A Prefeitura de São José estuda um pacote para ajudar na recolocação dos trabalhadores que vierem a ser demitidos da General Motors na cidade. Entre as propostas, o governo municipal avalia oferecer cursos de requalificação em parceria com o Senai (Serviço Nacional da Indústria), orientação para cadastro no PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) e apoio na abertura de um novo negócio.
No setor MVA, no complexo industrial da GM em São José, 759 trabalhadores estão com o contrato de trabalho suspenso desde 27 de agosto do ano passado. O período de lay-off foi estendido para mais dois meses a partir de anteontem. Quem for demitido após esse período, conforme acordo negociado entre a GM e o Sindicato dos Metalúrgicos, receberá mais três salários.
Entre os trabalhadores afastados, 150 estão lesionados e têm estabilidade. Os demais poderão ser demitidos após os dois meses de lay-off. Quem quiser sair agora, receberá cinco meses de salário e mais os direitos trabalhistas.
Em tese, a prefeitura está preocupada com os 609 funcionários da GM em lay-off que estão com o emprego ameaçado. “Acreditamos ainda que eles possam ser recolocados dentro da própria montadora. Mas, ao mesmo tempo, estudamos formas de ajudá-los a voltar ao mercado de trabalho se forem demitidos”, afirmou Paulo Roberto Roitberg, chefe de Gabinete da prefeitura.
A principal proposta em análise, segundo ele, é a de cursos de qualificação em parceria com o Senai diferentes daqueles oferecidos pela prefeitura. A ideia é preparar os trabalhadores para as exigências do mercado. “Podemos até pensar em qualificar para um retorno futuro à GM, com uma preparação específica de acordo com as necessidades da empresa.”
Para o Sindicato dos Metalúrgicos, a demissão dos 609 trabalhadores do MVA não está confirmada, embora seja difícil eles permanecerem na montadora. Diante disso, os sindicalistas estudam propostas para negociar com trabalhadores aposentados ou em via de se aposentar para reduzir o excedente dentro da empresa. A antecipação da aposentadorias é um dos 16 itens do acordo negociado entre a empresa e o sindicato, e que foi aprovado pelos trabalhadores anteontem.
Quem também está de olho nos eventuais demitidos da GM é a montadora chinesa Chery, que está construindo uma fábrica em Jacareí. A empresa confirmou que avalia uma forma de cadastrar os demitidos em um banco de dados que servirá para a contratação de mão de obra para o novo complexo, que só deve ficar pronto no final de 2014.
Para tanto, os chineses pediram ajuda do Ministério do Trabalho na formação desse cadastro com eventuais demitidos da GM. Na planta de Jacareí, que vai custar US$ 400 milhões, a Chery estima contratar 1.200 trabalhadores no início da produção e chegar a 4.000 postos de trabalho na capacidade máxima produtiva, com 150 mil carros por ano.
Para Angela Grou, coordenadora executiva da Assecre (Associação dos Empresários do Chácaras Reunidas), o mercado industrial na região ainda não está recuperado o suficiente para abrigar todos os demitidos da GM. “Acho que eles vão ter dificuldade em conseguir trabalho.”
Conheça a proposta de apoio:
Qualificação
- A Prefeitura de São José vai negociar a oferta de cursos com o Senai da cidade para melhorar a qualificação dos trabalhadores que venham a ser demitidos da General Motors. A meta é preparar o contingente para conseguir recolocação no mercado, mesmo que seja na própria GM em futuras contratações
Cadastro
- Outra proposta do governo é ajudar os trabalhadores a se cadastrarem no PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), que oferece vagas em vários setores da economia regional. Segundo especialistas, um cadastro bem feito e organizado aumenta a chance de recolocação. Os trabalhadores serão orientados a procurar o PAT na cidade.
Novo negócio
- A Sala do Empreendedor e o Banco do Empreendedor Joseense, ambos ligados à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, serão instrumentos oferecidos aos trabalhadores demitidos que quiserem abrir o próprio negócio. Eles receberão informações sobre como abrir e regularizar a empresa e tocar o novo negócio na cidade
Mercado
- A montadora chinesa Chery, que está construindo uma fábrica em Jacareí, está estudando formas de cadastrar os trabalhadores que vierem a ser demitidos da GM para um eventual aproveitamento na planta em construção. A empresa não informou quando e nem como fará esse cadastro. A fábrica deve estar pronta até o final de 2014
O Vale
Publicado em: 30/01/2013