Os radares instalados no trecho paulista da via Dutra, a estrada mais movimentada do país, completaram um ano neste mês de janeiro sem entrar em operação definitiva. Em resumo, eles flagram, mas não multam. A instalação dos novos equipamentos começou em setembro de 2011 e foi concluída em janeiro de 2012. O trecho da Dutra que corta o Vale do Paraíba já contava com quatro radares.
O problema havia sido apontado por O VALE em agosto de 2012. Desde esse período, a justificativa da PRF (Polícia Rodoviária Federal), órgão habilitado em multar os motoristas, continua a mesma: problemas no convênio com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
A documentação é exigência para viabilizar a operação dos equipamentos por parte da NovaDutra, concessionária que administra a rodovia federal. O VALE também apurou que houve necessidade de ajustes no software que gera as multas no sistema em Brasília, na central de operações da PRF. Nenhum outro órgão pode gerar as autuações, em razão de ser a Dutra uma rodovia federal sob concessão.
Os radares operam normalmente na rodovia, fazendo imagens em tempo real dos motoristas apressadinhos. Os dados são criptografados e enviados para a PRF, que faz uma triagem das informações. Daí em diante, quando o sistema deveria gerar as multas e encaminhá-las aos condutores, o processo emperra.
Com essa situação, apenas quatro radares fixos estão em operação no trecho paulista em São José dos Campos (dois), Caçapava e Lavrinhas. A previsão do comando da Polícia Rodoviária Federal é que os 11 radares estejam em operação completa até o final da temporada de verão, pelo menos antes do mês de março. Na região, inspetores da PRF minimizaram o problema alegando que os radares já cumprem a sua função.
“A arrecadação de dinheiro não é a primeira preocupação da polícia. Os radares, onde foram instalados, já provocaram uma diminuição no número de acidentes. Eles têm uma importante função educativa e preventiva”, disse o inspetor Waldiwilson dos Santos, da PRF de Taubaté.
No entanto, especialistas em trânsito e acidentes criticaram o atraso na operação completa dos radares. Eles acham que vidas podem ter sido perdidas nesse período sem as multas. Na estrada, motoristas fazem piada com os radares inoperantes. “É bem típico do Brasil. Gasta-se uma grana para colocar os radares e em campanhas na TV e, na hora de funcionar, eles não cumprem o papel”, disse o projetista Ramon Castrillo, 39 anos.
O Vale
Publicado em: 11/01/2013