Qual o impacto econômico que será gerado na região caso 1.606 trabalhadores da General Motors sejam demitidos? A resposta divide opiniões. De um lado, empresários e comerciantes. De outro, os metalúrgicos. O Sindicato dos Metalúr- gicos de São José afirma que caso ocorram as demissões na GM, outros 12 mil postos de trabalho serão fechados indiretamente.
O cálculo foi feito baseado no Modelo de Geração de Empregos do BNDES. Segundo o estudo, para cada emprego perdido no setor automotivo, sete deixam de existir indiretamente. “Será um grande desastre para a região caso as demissões ocorram. As indústrias não tem como absorver toda essa mão de obra. Muita gente vai perder o emprego junto”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José, Antonio Ferreira de Barros, o ‘Macapá’.
O presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial) de São José dos Campos, Felipe Cury, disse que o impacto econômico não será perceptível. “O que está para acontecer, não vai refletir no comércio. A cidade tem capacidade para absorver todos e o próximo ano é muito próspero”, afirmou.
O diretor regional da Fiesp (Federação das Industrias do Estado de São Paulo) de São José, Almir Fernandes, compartilha da opinião. “O impacto na economia é muito pouco. Não acredito que possa alterar algo”, afirmou Fernandes.
Os empresários citaram a remuneração extra como fator para manter a economia aquecida citados os abonos, PDV (Programa de Demissão Voluntária) e PLR (participação nos lucros e resultados). O economista Luiz Carlos Laureano da Rosa disse que o impacto econômico não será tão expressivo como foi no começo da década passada.
Ele lembra que quando a Embraer demitiu em massa na década de 1990, muitas indústrias e comércios fecharam. Mas que em 2009, quando a fabricante de aviões demitiu cerca de 4.000 de funcionários a cidade respondeu de maneira positiva.
“A demissão não tem nada de positivo. Impacto tem, mas caso ocorra na GM, não será perceptível. O comércio e prestadores de serviços não vão precisar fechar as portas”, afirmou Laureano. Outro economista, Roberto Koga, alerta para os rumores das demissões. “A expectativa de uma demissão em massa gera uma retração antecipada na cadeia produtiva. Os trabalhadores freiam o consumo.”
O impasse começou em julho quando a montadora deixou de produzir três veículos e, com isso, definiu que precisaria demitir 1.840 trabalhadores. Desse total, 234 já foram demitidos por meio do PDV. Resta achar um destino para os 1.606 restantes. Na última quinta-feira, sindicato e GM fecharam um acordo que estende o prazo para a demissão dos ‘excedentes’ e da desativação da linha de produção MVA. O prazo passou de 30 de novembro para 26 de janeiro.
O Vale
Publicado em: 15/10/2012