Prefeitura da cidade tira famílias que moram em área de risco

Desde o começo do ano, a Prefeitura de São José dos Campos já transferiu 144 famílias de áreas consideradas de risco para o Conjunto Habitacional do Parque Interlagos, na zona sul da cidade. No último sábado, 27 famílias foram retiradas de sete bairros da zona norte. A ação faz parte do plano habitacional da prefeitura para transferir moradores de lugares irregulares (áreas de preservação ambiental ou de risco).

O governo Eduardo Cury (PSDB) intensificou a operação no final do ano passado, após concluir a entrega do conjunto. Desde 2011, 319 famílias saíram de áreas irregulares e mudaram-se para o Interlagos.  Se forem considerados os últimos três anos e meio, 1.300 famílias foram transferidas para outras áreas.

A operação continuou ontem pela manhã. Ao menos uma casa na Chácara Havaí, na zona norte, foi demolida.  O procedimento tem gerado apreensão nos moradores vizinhos. “O trator veio aqui e destruiu a casa do meu vizinho, mas a minha parede quase foi derrubada junto. Estou com medo de que ela possa cair”, afirmou Dulcineia Aparecida da Silva, 51 anos, moradora do Chácara Havaí.

Ela disse que só aceitará ser transferida se for paga uma indenização. As reclamações têm sido uma constante no projeto de retirada das famílias. A dona de casa Joseane Rodrigues, 34 anos, que também mora no bairro, queixou-se do entulho deixado após as demolições.

“Demoliram a casa e agora está cheio de ferro e concreto jogado. Não tem segurança. Uma criança pode acabar se machucando.” Moradores que preferiram não se identificar contam que sofreram ameaças ao serem notificados de que precisariam deixar suas casas.

“Eles prefeitura dizem que se eu não assinar a notificação vão vir aqui em casa, colocar todas minhas coisas na rua e demolir minha casa.” O vereador governista Miranda Ueb (PPS), que tem na zona norte seu principal reduto eleitoral, também reclamou do procedimento. “Concordo apenas com aqueles que aceitam mudar. Os que não concordam, eu não acho certo sair. Muitos não moram em área de risco e mesmo assim precisam sair.”

O Vale