVs. “Já chegaram a pagar 15 salários extras”, disse o secretário geral do sindicato, Luiz Carlos Prates. Para o diretor do Ciesp de São José, Almir Fernandes, a culpa pelo ‘enxugamento’ no quadro de funcionários da fábrica é a intransigência do sindicato ao negociar o recebimento de novos projetos na planta de São José.

“Não tem o que fazer. A culpa é do sindicato. Outros projetos serão oferecidos à fábrica de São José, e se não houver acordo com o sindicato, a tendência é que a fábrica saia da cidade”, disse Fernandes.O sindicato discorda da avaliação do Ciesp e diz que o PDV foi inoportuno. “Todas as montadoras estão fazendo uma reestruturação”, disse Prates.

A General Motors, por meio de sua assessoria, disse que não comentará o assunto. O Programa de Demissão Voluntária da GM foi anunciado em 19 outubro, pouco mais de um mês após publicação do decreto que aumentou o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos importados, medida que beneficia montadoras instaladas no país.

Em agosto, a GM concedeu férias coletivas para 300 trabalhadores alegando ajustes no setor produtivo da fábrica. A montadora é a segunda maior empregadora do município, onde mantinha, até antes do anúncio do PDV, cerca de 8.900 funcionários. À época, o presidente da GM na América do Sul, Jaime Ardila, disse que o PDV tem por objetivo deixar a empresa mais competitiva.

SAIBA  MAIS

adesão
500 pessoas teriam aderido ao PDV da GM desde 19 de outubro

perfil
Aposentados e funcionários em processo de aposentadoria foram maioria dos adeptos ao programa

investimento
Ciesp teme que fábrica seja fechada na cidade caso novos investimentos sejam oferecidos à planta de São José e rejeitados pelo sindicato

inoportuno
Sindicato diz que não tem culpa das demissões e que considera PDV inoportuno pelo momento da montadora

benefícios
Trabalhadores que aderiram ao PDV teriam recebido bonificação que varia de 1 a 5 salários extra, dependendo do tempo de serviço, além de assistência médica de quatro meses; aposentados garantiram um ano de assistência

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