O próximo papa terá inúmeros desafios pela frente. O conclave, que começa na próxima terça-feira, tentará encontrar um homem com o perfil necessário para enfrentá-los: liderar a Igreja Católica no conflito entre conservadorismo e modernidade e, principalmente, estancar a sangria de fieis pelo mundo.
Bento 16, papa emérito, defendeu uma Igreja menor e mais coerente com a doutrina. Tem sido assim na Europa e nos Estados Unidos, com o encolhimento dos católicos. Hoje, eles só aumentam no terceiro mundo. Mesmo no Brasil, maior país católico do planeta, os fieis estão em queda frente ao avanço dos evangélicos. Parte desse problema nasce da rapidez com que os evangélicos foram seus quadros.
Enquanto a Igreja não consegue ordenar mais que 900 padres por ano em todo país, só o Ibad (Instituto Bíblico das Assembleias de Deus), em Pinda, forma mais de 200 novos pastores anualmente. São nove anos de estudo para os católicos e dois para os evangélicos. Estes priorizam a prática ministerial enquanto aqueles, o conhecimento.
Os seminaristas católicos fazem três anos de Filosofia, quatro de Teologia e dois de preparação, antes e depois do ensino superior. Os pastores são formados nas igrejas, sem muita burocracia. Quem mostra talento para a comunicação, tem boa dicção e assimila a linha de ação da igreja cresce rápido na instituição.
Para Adilson Mello, mestre em Ciências da Religião e doutor em Ciências Sociais pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, o novo papa terá que enfrentar esse dilema para negociar com a nova realidade. “Tem que ser carismático e de mídia para ter esse diálogo. E até para tentar fazer com que a sociedade comece a ver a Igreja com outros olhos”, afirma Mello, que já cuidou de uma casa de formação em Campinas.
O Vale
Publicado em: 11/03/2013