Mundo conta com menos Padres, segundo pesquisa

O próximo papa terá inúmeros desafios pela frente. O conclave, que começa na próxima terça-feira, tentará encontrar um homem com o perfil necessário para enfrentá-los: liderar a Igreja Católica no conflito entre conservadorismo e modernidade e, principalmente, estancar a sangria de fieis pelo mundo.

Bento 16, papa emérito, defendeu uma Igreja menor e mais coerente com a doutrina. Tem sido assim na Europa e nos Estados Unidos, com o encolhimento dos católicos. Hoje, eles só aumentam no terceiro mundo. Mesmo no Brasil, maior país católico do planeta, os fieis estão em queda frente ao avanço dos evangélicos. Parte desse problema nasce da rapidez com que os evangélicos foram seus quadros.

Enquanto a Igreja não consegue ordenar mais que 900 padres por ano em todo país, só o Ibad (Instituto Bíblico das Assembleias de Deus), em Pinda, forma mais de 200 novos pastores anualmente. São nove anos de estudo para os católicos e dois para os evangélicos. Estes priorizam a prática ministerial enquanto aqueles, o conhecimento.

Os seminaristas católicos fazem três anos de Filosofia, quatro de Teologia e dois de preparação, antes e depois do ensino superior. Os pastores são formados nas igrejas, sem muita burocracia. Quem mostra talento para a comunicação, tem boa dicção e assimila a linha de ação da igreja cresce rápido na instituição.

Para Adilson Mello, mestre em Ciências da Religião e doutor em Ciências Sociais pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, o novo papa terá que enfrentar esse dilema para negociar com a nova realidade. “Tem que ser carismático e de mídia para ter esse diálogo. E até para tentar fazer com que a sociedade comece a ver a Igreja com outros olhos”, afirma Mello, que já cuidou de uma casa de formação em Campinas.

O Vale

Publicado em: 11/03/2013

A História de São José dos Campos – Capítulo I

Era uma vez um rei muito poderoso que morava num castelo de um reino distante. É assim que começam as histórias de fadas e é exatamente assim que começa a nossa narração da história de São José dos Campos. No nosso caso, o rei é Dom Felipe II e o reino distante, Portugal. No dia 10 de setembro de 1611, cento e onze anos depois do descobrimento do Brasil, Felipe assinou a lei que reconhecia a liberdade dos índios, embora admitindo a sua prisão, caso eles promovessem guerras ou praticassem o canibalismo. Uma vez livres, uma grande quantidade de índios, habitantes do Planalto de Piratininga foi para o sertão, no interior da Capitania de São Vicente.

Felipe II de Portugal (e Felipe III da Espanha)

 

Aldeias de São José

Naquele tempo, os padres jesuítas eram proprietários e administravam 11 aldeias em torno da Vila de São Paulo do Piratininga. Entre elas, situada no vale do rio Paraíba do Sul, a leste da Vila de São Paulo, ficava o Aldeamento de São José (no Rio Comprido, a poucos quilômetros do atual centro da cidade de São José dos Campos). Através de acordos feitos com os índios guaianases, os jesuítas conseguiram desenvolver um pouco o aldeamento, mas este apresentava muitas desvantagens devido à sua localização pouco conveniente. Procurando outro local onde pudessem estabelecer o povoado com maiores possibilidades para o comércio e os transportes, em 1643 os padres transferiram-no para o lugar onde, atualmente, é a Praça João Guimarães, no centro da cidade.

 

Gravura de 1624 mostrando a Capitania de São Vicente

 

A partir de 1653, a Aldeia de São José passou a pertencer à Vila de Jacareí, criada naquele ano e desmembrada da Vila de Mogi das Cruzes. A aldeia estava então situada nas fronteiras da Capitania de São Vicente com a Capitania de Itanhaém – que integrava o resto do Vale do Paraíba e ia até Angra dos Reis. O padre jesuíta Manuel de Leão foi o criador e administrador do planejamento urbano da Aldeia de São José.

 

Esvaziamento e progresso

A partir do ano de 1692, todo o Vale do Paraíba sofreu um processo de esvaziamento da população, devido à descoberta de minas de ouro na região das Minas Gerais dos Goitacases. Dezoito anos depois, em 1710, as Capitanias de São Vicente e de Itanhaém passaram a integrar a nova Capitania de São Paulo e Minas do Ouro. Em 1759, os jesuítas foram expulsos do reino de Portugal e das suas colônias pelo Marquês de Pombal. Com isso, alguns brancos agregaram-se aos índios sob a direção de José de Araújo Coimbra, Capitão-Mor da Vila de Jacareí e deram impulso à povoação. A Aldeia de São José progrediu cada dia mais e logo passou a se chamar Vila Nova de São José, em 1767, quando passou à condição de vila.

Índios guaianases do século XVII (gravura da época)

 

O governador-geral da Capitania de São Paulo, D. Luís António de Sousa Botelho Mourão, criou várias vilas para impulsionar a Capitania. Há muitos anos não se criavam vilas ao sul do Rio de Janeiro. Foi assim que, em 27 de Julho de 1767, foi criada a nova vila com o nome de “Vila Nova de São José”, depois Vila de São José do Sul, e, mais tarde, Vila de São José do Paraíba. No mesmo dia, foram eleitos os três primeiros vereadores da nova vila, que eram índios.

O tropeirismo foi uma das ocupações que movimentaram inicialmente a economia da região do Vale do Paraíba.

 

Não perca, na próxima edição, a continuação dos capítulos da História de São José dos Campos Capítulo II