A Embraer e a Boeing lançaram hoje, em parceria com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), um plano de ação para desenvolver a indústria do biocombustível para a aviação no país, o bioQAV.
“O Brasil tem uma grande vantagem competitiva para desenvolver essa indústria, com toda a experiência do Pro Álcool e do biodiesel”, afirmou a presidente da Boeing no Brasil, Donna Hrinack. O país já tem algumas linhas de pesquisa para o desenvolvimento do biocombustível, tendo como matéria-prima a cana-de-açúcar, a soja, o eucalipto ou o pinhão manso. A grande questão é criar escala para que esses produtos cheguem na bomba de abastecimento dos aeroportos a um preço competitivo com o QAV (querosene de aviação).
O presidente da Fapesp, Celso Lafer, afirmou que a entidade do governo paulista está aberta a receber propostas de financiamento por parte do setor privado e universidades para o desenvolvimento de pesquisas na área. As companhias aéreas do mundo todo estão sendo pressionadas a reduzir as emissões de CO2. A meta é reduzir pela metade as emissões em 2050, tendo como base de comparação as emissões realizadas em 2005. Já há algumas refinarias certificadas para vender o bioQAV, mas os custos são de três a 10 vezes mais do que o combustível de petróleo.
“Como fabricantes, estamos concentrando esforços para fazer aviões mais eficientes. Mas a única forma de atingir a meta é com o combustível alternativo”, afirmou o vice-presidente executivo de engenharia e tecnologia da Embraer, Mauro Kern. Para o especialista em aviação Adalberto Febeliano, falta uma política governamental para o fomento do setor. “A companhia aérea já está pressionada pelos custos do combustível e ela só vai trocar pela alternativa verde se o custo for o mesmo ou mais barato”, diz Febeliano. “Mas o petróleo um dia vai acabar e não podemos ser pegos de surpresa, precisamos começar a viabilizar essa indústria hoje.”
Para ele, o Brasil tem todas as condições agrícolas para produzir muito bioQAV. “Mas é preciso coordenar esforços e dar uma diretriz. Sem isso a gente não avança.” Um dos pleitos do setor seria a redução de impostos sobre o bioQAV.